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Sustentabilidade

O que é ESG e por que ele é importante na estratégia de investimentos

Saiba como identificar ações de empresas com boas práticas de sustentabilidade, impacto social e governança corporativa

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

07/03/2024 às 11:28

Por Luana Pavani, do Broadcast

Buscar lucro nos investimentos é importante, mas não basta. As prioridades dos investidores estão mudando e nos últimos tem ganhado força o conceito ESG. A sigla, do inglês "Environment, Social, Governance", representa as boas práticas das empresas em relação a sustentabilidade, impacto social e governança corporativa. E o que isso tem a ver com sua vida financeira? Se você se preocupa no cotidiano com responsabilidade social e cuidados com o meio ambiente, já pode montar uma estratégia de investimento alinhada com esses valores.

O que é ESG?

ESG são letrinhas que vêm ganhando cada vez mais importância na agenda corporativa. Em poucas palavras, essa sigla representa o compromisso das empresas com boas práticas ambientais (E, de “environment”, em inglês), sociais (S, de “social” em inglês) e de governança (G, de “governance” em inglês). Em português, também é possível encontrar a sigla ASG, de “ambiental, social e governança”.

A origem do termo data de 2004, em uma publicação do Pacto Global da Organização das Nações Unidas em parceria com o Banco Mundial, intitulado “Who cares wins” (algo como “quem se importa, vence”), que relatava o primeiro encontro entre grandes instituições financeiras para criar uma plataforma capaz de conectar empresas, órgãos públicos e profissionais de investimentos em torno da agenda ESG. Ou seja, desde o início, a agenda ESG está relacionada com o mercado financeiro.

Por que o ESG é importante na hora de investir?

Se você se preocupa pra onde vai o seu lixo e de onde vêm os produtos que compra, também deve pensar o que é feito com o dinheiro que está investindo, para além do retorno financeiro que vai ter. E é possível, sim, aliar as duas coisas. Entenda por quê.

Sustentabilidade: bom pra você, para o planeta e para o seu bolso

A cultura da sustentabilidade é fundamental para que as empresas sejam capazes de enfrentar as mudanças de comportamento e gerar valor para os públicos de relacionamento. Os clientes, em especial as novas gerações, buscam se relacionar com empresas sustentáveis ou orientadas por propósitos. Além disso, o nível de adequação às práticas ESG interfere diretamente no desempenho, na confiança do mercado e na reputação das corporações.

Um estudo da Consultoria Refinitiv apontou que das empresas listadas dentre as 500 maiores pela Standards & Poors, as empresas com bom desempenho em temas ESG tiveram perdas menores durante a pandemia de COVID-19 em cerca de um terço, quando comparadas àquelas com piores desempenhos em indicadores ambientais, sociais e de governança.

O relatório “Better Business, Better World” da Comissão de Desenvolvimento Empresarial e Sustentável (BSDC, na sigla em inglês), também aponta que os negócios sustentáveis têm o potencial de gerar oportunidades econômicas de aproximadamente 12 trilhões de dólares e até 380 milhões de empregos por ano até 2030. O relatório destaca, inclusive, que novos mercados surgirão principalmente em quatro áreas: energia, cidades, agricultura e saúde e bem-estar.

É tendência, é realidade

Empresas listadas em índices de sustentabilidade recebem mais atenção dos analistas financeiros e apresentam aumento na porcentagem de ações detidas por investidores de longo prazo (também conhecida como estratégia buy and hold).

Uma pesquisa da consultoria PWC com 227 investidores profissionais e analistas de mercado em mais de 40 países mostra que sustentabilidade e governança estão entre as cinco principais prioridades para a estratégia de investimentos. No Brasil, os investidores entrevistados dizem que a prioridade máxima dos negócios deve ser inovação, seguida por lucratividade e logo vem um dos pilares ESG, que é a governança corporativa eficaz, em terceiro lugar. E em quinto, está o compromisso das empresas com a redução das emissões de gases de efeito estufa. Ainda em torno da letra E, de "Environment" (meio ambiente), o estudo da PWC trouxe que 74% dos investidores dizem que o gerenciamento de riscos regulatórios é um fator importante para incluir a sustentabilidade em suas decisões de investimento, mas o principal é a demanda dos clientes de que seus portfólios tenham um enfoque ESG (83%).

Se os investidores profissionais estão com ESG no top 5 de suas prioridades, isso é um bom sinal. Eles, como agentes de mercado, têm condições de participar de reuniões com os executivos das empresas e gestores de projetos nos quais investem, para cobrar atitudes e informações sobre a prática dos pilares da boa governança corporativa, impacto social e sustentabilidade.

Você também pode participar de assembleias, como acionista ou cotista de um fundo ESG. Para isso fique atento.

Quais são os pilares das práticas de ESG?

Como já falamos aqui, o tripé dos investimentos sustentáveis é formado pelos temas em inglês: Environment (meio ambiente), Social (mais usado em português como “impacto social”) e Governance (governança corporativa). Embora a sigla tenha sido cunhada há quase vinte anos, a prática ESG ganhou força quando grandes gestoras de investimentos passaram a exigir das empresas em que aportavam recursos que demonstrassem seu compromisso com a sustentabilidade. O movimento mais forte do mercado se deu após a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo e parceira do Banco do Brasil, pedir aos CEOs globais que agissem com “senso de propósito” em relação aos problemas climáticos, diversidade no quadro executivo e respostas à sociedade sobre seus planos de longo prazo.

"(...) A capacidade de uma empresa de gerenciar questões ambientais, sociais e de governança demonstra a liderança e a boa governança que são essenciais para o crescimento sustentável, e é por isso que estamos cada vez mais integrando essas questões em nosso processo de investimento", escreveu o presidente da BlackRock, Larry Fink, na carta aos CEOs de janeiro de 2018. Desde então, ficou clara a mensagem de que as empresas devem atentar para a agenda ESG, sob pena de perderem atratividade no mercado financeiro.

  • No pilar ‘E’ estão medidas de combate ao desmatamento, projetos de reflorestamento, aderência a protocolos mundiais de redução de emissão de gases poluentes, diminuição da pegada de carbono nos processos produtivos, incentivo a reciclagem e logística reversa para reaproveitamento de materiais. Muitas dessas iniciativas são descritas nos relatórios de sustentabilidade que as empresas apresentam aos acionistas.

  • No pilar ‘S’, empresas têm de apresentar ao mercado a composição de seu conselho de administração e diretoria quanto a aspectos de diversidade e equidade, bem como desenvolver projetos para aumentar a representatividade de subgrupos. Também faz parte desse pilar atividades que gerem impacto social ou adesão a pactos e selos corporativos nas causas socioambientais.

  • No pilar ‘G’ está a governança corporativa, tema já mais difundido no meio empresarial, com uma série de regulações e leis em vigor para transparência e responsabilidade dos gestores. A vigilância dos investidores a questões de ordem ética e reputação das empresas ganhou um novo contorno no universo ESG com o “greenwashing”, ou seja, a fiscalização da sociedade sobre se, de fato, as empresas estão cumprindo o manual de boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Infrográfico sobre práticas ESG

Entenda os pilares do ESG

As empresas têm selo ESG?

Não existe atualmente uma autoridade global sobre ESG que emita um selo específico. Então o que as empresas costumam fazer é combinar certificações pertinentes aos três pilares e emitir relatórios sobre esses temas. Assim, uma vez escolhido o portfólio de fundos ou de ações de empresas consideradas aderentes às práticas ESG, é preciso acompanhar como os assuntos de impacto social, sustentabilidade e governança são tratados pelos seus gestores.

Empresas ESG no Brasil

Ao longo dos anos, foram surgindo vários rankings divulgados na imprensa sobre as melhores empresas ESG com atuação no Brasil. Além desses levantamentos, há premiações específicas de cada pilar, com as companhias que mais se destacam em suas atuações quanto a sustentabilidade, impacto social e governança corporativa. Assim, se você quiser saber quais são as campeãs de ESG no Brasil, encontra farto material para pesquisar.

Do ponto de vista do investidor, um primeiro crivo é feito pela própria B3, que oferece cerca de dez índices de ações relativos a ESG. Assim, basta conferir se a empresa de seu interesse faz parte da composição de alguma dessas carteiras, clicando aqui.

Outra opção é o Índice S&P/B3 Brasil ESG, lançado em agosto de 2020, que procura medir a performance de títulos que cumprem critérios de sustentabilidade. O Banco do Brasil, inclusive, é um dos dez primeiros componentes desse índice por ponderação.

Para o cliente BB Investimentos, as ações recomendadas de ESG são atualizadas mensalmente pelos analistas e ficam disponíveis aqui no InvesTalk.

Como verificar se as empresas estão falando a verdade sobre ESG?

Uma pesquisa da PWC identificou que os investidores querem ler os relatórios ESG das companhias e saber quem são os responsáveis pela tarefa de gerenciar as métricas de responsabilidade social, ambiental e de governança corporativa. Os investidores, inclusive, sugerem que os executivos tenham metas e bônus, como forma de incentivo para os compromissos ESG.

"Os investidores enviaram uma mensagem clara em nossa pesquisa: se as empresas tomarem as medidas certas em relação ao ESG, eles apoiarão. Mas os investidores querem fazer parte desse processo, por mais turbulento que seja. Isso significa ser franco sobre as perspectivas de criação de valor a longo prazo e sobre o modo como a empresa gerencia os riscos, incluindo os inesperados", descreveu a PWC no relatório sobre as prioridades globais dos investidores referente ao ano de 2021.

Uma das formas que as empresas se utilizam para atestar a franqueza de suas informações em torno da agenda ESG é por meio da chamada asseguração. Essa ferramenta é semelhante a uma auditoria, na qual a empresa contrata uma empresa externa para averiguar a qualidade e a veracidade de determinados dados divulgados. A partir de 2025, todas as companhias brasileiras de capital aberto precisarão assegurar os dados de seus relatórios ESG, segundo resolução recente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A falta de franqueza na divulgação de ações ESG por parte das empresas é conhecida como greenwashing. Basicamente, significa promover discursos em torno da agenda ESG sem realizá-las na prática. Casos de greenwashing costumam aparecer na mídia, por isso vale ficar bem informado sobre as empresas em que você decidiu investir.

Como medir o ESG?

Diversas entidades pelo mundo possuem métricas que ajudam investidores e a sociedade civil em geral a quantificarem a efetividade de ações ESG. Uma dessas métricas é a "Força-tarefa para divulgações financeiras relacionadas às mudanças climáticas", conhecida pela sigla em inglês TFND, cuja estrutura final foi apresentada na Semana do Clima de Nova York, em setembro de 2023.

A TFND tem como objetivo possibilitar aos atores econômicos medir e divulgar com precisão seus impactos na natureza. Para saber mais, acesse aqui

Como investir em ESG?

Quem se importa com meio ambiente, diversidade e inclusão e ética empresarial tem muitas opções a escolher no universo ESG. Ainda bem! E a perspectiva é ter cada vez mais, conforme aumenta a adesão das empresas a protocolos importantes como o Pacto Global da ONU em paralelo com o desenvolvimento do mercado de carbono. Para montar uma carteira de ações ESG, o BB Investimento oferece sugestões de empresas sustentáveis, atualizada mensalmente, na editoria Sustentabilidade.

Tanto a B3, que administra a bolsa de valores brasileira, quanto a Anbima, associação que reúne gestores de fundos de investimento entre outros agentes que atuam no mercado de capitais, podem te ajudar. No caso da Bolsa, ela agrupou empresas em índices focados em sustentabilidade e governança corporativa, como o IGC-NM (Índice de Governança Corporativa do Novo Mercado), o ICO2, de empresas com baixo impacto de carbono, e o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), o qual recentemente teve sua metodologia revista seguindo preceitos ESG.** Desse modo, você pode conferir na lista das empresas que compõem o índice se a que você está interessado em investir tem bons resultados ESG.** Estes índices são também usados na criação de produtos por gestores de fundos e de ETFs (fundos que tem como referência um índice de ações).

Por sua vez, no site da Anbima você pode conferir alguns fundos ESG e os fundos sustentáveis, que levam o sufixo IS, marcando o que têm objetivo/mandato de investimento 100% sustentável.

Além disso, corretoras e bancos de investimento facilitam a seleção de ativos para seus clientes, oferecendo carteiras de ações ou fundos ESG. O Banco do Brasil, por exemplo, oferece uma Carteira ESG chamada Seleção BB ESG, que você pode conferir aqui.

Agora, se prefere investir via fundos de investimentos, o BB também tem algumas opções disponíveis, como o BB Multimercado Carbono, o BB Ações Equidade e o BB Multimercado ASG. Este último, inclusive, repassa recursos para a Fundação Banco do Brasil reinvestir em projetos sociais e ambientais. Conheça todos os fundos aqui.

Aqui no Investalk você também vai aprender sobre finanças verdes e como são divididos os fundos no mercado de títulos ESG. Se já ouviu falar que empresas fazem emissão de dívida do tipo “green bond”, para financiar projetos de propósito socioambiental, saiba que também existem na prateleira outros títulos temáticos, focados nos aspectos sociais, de sustentabilidade ou vinculados (Sustainability-Linked Bonds), com o objetivo de atingir metas ESG.

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