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Sustentabilidade

O que é asseguração de dados ESG e por que empresas brasileiras precisam ‘correr’ em busca dela

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura8 minutos

Atualizado em

15/12/2023 às 17:36

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

Quando falamos em ESG, a sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, uma das primeiras questões que surgem é a questão da validade e da veracidade das informações divulgadas pelas empresas. Afinal, como identificar se os dados que uma companhia divulga sobre suas atividades voltadas para a agenda ESG são realmente efetivos e confiáveis?

Uma das formas de fazer essa análise é por meio da chamada asseguração das divulgações por auditorias independentes. Essa, porém, ainda é uma prática incipiente no Brasil.

Segundo a pesquisa "Índice de Maturidade de Asseguração em ESG 2023", obtida com exclusividade pelo Broadcast e realizada entre abril e junho deste ano pela KPMG com líderes de seis setores, apenas 13% dos líderes das empresas brasileiras possuem políticas, habilidades e sistemas que capacitem a asseguração das suas divulgações de ESG, contra 25% dos entrevistados globais.

Além disso, apenas 23% dos líderes do Brasil afirmaram que suas companhias possuem "políticas e procedimentos robustos para apoiar o desenvolvimento das divulgações ESG", contra 27% de entrevistados no resto do mundo.

E tudo indica que as companhias brasileiras vão precisar correr para se adaptar às regras de asseguração. Afinal, a resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prevê que, a partir de 2025, as companhias de capital aberto façam a asseguração das suas informações sobre sustentabilidade.

O que é asseguração de dados ESG?

A asseguração tem uma conotação parecida com o conceito de auditoria: uma empresa independente faz uma avaliação completa das informações divulgadas por uma empresa, a fim de atestar sua validade. A diferença é que a auditoria foca em dados financeiros, enquanto a asseguração serve para informações não financeiras e não históricas. Ambas possuem normas próprias, atestadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Como uma empresa assegura suas informações ESG?

Para realizar a asseguração, é preciso contratar uma auditoria independente, que poderá realizá-la em duas modalidades: asseguração limitada, que olha para um número limitado de variáveis dentro dos dados divulgados pela empresa, ou asseguração razoável, que olha para mais detalhes técnicos.

Por exemplo, imagine que uma companhia divulgou em seu relatório de sustentabilidade que capturou 1000 toneladas de gás carbônico da atmosfera em determinado ano.

Numa asseguração razoável, o auditor faria entrevistas com os profissionais envolvidos no processo de divulgar aquela informação, entenderia todos os mecanismos de controle, faria testes detalhados, etc. Na asseguração limitada, não há a necessidade de fazer testes substanciais em relação aos números, e também há a possibilidade de o auditor se utilizar do seu "julgamento profissional" para avaliar os dados, segundo Sebastian Soares, sócio-líder de asseguração da KPMG no Brasil.

  • Segundo a resolução 193 da CVM, já citada anteriormente, as empresas brasileiras terão de divulgar a asseguração limitada dos seus dados de sustentabilidade já em 2025. A partir de 2026, deverá ser feita a asseguração razoável, ou seja, a mais completa.

Confira: CVM lança resolução que obriga publicação de relatórios sustentáveis a partir de 2026

Como identificar empresas com boas práticas de ESG?

Apesar de a norma prever a obrigatoriedade a partir de 2025, algumas companhias já realizam a asseguração dos seus dados de sustentabilidade de forma voluntária. Segundo Sebastian Soares, da KPMG, as empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade saem na frente das outras.

"As empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade já têm uma série de dados divulgados publicamente. Se a empresa tem esse relatório, é um caminho interessante", afirma.

Segundo ele, outra forma de identificar empresas com boas práticas em torno da agenda ESG é verificar se elas participam de programas como o Carbon Disclosure Program (CDP), uma entidade independente que busca incentivar ações de desenvolvimento sustentável por companhias.

Também é possível pesquisar se a organização faz um inventário de emissão de gases, que atestem números e ajudem a blindar o investidor do famoso e temido "greenwashing", que é uma forma de fazer uma "maquiagem" nos dados para se passar por uma entidade sustentável.

Empresas que fazem parte do índice de sustentabilidade empresarial da B3 (ISE) também são mais propensas a terem boas práticas, segundo Soares.

  • Confira aqui a atual composição do índice.

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