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Dia de Copom: confira as etapas da decisão do Banco Central sobre a taxa Selic

Saiba o que acontece antes, durante e depois da reunião que define a taxa básica de juros

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura8 minutos

Atualizado em

12/12/2023 às 17:41

Por Luana Pavani

O dia de definição da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, está marcado no calendário dos economistas em letras garrafais: reunião do Copom. É nessa data que o Comitê de Política Monetária do Banco Central vai definir o porcentual da taxa Selic, o que baliza todas as decisões de investimento dali em diante. Como explica o Banco Central, o objetivo é o cumprimento da meta para a inflação. Assim, a taxa será mantida, reduzida ou elevada conforme a necessidade de colocar mais próximo da meta o indicador de preços oficial.

Veja a seguir qual o rito de decisão do Copom sobre a Selic.

O que é o Copom?

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Banco Central que define, a cada cerca de 45 dias (oito vezes por ano) a taxa básica de juros da economia, a meta Selic. Trata-se da taxa que influencia todas as demais taxas de juros do País, como as aplicadas a linhas de crédito e financiamento, além do rendimento de aplicações financeiras.

Uma vez definida a taxa Selic, o Banco Central atua diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que dá nome à taxa de juros básica, por meio de operações de compra e venda de títulos públicos federais, emitidos pelo Tesouro Nacional, para manter os juros próximos ao valor definido na reunião, chamado de Selic meta.

Traduzindo: ao comprar e vender títulos em leilões públicos diários, o BC dita a taxa de juros "aceita" e regula a quantidade de moeda na economia. Afinal, quando vende papéis, recebe um pagamento em dinheiro dos bancos que compram esses títulos, o que significa menos recursos disponíveis para empréstimos. É uma forma de garantir que os juros sigam perto do que foi determinado em sua reunião e de controlar a liquidez da economia, uma vez que mais ou menos dinheiro em circulação interfere diretamente na demanda e, portanto, na inflação.

Pra entender a Selic: Taxa Selic: o que é e como ela afeta a sua vida e seus investimentos

O que o Copom faz?

A taxa de juros é usada como um instrumento para calibrar a inflação, que é a medida geral de preços da economia. Como o Brasil adota um regime de metas de inflação, o Banco Central aumenta ou reduz a taxa Selic para cumprir esse compromisso. "O Copom toma suas decisões a cada reunião, conforme as expectativas de inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica. O BC define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação", diz o site do BC.

Se a inflação está alta, o órgão regulador procura desaquecer a economia com o aumento de juros, limitando a quantidade de dinheiro em circulação, já que o crédito fica mais caro, ao mesmo tempo em que desestimula o consumo, esfriando a demanda. Já na situação mais equilibrada, em torno da meta predeterminada de inflação, o Copom pode simplesmente manter a taxa Selic. Porém, se a perspectiva é de queda dos preços, com menor demanda, então a decisão pode ser baixar a Selic na tentativa de estimular o crédito e o consumo, para então trazer os preços de volta à meta.

A definição da meta de inflação (atualmente em 3%), por sua vez, é dada em outra esfera, na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), apelidado no mercado financeiro de "cemenê", um debate que envolve três participantes: o Banco Central, o Ministério da Fazenda e o do Planejamento. Já o indicador de inflação oficial é medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Leia também: O que é meta de inflação e quais os principais índices de preços no Brasil

Quem participa da reunião do Copom?

O comitê é formado pelo presidente do Banco Central e por diretores das áreas de Política Monetária; Política Econômica; Regulação; Fiscalização; Administração; Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; e Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Antes da reunião do Copom, os economistas-chefes de instituições financeiras podem enviar suas projeções sobre os indicadores macroeconômicos para ajudar a subsidiar a decisão do Banco Central para a definição da taxa Selic. Os participantes respondem ao Questionário Pré-Copom (QPC), no qual compartilham com o Copom suas apostas e analisam a condução da política monetária.

Quando acontece a reunião do Copom?

O calendário das oito reuniões do ano é divulgado até o meio do ano anterior. Nas datas de Copom, a reunião tem duração de dois dias seguidos. Veja o calendário aqui.

A Reunião do Copom dura dois dias, normalmente realizadas às terças e quarta-feiras. A primeira sessão, que ocorre na terça-feira e na manhã de quarta, é sobre economia brasileira e mundial. A segunda sessão, na tarde quarta-feira, versa sobre as perspectivas de inflação. Todos os membros do Copom presentes na reunião votam e seus votos são divulgados. Por volta das 18h30 é divulgada a decisão final sobre a taxa Selic.

O que acontece depois da Reunião do Copom?

Há um período de silêncio, em que os diretores do BC permanecem sem poder falar sobre a decisão até a terça-feira posterior à reunião, quando então será divulgada a ata da reunião, às 8h. Essa ata é muito aguardada pelos agentes do mercado financeiro, para traçar suas projeções futuras e também comparar suas análises com a dos pares. É nesse documento que o BC detalha, ponto a ponto, a decisão tomada na semana anterior, bem como o comunicado - mais curto - sobre o que foi definido no encontro.

Essas expectativas dos agentes, a partir do documento e dos números da economia, vão guiar a precificação dos ativos. Ao analisar a taxa Selic e a conjuntura macroeconômica no horizonte de curto e longo prazo, os investidores farão suas decisões de alocação.

Via de regra, as opções de investimento em renda fixa ganham mais quando a taxa Selic sobe, já que melhora a remuneração dos títulos federais e dos fundos de investimento atrelados ao CDI (taxa que busca a Selic como referência). Por outro lado, a renda variável, que embute maior risco, fica menos atraente diante da trajetória de alta da Selic que encarece o crédito e desacelera a atividade econômica, afetando o retorno das empresas. E o inverso também vale, com investidores buscando mais risco quando a taxa Selic é baixa, o que tende a favorecer os negócios na bolsa e de fundos multimercado ou de ações.

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