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O que é taxa Selic e por que juros altos tornam renda fixa mais atrativa que a bolsa?

Entenda como a taxa de juros afeta os investimentos e qual a diferença entre renda fixa e renda variável

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

18/09/2023 às 20:22

Por: Gustavo Boldrini, do Broadcast

A diferença entre renda fixa e renda variável costuma ser assunto das primeiras aulas dos cursos de investimentos e é fundamental para quem está buscando melhorar suas finanças pessoais. Todos os dias, no entanto, relatórios de bancos e corretoras, além de matérias veiculadas na imprensa, relacionam uma coisa com a outra. Mas, afinal, o que os juros têm a ver com as ações na hora de se pensar em investir?

A taxa básica de juros brasileira, a Selic, vem da sigla para "Sistema Especial de Liquidação e de Custódia". Essa taxa, que é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) em reuniões que acontecem a cada 45 dias, serve como base para linhas de crédito, como em operações de empréstimos e financiamentos, e é um dos principais instrumentos da política monetária para controlar a inflação do país.

Taxa de juros é usada para controlar inflação

Um dos princípios básicos da política monetária está no uso da taxa básica de juros da economia de um país para conter ou incentivar a atividade econômica. Funciona assim: em momentos nos quais há a perspectiva de aumento dos preços gerais de produtos e serviços, a taxa Selic é elevada, aumentando o custo do dinheiro e reduzindo a quantidade de moeda em circulação. Quando há perspectiva de inflação controlada, a taxa Selic é reduzida com o objetivo de reaquecer a economia, estimular o consumo e investimentos produtivos, tornando o dinheiro "mais barato" e aumentando a circulação da moeda.

Quando há um movimento de aumento da taxa Selic, como o vivido pelo Brasil nos últimos dois anos, a atratividade da renda fixa aumenta, já que os fundos desse tipo acompanham os juros e pagam também um valor alto em remuneração ao investidor, com baixo risco. Isso porque, em última análise, os títulos públicos pagam a taxa básica de juros e são considerados o ativo de menor risco da economia. É muito menos provável um governo quebrar do que uma empresa.

Por outro lado, investimentos na renda variável, que são mais sensíveis ao resultado financeiro das empresas, acabam se tornando menos atrativos quando a Selic está alta. Afinal, o investidor pode preferir comprar um título com uma remuneração garantida, baseada na Selic, do que se arriscar no mercado de ações.

Ao mesmo tempo, uma taxa de juros maior tem dois efeitos sobre as companhias. O primeiro foi explicado logo acima. Se os juros visam a desaquecer a economia para controlar a inflação, isso significa reduzir o consumo. "Juros altos também afetam o Produto Interno Bruto (PIB) do país e o crescimento econômico, que por sua vez afetam o crescimento de empresas que operam na economia real e, consequentemente, o retorno aos acionistas", afirma Joelson Sampaio, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).

Ao mesmo tempo, toda empresa tem algum tipo de dívida. E o juro alto eleva o custo da dívida das empresas listadas em bolsa, por exemplo, o que também diminui a lucratividade destas companhias.

Nesse cenário, torna-se fundamental a gestão de riscos financeiros por parte do investidor, uma vez que algumas ações e títulos de renda variável ainda podem apresentar oportunidades de ganhos superiores aos da renda fixa. A regra de ouro em finanças pessoais é nunca colocar todos os ovos na mesma cesta - portanto, variar as aplicações.

Quais são os principais títulos de renda fixa?

Para quem investe, a taxa Selic regula o rendimento dos principais títulos de renda fixa, como o Tesouro Direto, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e as debêntures. Todos esses títulos têm como principal característica o fato de serem uma espécie de empréstimo que a pessoa faz, tendo como cálculo algum porcentual em torno da taxa básica de juros da economia. Quando alguém vai no site do Tesouro Direto e compra um título de renda fixa, está emprestando dinheiro para o governo. Quando compra um título de Certificado de Depósito Bancário, está emprestando para o banco. Quando compra um título privado como debênture, empresta dinheiro para uma empresa, explica José Guilherme Alberto, professor e pesquisador da área de Finanças na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
"Independentemente do ciclo econômico, é importante ter uma parte do capital aplicado em cada tipo, renda fixa e variável. O que muda é a exposição a cada uma das modalidades de acordo com as expectativas econômicas e o momento de vida do investidor", afirma o professor da PUC Minas.

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