carro azul em miniatura transportando notas de dólar

Como a decisão de juros nos EUA pelo Fed impacta seus investimentos?

Saiba como a decisão de juros do BC americano interfere na renda fixa e na renda variável

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

03/10/2024 às 17:14

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

A decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos, que é tomada pelo Federal Reserve, Fed, o banco central americano, costuma impactar os mercados do mundo inteiro, além de oferecer pistas sobre o futuro da economia global. Mas, afinal, como isso acontece?

A depender do patamar dos Fed Funds , a taxa básica de juros da economia americana, as bolsas de Nova York vão reagir, bem como todos os demais mercados com os quais os EUA têm relações comerciais e títulos negociados. A possibilidade de que o Fed pare de elevar os juros favorece o mercado acionário, gerando maior apetite para a renda variável. O contrário também acontece. Os títulos de renda fixa do Tesouro americano, atrelados aos Fed Funds , tornam-se tanto mais atraentes quanto maior é a taxa de juros, tirando atratividade da bolsa.

Antes de entender como a taxa de juros dos EUA afeta o mercado e os investimentos, precisamos entender como ela funciona. Diferentemente da taxa Selic, que é um número fixo definido pelo Banco Central brasileiro, desde 2008 o Fed utiliza os Fed Funds como uma faixa, que vai de um limite inferior a um limite superior. Esse intervalo funciona como um referencial, uma base para regular os contratos de financiamento e renda fixa.

O que é a taxa FedFunds

A faixa de Fed Funds é definida geralmente a cada 45 dias pelo FOMC, sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto (o equivalente ao nosso Comitê de Política Monetária, ou Copom), que é um órgão composto por diretores da autarquia. O FOMC sobe, reduz ou mantém taxas de juros em busca de dois objetivos principais, que são conhecidos como duplo mandato: o controle da inflação em torno de uma meta e o alcance do pleno emprego. Sendo assim, o Fed busca controlar a inflação sem abrir mão do crescimento econômico.

Na quarta-feira da decisão de juros, além da própria definição da taxa, investidores costumam olhar para o comunicado do Fed e falas do presidente do órgão em busca de pistas sobre os futuros passos: se há a perspectiva de aperto monetário (aumento de juros) ou de afrouxo monetário (redução de juros).

A decisão e o discurso do Fed podem mexer com os investimentos, como veremos a seguir.

Como a decisão do Fed afeta a renda fixa

A taxa de juros definida pelos bancos centrais costuma ser a principal referência para os títulos de renda fixa. No caso dos EUA, ela afeta o rendimento dos Treasuries, que são os títulos de dívida do governo dos EUA - considerados o investimento mais seguro do mundo. Geralmente, o mercado olha para as chamadas Treasury notes , sobretudo as que possuem vencimento em 10 anos.

Quando o Fed sobe a taxa de juros, esse tipo de investimento fica mais atrativo, o que aumenta a procura pelos títulos de dívida e acaba reduzindo o rendimento das Treasuries, conhecido como yield. Em outras palavras, um aumento de juros pelo Fed hoje pode levar o mercado a reduzir as apostas em altas de juros mais prolongadas, daqui a 10 anos, o que explica a "dissonância" entre os dois movimentos.

E aqui temos um outro fator importante: o das expectativas. Se o Fed elevar os juros, mas der sinais claros de que vai parar de subi-los em um futuro próximo, pode ser que investidores vendam seus títulos de renda fixa para apostarem no mercado de ações. Logo, além de acompanhar a própria decisão de juros, o mercado costuma dar ampla importância àquilo que o FOMC comunica em sua decisão e na fala do presidente do Fed logo após a divulgação do material.

O comportamento das Treasuries pode impactar as movimentações das taxas de Depósitos Interbancários, os chamados DIs, aqui no Brasil, que são os juros que a renda fixa utiliza para remunerar seus investidores, e que se mexem diariamente. Isso acontece porque a demanda por títulos de dívida do governo americano pode influenciar na demanda por títulos de dívida de países emergentes como o nosso.

Como a decisão do Fed afeta a renda variável

As decisões de juros do Fed têm um impacto claro no mercado de ações. Já vimos que juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa, e portanto reduzem a busca pela renda variável. E o oposto também acontece: reduções de juros aumentam o apetite por risco e costumam elevar a cotação das ações.

Mas não é tão simples assim. Quando falamos de mercado financeiro, principalmente de renda variável, falamos de expectativas. Afinal, investidores colocam dinheiro em uma empresa esperando retornos futuros, seja via dividendos, seja via valorização na cotação dos papéis. E isso se dá, geralmente, por meio do aumento dos lucros das empresas. Uma taxa de juros mais alta acaba elevando as despesas das companhias, principalmente quando falamos da dívida que essas empresas tomam para poder crescer, além de reduzirem as perspectivas de crescimento da economia como um todo. E isso acaba piorando as expectativas de lucros futuros, reduzindo a busca por ações. Aqui, mais uma vez, o contrário também é válido.

Também existe a possibilidade de as decisões ou expectativas de juros impactarem de forma diferente os setores da bolsa. No caso de Nova York, por exemplo, os índices da Nasdaq, a bolsa de tecnologia do país, podem sofrer mais em momentos de aperto monetário. Afinal, companhias tecnológicas costumam necessitar mais de financiamentos e investimentos para se expandir - com juros altos, isso acaba ficando mais caro. Já o índice Dow Jones, que tem uma participação considerável de grandes bancos, pode subir, uma vez que juros mais altos tendem a significar maiores receitas para as instituições financeiras tradicionais.

Como o mercado financeiro costuma se antecipar aos acontecimentos, diz-se que investidores "precificam" na bolsa a perspectiva de que o Fed altere os juros para cima, para baixo ou ainda decida mantê-los.

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