esfera vermelha em aspiral caindo em direção ao chão

O que é turnaround e por que muitas empresas de capital aberto precisam se reestruturar

Turnaround acontece quando companhias abertas precisam mudar a rota de seus resultados

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

26/09/2024 às 15:08

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

São Paulo, 04/04/2024 - Diversos fatores internos e externos podem levar uma empresa de capital aberto a uma crise. Mas isso não significa que essa companhia deva pedir falência ou entrar em recuperação judicial. Existe uma alternativa, que passa por uma reestruturação de seus negócios para retomar o caminho da lucratividade. Essa estratégia é conhecida no mercado pela expressão em inglês turnaround.

CVC, Natura&Co, Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia, BRF são alguns exemplos. Já passaram ou estão passando por um processo turnaround. Para o investidor de ações, existem riscos, mas também oportunidades nesses casos.

A seguir, entenda o que é turnaround, como identificar uma empresa que está passando por esse processo e como o investidor deve lidar com as ações dessas companhias.

O que é turnaround empresarial?

O termo turnaround pode ser traduzido como uma inversão de rota. Basta imaginar um carro que está se locomovendo em uma estrada em direção ao norte, pega um retorno, e passa a andar para o sul. Neste caso, houve um turnaround, uma mudança de rota, uma inversão do sentido para onde ele estava indo.

No mundo empresarial, o turnaround traz a mesma ideia. É quando uma companhia que está mal das pernas decide mudar de rota, a fim de melhorar seus resultados e reconquistar a confiança dos investidores. Estar mal das pernas pode significar várias coisas, como um alto nível de endividamento, baixa lucratividade, prejuízos sucessivos e queima de caixa.

"Empresas que passam por turnaround normalmente estão apresentando dificuldades financeiras e precisam reverter números que podem afetar a sua sobrevivência no longo prazo e a confiança do mercado", explica Andrea Aznar, analista do setor de varejo do BB Investimentos (BB-BI).

Como identificar uma empresa em estado de turnaround?

Uma companhia em turnaround geralmente vai ser identificada por analistas e investidores por meio dos seus indicadores de endividamento, como o múltiplo dívida/Ebitda, e de margem operacional, como o próprio Ebitda, que é o lucro da empresa desconsiderando as despesas com juros, impostos, depreciação e amortizações, além da capacidade de geração de fluxo de caixa daquela organização.

"Ademais, a substituição das equipes de liderança por equipes com experiência em turnaround é um fator relevante a ser observado", explica Leandro Berbert, sócio-líder de estratégia de turnaround e de reestruturação da EY Brasil.

Como que uma empresa entra em crise?

São muitos os fatores que podem levar uma companhia a entrar numa crise que exija um turnaround. Essa crise pode ter origem interna, nascendo de decisões da administração da empresa que não geraram bons resultados. Mas também podem ter origem externa, como dificuldades para lidar com a concorrência e fatores macroeconômicos desfavoráveis para a operação daquela companhia.

No caso de empresas do setor de consumo como CVC e Grupo Casas Bahia, por exemplo, um fator importante que as induziu à necessidade de um turnaround foi a alta na taxa básica de juros (Selic) entre 2021 e 2022. Juros mais altos reduzem o consumo das famílias, apertam as condições de crédito, e, com isso, a receita e a lucratividade dessas empresas ficou ameaçada. No caso da CVC, um fator importante foi também a pandemia de Covid-19, que diminuiu drasticamente a demanda por viagens de turismo.

Já o caso da Natura\&Co foi diferente. Além da questão dos juros e da pandemia, a companhia acabou sofrendo com os efeitos negativos de algumas empresas que adquiriu em seu plano de expansão. Foi o caso da rede britânica The Body Shop, comprada em 2017, e da Avon Internacional, adquirida em 2019. Analistas apontam que a Natura teve dificuldade para integrar essas empresas e captar os benefícios das aquisições. Em meio ao turnaround, a companhia inclusive vendeu a The Body Shop no ano passado.

Para o investidor pessoa física, quais são os riscos e as oportunidades de investir em empresas em processo de turnaround?

Naturalmente, ter a ação de uma empresa em turnaround pode elevar o risco da carteira de um investidor. Mas isso não significa necessariamente um mau negócio. Tudo dependerá do perfil de risco desse investidor e da análise que ele fez da situação da empresa.

"Os riscos envolvidos são os da companhia não conseguir apresentar os resultados prometidos com a aplicação das mudanças, o chamado risco de execução, e permanecer com problemas que afetam sua saúde financeira e podem até ameaçar a sua perenidade", explica a analista Andrea Aznar, do BB-BI.

Por outro lado, caso o turnaround se mostre bem-sucedido, a compra das ações pode gerar ganhos expressivos, acrescenta. "Quando uma companhia precisa entrar em processo de turnaround, normalmente ela está precificada abaixo de seus pares e o possível upside [potencial de alta] do papel pode ser interessante para o investidor."

Em outras palavras: se o turnaround der errado, pode resultar em perdas significativas para o investidor. Se o processo der certo, os ganhos com a valorização das ações podem ser bem expressivos. Tudo dependerá do perfil de risco do investidor. Além disso, é importante estudar e consultar relatórios e análises sobre aquela empresa para tomar uma decisão bem sustentada.

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