O que são as ações defensivas e por que elas se destacam em momentos de incertezas

Por Fabiana Holtz, do Broadcast

O mercado de ações é marcado por risco e volatilidade, já que diariamente os preços dos ativos podem se modificar e alterar o rendimento da carteira do investidor. Por isso, alguns papéis acabam servindo como uma ferramenta para "amortecer" essas oscilações de mercado: são as chamadas ações defensivas.

• Como o nome diz, elas são um mecanismo de defesa do investidor contra fatores que possam prejudicar sua carteira, como uma aversão a risco nos mercados, altas de juros, volatilidade no câmbio, incertezas fiscais, etc.

No jargão do mercado, costuma-se dizer que são empresas com um "beta menor". Ou seja, o índice beta desses ativos, que mede a relação de risco e retorno de uma ação perante o restante do mercado, é considerado baixo, o que sugere que ela tende a ser menos volátil.

No aspecto macroeconômico, esse conjunto de empresas está associado ao conceito de demanda inelástica, ou seja, produzem bens e serviços essenciais que continuam tendo procura do consumidor independente do momento da economia. Alguns exemplos são operadoras de saúde, indústrias alimentícias e redes de supermercados.

Também são defensivas as empresas com maior estabilidade de receitas, como no caso de operadoras de energia, saneamento básico e serviços públicos - as chamadas "utilities".

Entre as características das ações defensivas estão também o fato de serem boas pagadoras de dividendos, já que possuem previsibilidade de receitas, e também terem fundamentos sólidos, como a capacidade comprovada de gerar retornos e uma alta capitalização no mercado.

Qual é a diferença entre ações defensivas e ações cíclicas?

As ações defensivas e as ações cíclicas são dois polos teoricamente opostos do universo das ações. Enquanto as defensivas são menos suscetíveis às oscilações macroeconômicas, de juros e dólar, as cíclicas são sensíveis a tudo isso, adquirindo uma característica de maior risco nas carteiras.

Vale lembrar que risco e retorno são indicadores que se relacionam profundamente no mercado financeiro: geralmente, riscos maiores representam a possibilidade de retornos maiores, enquanto investimentos de menor risco tendem a oferecer retornos menos intensos, porém estáveis.

Por isso, ao diversificar sua carteira de ações, o investidor deverá dosar a presença de ações defensivas e cíclicas, de acordo com seu perfil de risco e com sua estratégia de curto, médio e longo prazo.

Como acompanhar as ações defensivas na B3?

Na B3, uma das maneiras mais usuais de acompanhar a movimentação das ações defensivas é por meio do Índice de Utilidades Públicas (UTIL), que reúne empresas de energia e saneamento básico. Esse tipo de companhia possui demanda inelástica, estabilidade de receitas e costuma pagar mais dividendos do que outros setores.

• No momento, Eletrobras (ELET3), Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6), Eneva (ENEV3), Equatorial (EQTL3), Sabesp (SBSP3) e Serena (SRNA3) estão entre os principais componentes do índice.

Quanto ao critério de fundamentos sólidos, o investidor pode procurar, por meio de relatórios e análises de bancos e corretoras, as empresas de maior participação nos índices de referência das bolsas em que opera.

Como acompanhar ações defensivas nos EUA?

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones é considerado um bom indicativo da movimentação de papéis defensivos, já que reúne empresas de alta capitalização e consolidadas em seus setores.

A título de comparação, o S&P 500 possui uma composição mais ampla, enquanto o Nasdaq é focado em empresas do universo da tecnologia - que costumam ser mais voláteis e sensíveis aos fatores macroeconômicos.

Isso explica por que, muitas vezes, vamos nos deparar com Dow Jones e Nasdaq operando em sentidos contrários durante o pregão americano. Pode ter a ver com o nível de apetite por risco do mercado naquele dia.