Poupança ou Tesouro Direto? Aprenda a simular o rendimento dos investimentos de renda fixa
Descubra em qual título de renda fixa é mais vantajoso investir com o menor risco
Publicado por: Broadcast Exclusivo
6 minutos
Atualizado em
17/09/2024 às 09:32
Por Gustavo Boldrini, do Broadcast
Prever o futuro é impossível, ainda mais quando falamos em investimentos. Mas, para quem quer investir na renda fixa, é mais fácil calcular a possibilidade de ganhos de uma aplicação antes mesmo de fazê-la.
Uma das ferramentas utilizadas para isso é o Simulador do Tesouro Direto, uma aplicação disponível no site do próprio de Tesouro que permite ao investidor comparar a rentabilidade esperada de um determinado valor investido em diferentes títulos, como a poupança, o Tesouro Selic, o Tesouro IPCA+, LCI, LCA, etc.
A seguir, aprenda como simular o rendimento de uma aplicação nos diferentes títulos do Tesouro Direto e compará-los com outras opções de renda fixa de baixo risco.
Defina um prazo para o investimento antes de simular
Acessando o site do Tesouro Direto, logo na primeira página, você encontrará uma funcionalidade chamada de "simule seu investimento". Ali, de forma bem simples, você poderá colocar o valor que quer investir e a quantidade de anos que pretende manter o investimento.
Ao inserir o valor e a quantidade de tempo do investimento, a própria plataforma do Tesouro vai sugerir o título mais vantajoso para aquele prazo, sempre comparando com a poupança. Também vale ressaltar que os valores mostrados no simulador já levam em conta o resgate líquido dos investimentos, ou seja, aquilo que o investidor terá no bolso após pagamento de taxas e impostos. Afinal, o Tesouro é uma modalidade de investimento sobre a qual incide Imposto de Renda (IR) no momento do saque.
A seguir, vamos simular três situações:
Primeiro, um investidor que quer investir R$ 10 mil e resgatar no curto prazo, ou seja, daqui a um ano; outro no médio prazo, daqui a cinco anos; e o terceiro, um horizonte de longo prazo, daqui a dez anos.
Levando em conta um objetivo de curto prazo, com resgate da aplicação daqui a um ano, o resultado é o seguinte, levando em conta a data de 16/09/24:
Na poupança, R$ 10.000,00 se transformariam em R$ 10.639,19. Isso representa um rendimento de +6,39%.
No Tesouro Selic 2027, título recomendado pelo simulador, os R$ 10.000,00 virariam R$ 10.864,51, o que representa um rendimento de +8,65%.Já no médio prazo, com resgate daqui a cinco anos, em 2029, veja o resultado:
Na poupança, em cinco anos, os R$ 10.000,00 se transformariam em R$ 13.710,23. Isso representa um rendimento de +37,10%.
No Tesouro Prefixado 2031, título recomendado pela ferramenta, o saldo seria maior, de R$ 16.241,77. O rendimento total do investimento, portanto, seria de +62,42%.Levando em conta um investimento de longo prazo, com resgate em 10 anos, ou seja, em 2034, o resultado seria o seguinte:
Na poupança, aplicando R$ 10 mil hoje, em 10 anos o investidor resgataria R$ 18.778,10, obtendo um rendimento total de +87,78%.
No Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035, sugestão do simulador, esses R$ 10 mil virariam R$ 25.369,34, mais que dobrando de valor e atingindo um rendimento total de +153,69%.
A regra da poupança
Os títulos do Tesouro são oferecidos nas opções pré ou pós-fixados e com indexadores variados, podem ser atrelados à taxa básica de juros da economia (Selic) ou ao índice oficial de inflação do País (IPCA), dependendo do objetivo e do prazo de resgate
Já a poupança é um investimento que sempre estará indexado à taxa Selic, devido à sua regra de rentabilidade.
Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, como é o caso do momento atual, o rendimento da poupança será 0,5% ao mês mais um indicador chamado de Taxa Referencial (TR). A TR, por sua vez, é calculada pelo Banco Central levando em conta as taxas de juros negociadas no mercado secundário com Letras do Tesouro Nacional (LTN), cuja remuneração também está atrelada à taxa Selic.
É possível verificar o rendimento mês a mês da caderneta de poupança no próprio site do Banco Central.
O principal apelo positivo para a poupança, além da facilidade em investir e resgatar, costuma ser o fato de que ela é isenta de Imposto de Renda (IR).
E aí isso pode levantar uma dúvida: será que a isenção de IR não pode tornar a poupança mais vantajosa em alguns casos?
Para comparar se um título isento de IR é mais vantajoso que um título que paga IR, o mercado financeiro utiliza uma ferramenta conhecida como gross-up .
- O gross up , no mundo dos investimentos, significa adicionar teoricamente a alíquota de imposto de renda em aplicações financeiras que são isentas. É um cálculo para se saber quanto determinada aplicação isenta pagaria se, sobre ela, incidisse o mesmo imposto de outra alternativa de investimento.
O cálculo é simples: basta dividir a taxa do investimento isento por 1 e subtrair a alíquota do IR correspondente àquele investimento. Lembre-se: é preciso considerar as alíquotas do IR, que variam de acordo com o prazo em que o dinheiro está aplicado.
Até 180 dias, a alíquota é de 22,5%;
De 181 a 360 dias, 20%;
De 361 a 720 dias, 17,5%;
A partir de 721 dias, 15%
Leia mais em: O que é "gross up", ferramenta que ajuda a comparar investimentos com e sem IR
Então, voltando às nossas três simulações, temos a seguinte situação:
- Curto prazo: no investimento de R$ 10 mil com resgate em um ano, cuja alíquota seria de 17,5%, a poupança renderia +7,74%, ficando abaixo dos +8,65% do Tesouro Selic 2027.
- Médio prazo: no investimento de R$ 10 mil com resgate em cinco anos, cuja alíquota seria de 15%, a poupança renderia +43,64%, contra +62,42% do Tesouro Prefixado 2031.
- Longo prazo: no investimento de R$ 10 mil com resgate em dez anos, cuja alíquota seria também de 15%, a poupança renderia +103,27%, contra +153,69% do Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035.
Note-se também que o rendimento do Tesouro Selic é diário, ao passo que o rendimento da poupança só ocorre a cada 30 dias.
Tesouro Direto sempre rende mais que a poupança?
Analisando os números, atualmente, é possível concluir que o Tesouro Direto costuma oferecer rendimentos superiores à poupança mesmo tendo cobrança de IR e taxa de custódia da B3 - descontada uma vez por ano, de 0,25% sobre o valor dos títulos.
Porém, isso não significa que o Tesouro Direto sempre terá um rendimento maior. Caso o investidor precise se desfazer do investimento por algum motivo no curtíssimo prazo, estará sujeito aos descontos de IR e taxas, bem como às oscilações de mercado antes do vencimento do título, além da marcação a mercado na data da venda.
É preciso escolher um título adequado ao objetivo do investimento e ao prazo, de forma que os ganhos se potencializem em cada situação. A ferramenta do site do Tesouro Direto pode ser uma forma de auxiliar o investidor nessa busca, mas é importante também contar com a assessoria de um especialista que ajude a mapear as melhores opções.
Veja também: Tesouro Direto: um guia de tudo o que você precisa saber para investir
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