Onde Investir 2025: Macroeconomia
Publicado por: Análise BB
5 minutos
Atualizado em
13/12/2024 às 13:54
Confira o video em: https://www.youtube.com/watch?v=3VcwkIYD7z4
Economia Global: atividade e riscos
A economia mundial segue em tendência de desaceleração moderada. Nos EUA e na área do euro, o ciclo de redução dos juros deve continuar em 2025. No entanto, o ritmo tende a ser diferente entre elas. A Europa enfrentará desafios para crescer, o que exige juros mais baixos. Por outro lado, prevemos que os EUA sigam com crescimento robusto, mas menor que 2024, influenciado pelo corte de impostos e medidas protecionistas no comércio exterior. Esses fatores tendem a manter os juros mais altos por lá do que inicialmente prevíamos.
Na China, 2025 será um ano desafiador tanto no contexto internacional quanto em relação aos problemas internos. O crescimento deverá ser menor devido aos desafios impostos pelo menor espaço fiscal, — especialmente nos governos locais — e pelo ambiente global de menor crescimento e mais protecionismo.
No Oriente Médio, 2025 deve ser marcado pela acomodação das tensões entre Israel e Irã, o que contribui para minimizar riscos em relação ao preço do petróleo. Todavia, incertezas políticas e econômicas ainda estarão presentes.
Na América Latina, o menor crescimento da China e do mundo, com o maior protecionismo comercial em 2025, especialmente nos EUA, serão desafios para o crescimento. A flexibilização monetária em curso nas economias avançadas e a inflação cadente são vetores que podem mitigar parcialmente os riscos.
Globalmente, com a perspectiva de maior protecionismo comercial e com importantes economias crescendo menos, o ambiente econômico deverá ser menos dinâmico.
Economia Global: inflação e juros
Menos juros pelo mundo, mas protecionismo comercial e estímulos mitigam o processo de flexibilização monetária. Nos Estados Unidos, com a eleição definida e a plataforma de governo de Donald Trump já conhecida, a perspectiva é de que a maior economia do mundo cresça um pouco mais do que prevíamos anteriormente, mas menos que em 2024, em função dos cortes de impostos e flexibilização regulatória.
Esse fato, aliado à política anti-imigração e ao protecionismo comercial de Trump, deve pressionar os preços nos EUA, tornando o quadro inflacionário mais desafiador. Esses fatos serão preponderantes para a definição dos juros básicos terminais nos EUA em nosso cenário base.
Atualmente, prevemos que a Fed Funds Rate encerre 2025 em 3,50%, mas esta visão possui viés de alta. Tal dinâmica deve manter o dólar forte ante a maior parte das moedas, em especial das emergentes. Isso deve pressionar os preços nesses países, mitigando o espaço para cortes de juros.
Quanto à área do euro, diante do quadro de crescimento debilitado e inflação cadente, o atual ciclo de cortes seguirá no decorrer do próximo ano. Nossa expectativa é de que os juros sigam em queda, atingindo o patamar de 2,25% ao fim de 2025.
Economia Brasileira: atividade e mercado de trabalho
PIB aquecido e forte dinamismo do mercado de trabalho dão o tom da atividade econômica em 2024, mas ritmo ao longo de 2025 deve ser de arrefecimento.
A primeira metade de 2024 mostrou uma atividade econômica bastante aquecida. O PIB avançou de forma disseminada com números positivos para os componentes da demanda, com destaque para o consumo das famílias, na esteira do impulso fiscal e do crédito, e para os investimentos, na esteira da melhora da construção civil e bens de capital. Para a segunda metade de 2024, a atividade continua apontando para um crescimento robusto, ainda que em intensidade mais branda.
Esses pontos nos levam a projetar um crescimento do PIB de 3,5% em 2024. Para 2025, esperamos um crescimento impulsionado pela agropecuária (PIB Agro deve superar 5,0%) e um mercado de trabalho ainda dinâmico, vetores que sustentam uma visão de crescimento de 2,2%. Ressaltamos que juros em patamares mais contracionistas é um importante fator limitador para um crescimento mais robusto do crédito e da atividade econômica no próximo ano.
Em relação ao mercado de trabalho, o emprego mostrou resiliência neste ano, com a taxa de desemprego caindo para 6,4% no 3T24 como resposta ao avanço da criação líquida de vagas de emprego. Estimamos que a taxa média de desocupação fique em 6,8% em 2024, e que os rendimentos reais médios e a massa de salários cresçam 4,7% e 7,4%, respectivamente, no período.
Para o ano de 2025, estimamos que taxa de desocupação média encerre o ano em 7,4%, ou seja, uma piora marginal em relação ao número de 2024. Já o rendimento médio real dos trabalhadores deve crescer 2,8%, traduzindo-se em um avanço de 3,7% na massa de salários.
Economia Brasileira: inflação
Mesmo com juros em terreno restritivo, processo de desinflação segue desafiador no próximo ano. Em relação ao IPCA, 2024 mostrou-se mais desafiador que o Inflação ao consumidor (IPCA) esperado no início do ano, contrariando as expectativas de um processo de desinflação.
Destaque para os impactos de intempéries climáticas, com efeito altista sobre preços de alimentos e de energia elétrica. Diante de um mercado de trabalho robusto, com a taxa de desocupação atingindo níveis historicamente baixos e a massa de salário com sucessivos recordes, a inflação de serviços também tem sido importante vetor da dinâmica inflacionária neste ano.
Contemplamos em nosso cenário mais provável IPCA equivalente a 4,8% ao final do ano, resultado acima do teto da meta de 4,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional.
Para 2025, em virtude de uma política monetária mais contracionista, esperamos por um processo de desinflação gradual, com o IPCA apresentando variação de 4,5% no período, no limite superior da banda de inflação. Entre os vetores, destaca-se a perspectiva de desaceleração de alimentos e monitorados.
Por outro lado, os efeitos de indexação favorecem pressões adicionais dos preços de serviços, enquanto o câmbio depreciado tem importante contribuição para o avanço de bens comercializáveis.
Economia Brasileira: política monetária
Incertezas externas e domésticas elevaram a pressão sobre as expectativas inflacionárias e trazem repercussões sobre a curva de juros. O cenário global mais incerto, principalmente após as eleições Selic permanecerá em campo contracionista ao longo de 2025 americanas, deve ampliar a aversão ao risco nos países emergentes e pressionar a nossa moeda.
Esse ambiente deve trazer implicações sobre os preços domésticos via canal da taxa de câmbio (maior custo para os bens importados), o que, em última instância, exige uma postura mais contracionista em termos de taxa de juros.
Além disso, questões internas como economia aquecida, mercado de trabalho e crédito resilientes e desancoragem das expectativas de inflação impõem um conservadorismo adicional em relação à condução da política monetária.
Diante desse cenário, esperamos novas elevações dos juros, alcançando o máximo de 13,75%, patamar que deve ser mantido ao longo de todo no ano de 2025. Esse fato está relacionado à maior dificuldade de convergência do IPCA para região mais próxima à meta de 3,0% que o Banco Central persegue.
Dessa forma, esperamos por um patamar significativamente contracionista das taxas de juros até o primeiro trimestre de 2026, momento em que se iniciaria um processo de queda estimulado pela melhora nas condições inflacionárias, permitindo que a Selic atinja 11,0% no final de 2026.
Economia Brasileira: câmbio
Próximo ano será marcado por um câmbio depreciado, repercutindo um cenário desafiador no exterior. A relação real/dólar mostrou elevada volatilidade ao longo deste ano. Preocupações com a trajetória fiscal no Brasil, cenário político incerto nos EUA e uma China que, mesmo com o anúncio de estímulos, tem trazido incertezas, foram fatores preponderantes para esse quadro.
Para este ano, entendemos que o desafio de arrefecer o câmbio tornou-se mais difícil ante uma elevação tensão financeira e um quadro político nos EUA definido de forma que tende a fortalecer o dólar. Para 2025, ainda que a safra agrícola por aqui seja recorde e favoreça nossas contas externas, entendemos que o resultado das eleições nos EUA traz grandes desafios para os mercados emergentes – com dólar forte e uma Fed Funds em patamar terminal mais elevado.
Ademais, há a persistente incerteza do mercado associada à trajetória das contas públicas. Diante desses fatores, projetamos que o câmbio encerrará 2025 em patamar equivalente a R$/US$ 5,70. Ademais, destacamos que a volatilidade no decorrer de 2025 poderá implicar em um real mais fraco por boa parte do próximo ano, ocasionando um câmbio médio mais elevado em 2025 do que o observado no ano de 2024.
Economia Brasileira: fiscal
Embora Executivo e Legislativo mostrem compromisso pela busca do equilíbrio das contas públicas, desafios no cenário fiscal deverão permanecer no cenário ao longo do próximo ano.
O ano de 2024 tem sido marcado por significativos desafios no Resultado fiscal campo fiscal. Embora os níveis de arrecadação do Governo Central tenham atingido volume recorde relativo a impostos, houve uma certa frustração das receitas estimadas pelo Executivo, em especial das medidas adicionais aprovadas em 2023.
Em relação às despesas, o crescimento elevado dos gastos com a previdência, além de impactos trazidos por questões climáticas, tais como as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e as queimadas em diversas regiões do Brasil, devem fazer com que o resultado primário do setor público consolidado apresente déficit de 0,4% do PIB e a relação dívida/PIB, medida pela Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), chegue em 78,1% do PIB.
Para o próximo ano, as medidas adotadas no Pacote Fiscal apresentado pelo Governo devem contribuir para a sustentação do arcabouço fiscal. Nesse sentido, a projeção de déficit de 0,3% do PIB para o resultado primário do setor público consolidado representa o atingimento da meta fiscal por parte do Governo Central no próximo ano. Todavia, a relação dívida/PIB deverá continuar em trajetória de evolução ao atingir 82,5% do PIB.
Economia Brasileira: crédito
Após um ano de forte crescimento, carteira de crédito no Sistema Financeiro Nacional deverá evoluir em linha com a acomodação da atividade em 2025 e com ciclo de juros mais restritivo.
A pujança da atividade econômica e do mercado de trabalho são Carteira de crédito total SFN fatores que têm contribuído significativamente para a evolução da carteira de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) em 2024.
Nesse sentido, a recuperação da carteira livre PJ, influenciada pela melhora dos setores mais cíclicos da economia, como a indústria e os serviços, e o crescimento da carteira livre PF, puxada pelo bom desempenho do mercado de trabalho e elevação da renda das famílias (que estimula a demanda por produtos de maior valor agregado, como veículos e outros bens duráveis, também dependentes do crédito), deve levar ao crescimento de 11,2% do volume de recursos da carteira de crédito total no SFN neste ano.
Olhando à frente, em especial para o próximo ano, o atual ciclo de aperto monetário promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), com a elevação da taxa básica de juros, deverá levar à atividade a uma relativa acomodação se comparada a 2024. Adicionalmente, a elevação dos juros básicos deverá impactar diretamente o custo dos empréstimos bancários, com maior efeito sobre as carteiras com recursos livres às famílias e às empresas, levando à expansão de 8,8% da carteira de crédito total no SFN em 2025.
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