Reserva de Bitcoin: entenda uma das principais propostas de Trump nos EUA e seus impactos

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

São Paulo, 27/12/2024 - Criar uma reserva nacional de Bitcoin foi uma das principais propostas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ao longo da campanha que culminou em sua vitória nas eleições de 5 de novembro. Também foi uma das causas da euforia de parte do mercado de criptomoedas em torno da campanha do republicano.

Mas, afinal, o que significa essa proposta e, caso ela saia do papel no novo governo Trump, qual deve ser o impacto no mercado cripto e na economia global de forma geral? Vamos entender a seguir:

O que é uma reserva nacional de Bitcoin?

Todo governo possui uma reserva monetária, geralmente de dólares americanos, que são a moeda de referência da economia mundial. No caso de um país emergente como o Brasil, por exemplo, as reservas de dólares podem servir como um sinal de confiança para investidores globais e também como um colchão de liquidez para proteger o real em momentos de grande volatilidade.

Para os Estados Unidos, a ideia de criar uma reserva estratégica de Bitcoin teria mais ou menos o mesmo objetivo, tendo em vista a tese de que a criptomoeda é um ativo limitado e com tendência de alta no longo prazo - graças ao halving que ocorre a cada 250 mil blocos minerados na rede blockchain.

Mas não é só isso. O potencial que o Bitcoin tem de se tornar uma reserva de valor tem sido observado por diversos países ao redor do mundo. E Trump quer que os Estados Unidos estejam à frente dessa tendência.

"Nós vamos fazer alguma coisa grande com a criptomoeda porque nós não queremos a China ou outro país fazendo. Não apenas a China, mas outros países estão abraçando criptomoedas, e nós queremos estar na liderança", declarou o presidente eleito dos EUA em entrevista à CNBC em 15 de dezembro.

Como a reserva de Bitcoin americana deve impactar o mercado?

Analistas e operadores de criptoativos têm citado que a visão de que o Bitcoin pode ser uma reserva de valor, e não apenas um simples ativo de renda variável, tem um grande potencial de destravar ainda mais valor para a criptomoeda mais famosa do mundo.

"Uma postura pró-cripto [do governo dos EUA] pode atrair investidores institucionais em peso. A pergunta que fica é: se a maior potência do mundo está em Bitcoin, por que não estaríamos?", afirma Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio.

O Bitcoin é um ativo de renda variável, e que está sujeito às oscilações de mercado, mas possui características únicas, que podem ser impulsionadas pela provável adoção crescente dos Estados-Nação ao ativo.

Diego Kolling, head da Bipa Premium, define o Bitcoin como um ativo que possui "oferta fixa e inelástica", já que se trata de uma rede blockchain com emissão previamente definida e que independe da demanda global. A isso, soma-se a perspectiva de demanda crescente que a adoção da criptomoeda pelos Estados deve gerar.

"Sendo uma reserva de valor superior, o Bitcoin atrai a demanda de todos que buscam proteger riqueza de forma eficiente e segura. Essas características fazem do Bitcoin uma opção interessante para quem busca acumulação de riqueza a longo prazo", avalia Kolling.

Brasil pode ter reserva de Bitcoin?

No Brasil, a criação de uma reserva de Bitcoin é tema de um projeto de lei do deputado Eros Biondini (PL-MG). A justificativa do projeto mostra que a ideia seria "diversificar os ativos financeiros do Tesouro Nacional, fomentar o uso de tecnologias blockchain no setor público e privado e garantir lastro para a emissão da moeda digital brasileira [Drex]".

A proposta prevê ainda que a compra dos ativos seria feita de forma gradual pelo Tesouro, podendo atingir um limite de 5% das reservas internacionais brasileiras.

O projeto de lei foi apresentado em 26 de novembro na Câmara, mas ainda não começou a tramitar.