O que é o tão falado halving, com potencial de causar um choque de oferta do bitcoin

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

O bitcoin, criptomoeda mais famosa e líquida do mundo, apresentou uma valorização de mais de 200% nos últimos 12 meses, de acordo com a cotação da Binance. Há duas razões para essa escalada. Primeiro, especialistas apontam a crescente adoção de criptoativos no mercado institucional, ou seja, entre os grandes bancos e investidores, após a autorização pela Securities and Exchange Comission (SEC), a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, para fundos negociados em bolsa (ETFs) relacionados ao bitcoin.

Recentemente, outro evento tem tomado as manchetes do mundo das criptomoedas e trazendo expectativa de mais altas para os ativos: o chamado halving do bitcoin. O evento deve ocorrer daqui a pouco, em abril deste ano.

O que é o halving do bitcoin?

O termo "halving" varia da palavra em inglês "half", que significa metade. No mundo cripto, trata-se de um evento que ocorre mais ou menos a cada quatro anos no universo do bitcoin. Para ser mais exato, o halving acontece a cada 210 mil blocos de bitcoin minerados na rede blockchain da criptomoeda. Oi? Vamos por partes.

Minerar significa rodar o software da rede blockchain do bitcoin (código de negociação BTC), de modo a colocar o poder de processamento de dados desse computador para verificar as transações com BTC.

Os mineradores de bitcoin, profissionais que têm como objetivo criar novas unidades da criptomoeda e serem remunerados por isso, têm seus rendimentos cortados pela metade quando ocorre o halving.

Em 2009, os mineradores de bitcoin recebiam 50 unidades da criptomoeda como recompensa a cada 10 minutos de mineração. Esse valor posteriormente passou para 25, para 12,5, até chegar aos atuais 6,25, desde maio de 2020. Agora, a partir do novo halving que deve ocorrer em abril, essa remuneração vai para 3,125 bitcoins a cada 10 minutos.

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Por que o halving mexe com o preço do bitcoin?

Preço de ativo tem tudo tem a ver com oferta e demanda. Se a remuneração aos mineradores de bitcoin diminui, consequentemente a oferta de bitcoins no mercado diminui, já que menos unidades da criptomoedas serão disponibilizadas na rede a cada 10 minutos. Com menos bitcoins para comprar, o preço tende a subir.

"Naturalmente, há expectativa positiva em relação ao halving, como aconteceu nos três eventos anteriores, já que, por essência ele gera um choque de oferta", afirma Guilherme Nazar, diretor geral da corretora Binance para o Brasil.

Nazar lembra que a recente aprovação dos ETFs de bitcoin à vista nos EUA também tem gerado um fluxo positivo ao bitcoin. Com isso, o halving tende a ganhar um "reforço", com esse aumento da demanda vindo do mercado financeiro tradicional, de fundos estruturados e investidores em bolsa.

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Por que existe o halving?

Para entender o motivo do halving é necessário voltar à origem do bitcoin. Após a crise financeira que assolou os Estados Unidos e o resto do mundo em 2008, Satoshi Nakamoto, considerado o criador do bitcoin, idealizou a criação de uma moeda que não fosse controlada por um banco central ou por um governo, mas pelo próprio código da moeda numa rede conhecida como blockchain. O objetivo era criar uma moeda que não fosse inflacionária.

Com isso, criou-se a política econômica do bitcoin, que previa uma redução na remuneração dos mineradores que trabalham na criação de novas unidades da criptomoeda na rede blockchain, a fim de que o ativo se torne cada vez mais escasso e evite o risco de inflação.

"Esse mecanismo serve para limitar a quantidade máxima de moedas que vão existir e fazer com que essa moeda seja cada vez menos inflacionária, até que essa inflação zere', explica Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin.

A quantidade total de bitcoins que deverá existir até o fim da rede é de 21 milhões, conforme definido por Satoshi Nakamoto. "Até agora, foram minerados aproximadamente 19 milhões de bitcoins e a previsão de mineração da totalidade é projetada para o ano de 2140. Este prazo deriva do mecanismo de escassez programada inserido no código do bitcoin", afirma Flávio Hernandez, Chief Business Officer da mineradora de bitcoin Arthur Inc.

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O que é mineração de bitcoin e blockchain?

O bitcoin opera de maneira descentralizada, ou seja, não existe um órgão ou instituição que regula seu preço, mas sim as próprias dinâmicas de oferta e demanda do mercado. Por ser uma rede, na tecnologia blockchain, 100% digital, cada bitcoin é representado por um bloco de dados. Para criar novas unidades dessa moeda, é necessário que algumas pessoas estejam conectadas à rede para destravar esses blocos de dados. Assim, a mineração do bitcoin consiste na verificação e adição de transações ao blockchain público, a cadeia de blocos de dados onde se registram as transações da rede bitcoin.

• A tarefa de um minerador de bitcoin basicamente é resolver problemas matemáticos na rede bitcoin para poder encontrar os blocos de dados que poderão criar novas unidades da moeda. "Quando um desses problemas matemáticos é solucionado, um novo bloco pode ser adicionado à cadeia, tendo como remuneração uma quantidade de bitcoins", explica Hernandez.