Diversidade e inclusão se consolidam nas empresas e já são critérios de investimento
BB lança novo fundo de ações, que acompanha o iDiversa
Publicado por: Broadcast Exclusivo
4 minutos
Atualizado em
03/10/2024 às 17:18
Por Luana Pavani, do Broadcast
Questões como inclusão social, diversidade de raça e gênero, liderança feminina, letramento antirracista e causas LGBTQIAP+ vêm ganhando espaço na pauta corporativa. No mercado de capitais, os investidores também cobram das empresas iniciativas consistentes em torno do pilar S da agenda ESG - de práticas responsáveis ambientais, sociais e de governança.
Para responder a essa nova demanda, a B3 lançou o primeiro índice latino-americano com critérios de gênero e raça, composto por 79 ativos, de 75 empresas em dez setores econômicos. O IDiversa B3, lançado em agosto, é o mais novo índice no grupo de sustentabilidade na Bolsa, sendo o principal e mais conhecido o ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial, criado em 2005 e cuja metodologia foi aprimorada recentemente em torno do conceito ESG.
O IDiversa foi construído com base em dados públicos disponíveis no Formulário de Referência, documento no qual a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a exigir neste ano a apresentação do número de funcionários e de integrantes dos órgãos de administração e conselhos das companhias agrupados por gênero e raça.
A partir dessas informações é calculada uma nota, o "Score Diversidade", para cada empresa, levando em conta seu setor de atividade e então é feita uma comparação com os dados demográficos do IBGE. Dentro dos critérios de inclusão, a companhia precisa ter pelo menos um membro do grupo sub-representado no conselho de administração e na diretoria estatutária.
As boas práticas no âmbito de impacto social vem ganhando espaço no mundo corporativo. Primeiro, as empresas trabalharam fortemente a questão G, de governança, buscando mais transparência na relação com os acionistas e todos os interlocutores ("stakeholders"). Depois, passaram a olhar com mais atenção as métricas de sustentabilidade, para adotar políticas de carbono zero e compromissos globais para a preservação ambiental, em torno do pilar E, do inglês "environment". Agora, é a vez do social, mais especificamente da sigla DE&I, para diversidade, equidade e inclusão.
ESG dá resultado?
O estudo "Iniciativas ESG Geram Valor?", realizado pela consultoria Bain & Company em parceria com a EcoVadis com cerca de 100 mil empresas no mundo, comprova a correlação entre resultados ESG e desempenho financeiro. De acordo com o levantamento, as atividades referentes às práticas de sustentabilidade, diversidade e satisfação dos colaboradores estão relacionadas à maior lucratividade financeira e ao crescimento das empresas privadas.
Um dos pontos em destaque é no quesito DE&I. As companhias que se classificam entre as 25% melhores de seu setor em diversidade de gênero na equipe executiva têm crescimento de receita anual de cerca de 2 pontos porcentuais acima do grupo de organizações com menos executivas. O ganho em margem Ebitda é 3 pontos porcentuais maior, na mesma comparação. A diversidade amplia a visão de riscos e oportunidades, segundo o estudo.
As empresas listadas em bolsa vêm sendo cobradas por seus acionistas quanto a consistência de suas ações de impacto social. Afinal, há muito o que avançar no pilar S das empresas listadas no Brasil. Um estudo feito pela B3 em 2022 constatou que 61% das companhias de capital aberto no País não tinham nenhuma mulher entre seus diretores estatutários, e 37% não contavam com participação feminina no conselho de administração.
No aspecto racial, no âmbito do processo seletivo das empresas para participarem do ISE da B3, 79% afirmaram ter entre 0% e 11% de pessoas negras em cargos de diretoria, e 78% entre 0% e 11% no alto escalão (C-level), conforme levantamento referente a 2021.
Como saber se a empresa é socialmente responsável?
A sociedade cobra mudanças nas práticas corporativas, e o mercado de capitais também. Desde janeiro de 2023, pela Resolução nº 59 da CVM, as companhias de capital aberto devem comunicar suas práticas de diversidade e inclusão.
Essas informações devem estar disponíveis no Formulário de Referência, que é um modelo de documento exigido pela CVM, que pode ser encontrado no site de Relações com Investidores da empresa. Lá dentro estão dados sobre a quantidade de funcionários por grupo de identidade de gênero, raça ou cor e idade de todos os níveis hierárquicos, inclusive do conselho de administração; bem como informações relativas aos riscos sociais, ambientais e climáticos do negócio; entre outros pontos relativos a ESG.
Se a empresa quiser fazer parte dos índices de sustentabilidade da B3, tem de passar por avaliação de vários desses critérios de responsabilidade socioambiental e governança. Assim, o investidor pode consultar se ela está listada no IDiversa ou outros índices ligados a ESG, para então tomar sua decisão de investimento.
Também cresce no mercado a quantidade de fundos de investimento voltados para impacto social e diversidade. É o caso do novo fundo de ações lançado pelo Banco do Brasil, o BB Ações Diversidade IS, que acompanha o iDiversa, para aportes a partir de 1 centavo. Aliás, o próprio banco é um dos participantes do Índice de diversidade da B3 e na atual composição é a empresa com maior peso na carteira.
"Entre as empresas de capital aberto no país, somos uma das que mais possui presença feminina em postos de liderança", diz a presidenta do BB, Tarciana Medeiros. Ela destaca que metade das oito vagas do conselho de administração é ocupada por mulheres. O colegiado também tem dois negros e duas pessoas LGBTQIAPN+. Na diretoria executiva, as lideranças femininas representam 21% dos cargos, acima dos 13% de 2022, de acordo com a executiva.
- Conheça: Composição do IDiversa
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