Renda fixa deve ser a 'estrela' dos investimentos em 2025, com perspectiva de mais altas da Selic
Especialistas veem títulos pós-fixados e atrelados ao IPCA como favoritos para surfar na alta de juros, mas também há oportunidades nos prefixados
Publicado por: Broadcast Exclusivo
4 minutos
Atualizado em
12/12/2024 às 12:19
Por Gustavo Boldrini e Bruna Camargo, do Broadcast
São Paulo, 12/12/2024 - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou ontem a elevação da taxa básica de juros (Selic) em 100 pontos-base, para 12,25% ao ano, em decisão unânime. A decisão surpreendeu parte do mercado, já que a aposta majoritária das instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast era de uma alta de 75 pontos-base.
O BC ainda indicou que deve fazer mais duas altas da mesma magnitude nas primeiras reuniões de 2025, o que pode levar a Selic a 14,25% ao ano em março.
Logo, com a Selic em dois dígitos e incertezas ainda no radar, as atenções continuam voltadas para a renda fixa. Para Vicente Lo Duca, estrategista-chefe de investimentos do Banco do Brasil, a classe de ativos favorita de quem tem menos propensão a risco deve ser o grande destaque de 2025 nas alocações dos investidores.
"A gente pode falar que a renda fixa como um todo, com bons pontos de entrada nos diferentes segmentos, deve ser a estrela da vez para o ano como um todo", afirma Lo Duca.
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Dentre as diferentes classes de ativos da renda fixa, o BB destaca os pós-fixados, que possuem sua rentabilidade atrelada ao Certificado de Depósito Bancário (CDI), que por sua vez tem correlação com a Selic.
"O pós-fixado acaba sendo mais atrativo ainda neste cenário de alta da Selic. Além dessa sequência de aumentos, você vai ter uma estabilização da taxa de juros num patamar alto, e com isso o pós-fixado atrelado ao CDI e à Selic garante esse retorno por um tempo maior", avalia Vicente Lo Duca.
Mas também há oportunidades nos prefixados, segundo o especialista do BB. Ele cita alguns títulos do Tesouro Direto, por exemplo, que pagam quase 15% num prazo de três anos de vencimento.
"Se você tiver tranquilidade em relação à liquidez e consegue manter esse título até o vencimento, você contratou aquela remuneração e ela vai ser honrada", explica.
Para Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, ao investir na renda fixa no atual cenário, "o brasileiro é bem pago para ficar esperando para ver o que vai acontecer".
Ele cita como exemplo a possibilidade de, atualmente, o investidor conseguir entrar em títulos isentos de pagamento de Imposto de Renda (IR) de emissores de bom rating, com liquidez e indexados a 92% do CDI, ele cita como exemplo.
Jesus também aborda oportunidades interessantes nos títulos prefixados com rendimento acima de 14% ao ano e os títulos atrelados à inflação que pagam a inflação (IPCA) mais uma taxa de 7% (o popular IPCA + 7%).
"O mercado já piorou bastante, então acredito que agora é até perigoso ficar tão pessimista", observa, destacando ainda que a decisão mais hawkish (dura) do que o mercado imaginava pelo Copom foi "muito boa" e deve se refletir positivamente nos ativos.
A Redoma Capital também tem olhado para os títulos atrelados ao IPCA+ de emissores de qualidade e isentos, em prazos entre um e dois anos. Segundo Betina Roxo, sócia e vice-presidente da Redoma, as taxas no crédito privado continuam atrativas, e esses papéis protegem da inflação.
"É importante ser muito seleto e respeitar o perfil e o objetivo do investidor", afirma Roxo. Ela acrescenta que a renda fixa internacional também segue atrativa, com os rendimentos dos Treasuries - os títulos do Tesouro americano - acima de 4% em dólar.
Para saber mais sobre as recomendações de investimento do BB para 2025, acesse Onde investir 2025.
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