Três passos para um consumo mais consciente e sustentável
Aprenda a consumir de forma consciente e aplicar a sustentabilidade no seu dia a dia
Publicado por: Broadcast Exclusivo
6 minutos
Atualizado em
17/05/2023 às 14:11
Por Gustavo Boldrini, do Broadcast
Diversas empresas e governos pelo mundo têm se empenhado em promover a agenda de sustentabilidade, mas velhos hábitos de consumo que não levam em conta o impacto ambiental podem ameaçar esses esforços.
Se a sustentabilidade tem sido palavra de ordem no mundo dos negócios e dos investimentos, os consumidores também podem mudar seus hábitos e adotar uma agenda mais consciente e ambientalmente responsável.
Cada morador de áreas urbanas do Brasil produz mais de um quilo de lixo por dia, em média, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Somente em 2022, o Brasil produziu 81,8 milhões de toneladas de lixo nas áreas urbanas, o equivalente a 224 mil toneladas por dia e 381 quilos de resíduos por pessoa, ainda de acordo com o levantamento. Por outro lado, o volume de resíduos sólidos urbanos produzidos em 2022 foi 1% menor que o do ano anterior - já é um avanço.
Se por um lado uma pesquisa da Nielsen, de 2019, mostrou que 42% dos consumidores brasileiros estavam mudando seus hábitos de consumo para reduzir o impacto no meio ambiente, outro levantamento do instituto Kantar, divulgado em 2021, apontou que 38% dos consumidores da América Latina gostariam de comprar produtos com embalagens mais sustentáveis, mas que muitas vezes não o fazem devido ao preço.
Ou seja: tanto consumidores quanto empresas e a sociedade em geral ainda têm um longo caminho a percorrer para garantir que o consumo consciente seja a regra e não a exceção.
O que é o consumo consciente
Antes de tudo, precisamos entender o conceito de consumo consciente. Para o Instituto Akatu, organização sem fins lucrativos que promove ações em torno desse assunto, "consumir com consciência é consumir diferente, tendo no consumo um instrumento de bem estar e não um fim em si mesmo".
Ou seja: o consumo consciente, além de dizer respeito a questões ambientais, também engloba fatores financeiros e emocionais. Por isso, uma das recomendações do Akatu é que o consumidor sempre esteja avaliando os princípios que orientam suas opções de compra e seus hábitos.
Dito isso, vamos conhecer algumas das principais dicas para um consumo consciente e ambientalmente responsável, com base em materiais do Instituto Akatu e de outras entidades que estudam o assunto:
1 - Consuma apenas o necessário
Para começar, precisamos examinar nossa rotina e perceber se estamos exagerando em algum aspecto. Muitas vezes, na ânsia de aproveitar um preço atraente de algum alimento, enchemos o carrinho com aquele produto no supermercado, mas sequer conseguimos consumir tudo na nossa casa. E aí o destino final de grande parte daquilo que compramos será o lixo.
Portanto, é importante comprar apenas o necessário, ainda que haja a tentação de encher o carrinho sem necessidade. Pode parecer simples, mas vários especialistas dizem que se alimentar bem antes de fazer as compras no supermercado é uma boa opção, afinal, a fome não vai guiar nossas escolhas e, além de economizar dinheiro e evitar gastos desnecessários, estaremos ajudando o planeta. "A impulsividade é inimiga do consumo consciente", afirma o Instituto Akatu.
2 - Separe o lixo corretamente
É óbvio que produzir lixo é inevitável. Mas é possível produzi-lo de forma menos danosa ao meio ambiente. Em casa, crie o hábito de separar seus resíduos: os recicláveis (plástico, papel, metais e vidros) em um recipiente e os orgânicos (restos de alimentos) em outro.
O tratamento adequado do lixo é um dos elementos mais importantes em torno do conceito de economia circular, utilizado por diversas autoridades no assunto hoje. Esse conceito basicamente associa o desenvolvimento econômico dos países à forma como eles utilizam seus recursos naturais por meio da otimização de processos - incluindo a reciclagem dos resíduos.
Portanto, dar um destino devido ao lixo que produzimos é até mesmo uma forma de contribuir com o desenvolvimento sustentável da economia do nosso país. Algo muito simples, mas com uma grande importância. O Instituto Akatu lembra que a reciclagem apoia "a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos".
3 - Fuja do *greenwashing
Se você é um investidor que gosta de levar em conta aspectos da agenda ESG (sigla em inglês para resumir aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa) certamente já ouviu falar em greenwashing . O termo traduzido para o português significa "lavagem verde", e basicamente resume a ideia de organizações que fazem propaganda sobre sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, mas não a aplicam na prática.
Essa falsa aparência pode levar consumidores a comprarem produtos sem responsabilidade ambiental pensando que estão fazendo o contrário. Por isso, é necessário se informar. Preste atenção se aquele produto realmente tem credenciais ecológicas, ou se o fabricante está se utilizando de informações falsas e pouco precisas para vendê-lo.
Em 2019, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) analisou mais de 500 produtos de limpeza, higiene e utilidade doméstica e notificou dezenas de empresas para prestarem esclarecimentos sobre supostas informações enganosas e adequarem suas embalagens.
"Em geral, a estratégia é utilizar termos vagos e sem embasamento, que levam o consumidor a acreditar que ao comprar um produto ecológico está contribuindo para a sustentabilidade ambiental e animal", afirma o Idec no documento. Ou seja, todo cuidado é pouco.
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