moedas de bitcoin cripto caindo espalhadas sob fundo azul

Renda passiva em criptomoeda existe, sabia? Conheça o staking

Alguns tipos de investimento cripto permitem uma remuneração adicional, como se fosse uma correção monetária

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

16/09/2024 às 15:30

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

São Paulo, 16/09/2024 - Estreou na B3 há cerca de uma semana a negociação do SOLH11, o segundo fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) do mercado brasileiro ligado à criptomoeda Solana. O produto, gerido pela Hashdex, segue o índice Nasdaq Solana Reference Rate e traz como novidade o programa de staking da própria gestora.

Com o staking, que é uma espécie de incentivo aos investidores de criptomoedas, os ganhos do ETF devem ser impulsionados, de acordo com Pedro Lapenta, head de research da Hashdex. "Os novos tokens gerados pela atividade de staking são incorporados ao patrimônio líquido do fundo, beneficiando todos os cotistas e podendo, por exemplo, abater ou até neutralizar os custos totais do fundo", aponta. Para entender o processo, vamos por partes.

O que é staking?

Staking é um processo utilizado por algumas redes blockchain que consiste na retenção de uma certa quantidade de criptomoedas em uma carteira a fim de validar novas transações em troca de recompensas.

Numa rede blockchain, é necessário se valer de algum mecanismo para garantir a segurança das transações e validar a criação de novas criptomoedas. No caso das plataformas que possuem o staking, essa validação se dá por meio da retenção de alguns ativos, que são oferecidos pelos investidores e ficam "congelados" na rede.

Esses ativos servirão como uma espécie de garantia para que os agentes que atuam na rede blockchain possam criar novas criptomoedas. Em troca, o investidor que entregou suas criptomoedas para o staking receberá algum tipo de recompensa.

"Staking é um processo em que o investidor bloqueia seus criptoativos com um validador de blockchain, com o objetivo de ser recompensado com novos tokens quando seus ativos 'em stake', fazem parte deste processo de validação de dados na blockchain", explica Nicole Dyskant, advogada especializada em regulação de ativos digitais e Global Senior Advisor de companhias como Mercado Bitcoin, Fireblocks e Taxbit.

O staking é uma opção em redes que se utilizam do mecanismo de Proof of Stake (PoS) para a validação de novas criptomoedas e expansão da rede. As mais famosas são o Ethereum (ETH), Solana (SOL) e Cardano (ADA).

Como aderir ao staking?

O staking geralmente é um processo realizado por plataformas especializadas no mercado cripto, como as Exchanges (corretoras cripto) ou prestadoras de serviço que são focadas nisso. Se um investidor comum quiser aderir ao staking em seu investimento de Ethereum ou Solana, por exemplo, precisará acionar a sua plataforma de investimentos e verificar se ela oferece esse serviço.

  • Um exemplo: imagine que um investidor possui 10 unidades de Ethereum compradas por meio de uma exchange. Essa exchange, ou corretora, oferece o programa de staking, e o investidor decide aderir a ele. Com isso, todas as 10 unidades de ETH daquele investidor serão capturadas pela exchange e "bloqueadas" dentro da rede. Conforme essas criptomoedas são utilizadas como validadoras de novas unidades de ETH na rede, o investidor recebe como recompensa uma parte dessas novas criptomoedas.

Com isso, além da variação do preço do ETH no mercado, sua rentabilidade naquele criptoativo é acrescida dos ganhos com o staking.

Mas há um risco dessa atividade quando os investidores fornecem seus criptoativos para staking e esse serviço eventualmente estiver associado a prestadores sediadas no exterior, portanto não reguladas pela lei brasileira.

O mercado de criptomoedas no Brasil é regulado pelo Marco Legal dos Criptoativos, a lei 14.478/2022, e o Banco Central é o órgão que exige autorização para a prestação de serviços de ativos virtuais. Portanto, procurar um prestador local é mais seguro para o investidor. Do contrário, os investidores perdem o controle sobre tais ativos e assumem os riscos associados a essas plataformas ou prestadores de serviços, "que em sua maioria não são ainda regulados", alerta a especialista.

Staking é igual a dividendo?

Embora seja um benefício ao detentor do título, o staking não é igual ao dividendo, que por sua vez está relacionado à obtenção de lucros por empresas listadas em bolsa. Segundo a especialista Nicole Dyskant, o staking é mais parecido com uma correção monetária.

"É uma espécie de juros, de remuneração pelo seu investimento. Você empresta seu token pra validar novos e ganha recompensa", explica a advogada.

Tem staking no Bitcoin?

O Bitcoin não possui a possibilidade de staking porque não trabalha sob o mecanismo de Proof of Stake, mas sim de Proof of Work (PoW, na sigla em inglês). Enquanto o PoS utiliza blocos de criptomoedas como mecanismo de consenso para a criação de novos ativos na rede, no PoW as novas criptomoedas são criadas quando os mineradores resolvem problemas criptográficos na rede.

Ao resolver esses problemas, os mineradores adquirem o direito de criar novos blocos de Bitcoin na blockchain, recebendo quantidades da própria criptomoeda como recompensa.

Outra diferença reside no consumo de energia: por depender de um processo de mineração complexo, redes que utilizam PoW, como o Bitcoin, são altas consumidoras de energia, enquanto no PoS o processo é simplificando, gerando economia de tempo e energia no processo de criação de novas moedas.

Como funciona o staking em um ETF?

Especialistas veem os ETFs cripto como uma forma mais fácil de o investidor pessoa física aportar em criptomoedas diretamente na Bolsa, sob as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da própria B3. No caso do staking, o caráter de renda passiva também pode ser atraente para o investidor pessoa física.

No caso do SOLH11, ETF de Solana da Hashdex que oferecerá o programa de staking da companhia, o investidor não vai precisar se preocupar em entregar seus ativos ou assinar algum termo de aceite. Afinal, eventuais ganhos da Hashdex com o staking de seus ativos de Solana já estarão inclusos na variação do ETF, e o dinheiro em caixa é aplicado em títulos de renda fixa de curto prazo para gerar um retorno adicional, exatamente como ocorre em produtos tradicionais.

"O programa de staking tem o objetivo de reduzir ou eliminar os custos do fundo, de forma que a performance do ETF seja a mais próxima possível do índice de referência, no caso, a própria Solana", explica Pedro Lapenta.

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