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Stablecoins crescem no Brasil enquanto mercado espera por regulamentação

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

29/10/2024 às 10:00

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Gustavo Boldrini e Aramis Merki II

São Paulo, 29/10/2024 - As exchanges Bitso, Foxbit, Mercado Bitcoin (MB) e Cainvest criaram um consórcio para lançar uma stablecoin pareada ao real, a BRL1, nas principais redes de negociação de criptoativos. A BRL1 deve ser lançada ainda neste ano, com o objetivo de facilitar as transações entre as plataformas do consórcio em real.

As stablecoins vêm crescendo no universo de criptoativos no Brasil. Segundo relatório da consultoria Chainalysis, entre a metade de 2023 e a metade de 2024, houve um crescimento de mais de 200% nas transações envolvendo esse tipo de ativos no Brasil.

Atualmente, as stablecoins lastreadas em dólar (USDT) superam com larga margem os criptoativos em volume de negociação segundo dados recebidos pela Receita Federal. Em agosto, o valor total da USDT foi de R$ 16,4 bilhões, enquanto o bitcoin, a primeira e mais conhecida criptomoeda, ficou em R$ 5,2 bilhões no mês.

O Banco Central trabalha para que em 2025 saia a regulamentação sobre as stablecoins. Representantes do mercado veem que as regras são imprescindíveis para este tipo de ativo ganhar ainda mais espaço e segurança institucional. Além disso, é esperada ainda para outubro a consulta pública do BC sobre a conduta, organização e processo de autorização das empresas provedoras de serviços e ativos virtuais (Vasp, na sigla em inglês).

No Brasil, especialistas destacam o desenvolvimento do mercado cripto regulado como fator de adesão crescente do investidor institucional, ou seja, grandes bancos e fundos.

"O ecossistema amadureceu significativamente. Vimos vários bancos tradicionais lançarem produtos de corretagem de criptomoedas ou construindo ativamente seus próprios produtos semelhantes. Também temos visto grandes exchanges globais, como OKX e Coinbase, fazendo lançamentos importantes no país, com equipes locais", avalia Aaron Stanley, especialista em criptoativos e fundador do Brazil Crypto Report.

Stanley também cita o desenvolvimento do Drex, o projeto de real digital do Banco Central, como um fator que tem levado instituições tradicionais a "serem mais inovadoras" nas suas estratégias referentes a ativos digitais.

Para André Portilho, head de Ativos Digitais do banco de investimentos BTG Pactual, o amadurecimento do mercado cripto no Brasil tem possibilitado aos investidores utilizarem os ativos digitais como forma de diversificar seus portfólios.

"Os investidores estão cada vez mais integrando ativos digitais em suas estratégias de alocação de ativos, vendo-os como investimentos alternativos valiosos que oferecem o potencial de retornos aprimorados", afirma.

Ele acrescenta que o crescimento da atividade institucional de criptoativos no Brasil "pode ser parcialmente atribuída à evolução regulatória e à entrada de instituições americanas no mercado de criptomoedas", com destaque para os lançamentos de fundos negociados em bolsa (ETFs) ligados ao Bitcoin e ao Ethereum.

O que são stablecoins?

As stablecoins são um tipo de criptomoeda cujo rendimento é atrelado a algum ativo específico ou a uma cesta de ativos. Geralmente são atreladas a moedas fiduciárias como o dólar, o real, o euro e a libra esterlina, ou a commodities como o ouro.

A ideia da stablecoin é ser um ativo que mantenha um valor estável em relação a uma moeda, facilitando a circulação dos valores nas redes blockchain. Por isso, a ideia de estabilidade está até presente no nome do ativo: "stable" (estável) + "coin" (moeda).

No Brasil, stablecoins atreladas ao dólar, como a famosa USDT, costumam ser oferecidos por corretoras e exchanges aos seus clientes como uma forma de expor parte do patrimônio à moeda americana, que é considerada uma reserva de valor.

Segundo Stanley, esse número pode ser explicado pelo fato de que diversas exchanges e corretoras "oferecem stablecoins atreladas ao dólar (USD) para seus clientes com a ideia de oferecer exposição à moeda americana como reserva de valor.

Para que servem as stablecoins?

O mundo cripto desenvolveu as moedas lastreadas em ativos do "mundo real", como divisas e commodities, para que existisse um ativo livre de risco nas operações entre criptoativos. Com o tempo, as stablecoins ganharam espaço com casos de uso como pagamentos internacionais e remessas transfronteiriças. A alternativa se mostrou vantajosa para pessoas físicas e empresas pela velocidade das transações e a menor burocracia.

Com isso as stablecoins acabam facilitando a negociação, empréstimos, pagamentos e outras atividades financeiras, oferecendo a estabilidade de preços necessária para transações cotidianas e contratos financeiros que envolvem países diferentes.

No caso das stablecoins atreladas ao real como a BRZ, da plataforma Transfero, por exemplo, o principal uso de moedas ligadas à divisa brasileira são as remessas internacionais. Outro uso relevante é o de investidores institucionais brasileiros do mundo cripto, que conseguem operar em exchanges estrangeiras com mais facilidade.

Quais são as principais stablecoins do real?

Entre as moedas pareadas ao real, a BRZ é a que aparece com maior destaque no relatório da Receita, com valor total negociado de R$ 257 milhões em agosto.

No agregador de dados cripto Coin Gecko, a BRLA é a maior stable atrelada ao real. O cofundador Leandro Noel afirma que os clientes são, principalmente, empresas estrangeiras que realizam negócios no Brasil sem ter sede aqui. Atualmente são 20 empresas parceiras que movimentaram R$ 200 milhões no mês de setembro.

A BRL1, que será lançada por Bitso, Foxbit, Mercado Bitcoin e Cainvest ainda neste ano, terá como foco as transações de ativos entre as plataformas. Segundo Babi Espir, country manager da Bitso no Brasil, "a BRL1 foi criada para trazer mais liquidez e interoperabilidade entre as exchanges brasileiras, simplificando o fluxo de transações entre elas e introduzindo uma camada adicional de segurança e estabilidade ao mercado".

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