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Por que o jovem brasileiro ainda tem a poupança como principal produto de investimento

Pesquisas apontam que o jovem brasileiro ainda é conservador e não tem controle sobre suas finanças

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura3 minutos

Atualizado em

16/10/2024 às 10:27

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

O jovem brasileiro possui um perfil conservador quando o assunto é investimento. É o que mostra um levantamento da Rico que aponta que 50% dos jovens de 24 a 35 anos que já realizaram algum tipo de investimento financeiro ainda possuem recursos na poupança. Já um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que entre os jovens de 18 a 24 anos, 53% mantêm dinheiro na poupança.

  • A pesquisa da CNDL/SPC Brasil traz um outro dado preocupante: quase metade (47%) dos jovens da chamada Geração Z (de 18 a 24 anos) não realiza o controle de suas finanças pessoais. Entre eles, 19% apontaram que não sabem como fazer, 18% apontaram que não possuem hábito ou disciplina e 18% disseram ter preguiça.

Apesar da baixa remuneração, a facilidade de se investir na poupança, a liquidez imediata e a isenção de pagamento de Imposto de Renda (IR) são alguns fatores que levam as pessoas a recorrerem a ela. Em outras palavras, a poupança é considerada uma espécie de refúgio para quem não está disposto a correr riscos no mercado de investimentos e apenas deixar seu dinheiro lá, guardado.

Por outro lado, especialistas e investimentos costumam apontar para a baixa rentabilidade da poupança como uma espécie de "risco de oportunidade". Isto é, ao investir na poupança ao invés de outros títulos também de baixo risco mas com maior rentabilidade, o investidor corre o risco de ver seu dinheiro render menos, podendo até mesmo render abaixo da inflação.

A influência da família

Uma das dificuldades encontradas por muitos jovens ao lidar com o dinheiro é a falta de bons exemplos dentro de casa. Por isso, muitas vezes é preciso buscar o conhecimento na internet, acessando conteúdos de qualidade sobre finanças.

"Como sabemos, a educação financeira não faz parte da cultura do nosso País, e a maioria dos jovens não verá bons exemplos dentro de casa quando se fala sobre controle financeiro. É exatamente por isso que precisamos da criação de cada vez mais conteúdos e materiais que procurem explicar como funciona esse universo das finanças e dos investimentos para aqueles que estão iniciando esse caminho", aponta a influenciadora Malu Finanças.

Por trás deste conselho está uma menina de 14 anos. Sim, Maria Luiza Lira, a Malu Finanças, é um exemplo de como a educação financeira é capaz de transformar a relação dos mais novos com o dinheiro. Ela já escreveu 15 livros voltados à educação financeira de crianças e adolescentes e hoje atua como embaixadora da plataforma Me Poupe!, realizando palestras sobre o tema.

Vicente Lo Duca, estrategista-chefe de investimentos do Banco do Brasil, concorda que o fator familiar é importante. "Aqueles com menor conhecimento ou sem apoio familiar tendem a ser mais conservadores nos investimentos, pela menor capacidade de recuperação em caso de perdas. Em contraste, jovens com suporte familiar sólido podem demonstrar maior disposição para assumir riscos", explica.

Além disso, existe uma espécie de memória afetiva nas famílias brasileiras com a poupança. "A tradição da poupança como a escolha segura e confiável de investimento ainda é muito presente na mentalidade dos brasileiros".

Autoconhecimento é o primeiro passo

Sair da poupança e começar a se aventurar no Tesouro Direto e em outros títulos de renda fixa, até chegar um dia na renda variável, é um processo que exige paciência e preparo. Por isso, antes de tudo, é necessário se conhecer.

"O primeiro passo é conhecer a si mesmo. E aqui não se trata apenas de identificar o perfil de investidor, que normalmente é classificado como conservador, moderado, arrojado ou agressivo. Trata-se de entender qual é o seu perfil comportamental em relação ao processo de investir. Você tem um perfil mais delegador? Ou é mais estudioso? Essa compreensão permitirá mensurar o tempo e a energia a serem dedicados ao tema", diz Lo Duca, do BB.

"Jovens na faixa etária de 24 a 35 anos, geralmente, encontram-se em fase de planejamento ou aquisição de imóveis e formação de família, consumindo grande parte dos recursos acumulados. Este cenário, naturalmente, reduz a disposição para assumir riscos nos investimentos", afirma o especialista.

Para quem está caminhando para a casa dos 30 anos, já começa a fase de pensar em planos futuros como a compra do imóvel próprio e o casamento. Com isso, a aversão à tomada de risco nos investimentos cresce. Afinal, é preciso proteger ao máximo seu dinheiro.

Segundo Malu Finanças, o jovem precisa trabalhar também suas expectativas. "Muitos novos investidores entram no mercado sem uma estratégia, esperando ganhar rios de dinheiro logo de cara, porque criam expectativas irreais a partir de relatos online. Isso faz com que eles acabem perdendo dinheiro no final, por falta de planejamento e conhecimento", afirma ela, acrescentando que é preciso conhecer as características de cada ativo antes de investir.

"O dinheiro, para mim, sempre foi uma ferramenta, um pedaço de papel que poderia ser usado para comprar coisas que eu queria, alcançar sonhos, doar e ajudar as pessoas. Quando descobri que investimentos fariam esse dinheiro, que antes ficava parado, crescer e ainda protegeriam da inflação, corri para aprender mais sobre o assunto e poder colocar esses novos conhecimentos em prática", conta a influenciadora.

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