plataforma de petróleo sob o mar

Petrobras (PETR4): Confira a opinião do BB investimentos sobre o plano de negócios 2025-2029

Especialista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, analisa o novo plano de negócios da Petrobras, para o período 2025-2029.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura8 minutos

Atualizado em

22/11/2024 às 17:46


A Petrobras divulgou ontem a atualização de seu Plano Estratégico para 2025-2029, com mudanças que entendemos como positivas em relação ao plano anterior (2024-2028). A companhia reforça o foco no pré-sal, prosseguindo com prioridade no Capex total, ao passo em que promove mudanças na alocação para priorizar setores estratégicos.

O investimento total foi elevado para US$ 111 bilhões, +8,8% em relação ao plano anterior. O foco segue em exploração e produção (E&P), que receberá 82% do Capex total, buscando aumentar a produção no pré-sal, cuja competitividade é sustentada por custos baixos e elevado potencial de crescimento, com a previsão de entrada de novas plataformas. O plano demonstra um equilíbrio entre a consolidação de seu negócio mais rentável, o pré-sal, ao mesmo tempo em que amplia iniciativas em refino (+17% em relação ao plano anterior) e em energias de baixo carbono, que devem responder por 15% do Capex ao longo dos cinco anos do plano, ante uma projeção de 11% no PNE 2024-2028.

Em E&P, a produção de petróleo e gás natural deve alcançar 3,2 milhões de boe/dia até 2029, 200 mil boe/dia a mais do que a previsão anterior, refletindo a entrada dos 10 novos sistemas de produção que estão previstos, com manutenção da boa eficiência operacional no pré-sal, o que pode ser observado com a projeção de um Brent de equilíbrio de, em média, US$ 28 por barril, que garante rentabilidade mesmo em cenários de baixos preços de petróleo no longo prazo.

Em refino, transporte e comercialização (RTC), os investimentos devem chegar a US$ 19,6 bilhões, com foco na ampliação e modernização do parque para atender à demanda interna e à crescente demanda por produtos de menor pegada de carbono. O plano envolve o aumento da capacidade de destilação, de 1.813 mil barris por dia (bpd) para 2.105 mil bpd, com destaque para os projetos da RNEST, que incluem revamp (ampliação) do Trem 1 e conclusão do Trem 2. A capacidade de produção de diesel S-10 deve aumentar em 300 mil bpd até 2029, graças à conclusão dda RNEST e outras atualizações em refinarias estratégicas, como REPLAN e REVAP.

A companhia já tem acertado, em nossa visão, na otimização do uso do seu parque de refino, como podemos ver pelas maiores médias do fator de utilização: média de 93% desde o segundo trimestre de 2023, ante uma média de 77% no período 2017-2019 e aos 83% de média entre 2020 e 2022. Tal dinâmica, de manter bons níveis de vendas e elevado uso do parque de refino, sinaliza que a política comercial (que considera o custo alternativo do cliente e o valor marginal dos produtos com bandas de preços) permitiu que a empresa mantivesse um bom nível de market share, mesmo com a entrada, a partir de 2022, de elevados volumes de derivados importados.

No segmento de gás natural, os investimentos previstos totalizam US$ 2,6 bilhões, com avanços importantes na infraestrutura, como o início de operação do projeto SEAP (Sergipe Águas Profundas), que adicionará capacidade de oferta ao mercado nacional, fortalecendo a integração do gás natural no portfólio da companhia, o que deve colaborar para menores preços e atingimento as metas de menor pegada de carbono.

Em transição energética e baixo carbono, houve elevação do Capex destinado a energias renováveis e projetos de baixo carbono, agora alocado em US$ 16 bilhões (15% do capex total), acima dos 11% previstos no plano anterior. Essa ampliação reflete uma estratégia de diversificar o portfólio energético, priorizando geração renovável onshore (eólica/solar); bioprodutos (etanol, biodiesel e biometano); hidrogênio de baixo carbono; captura, transporte e armazenamento de carbono (CCUS) e outros. A abordagem gradual da Petrobras ajuda a mitigar riscos, ao passo em que possibilita avanços em parcerias, especialmente na exploração de tecnologias emergentes, como hidrogênio verde e captura e armazenamento de carbono (CCUS).

O desafio reside em conciliar a execução do plano de renováveis sem comprometer o retorno sobre o capital empregado (ROCE), que é estruturalmente maior nos projetos de E&P. A companhia divulgou como taxas de retorno (TIR, em dólares) para cada segmento: Exploração & Produção: 22% RTC: 14% e Gás & Energias de Baixo Carbono: >10%. A princípio poderia parecer que esses últimos investimentos são baixos para a companhia. No entanto, a perspectiva de um pico de demanda global de petróleo até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), reforça a necessidade de diversificação de portfólio.

É certo que tal diversificação possui riscos relevantes, principalmente devido às dificuldades de implantação e aos baixos retornos nesse tipo de investimento. Mas, cabe lembrar: (i) quando o pré-sal foi descoberto, em 2006, houve forte questionamento sobre a viabilidade da extração, dada a profundidade dos campos e os custos inicialmente elevados, algo que levou diversos anos e muita pesquisa para se chegar ao patamar atual, um dos menores do mundo (e cerca de metade do lifting cost das petroleiras nacionais independentes); (ii) até o momento, a Petrobras possui uma abordagem gradual na alocação de recursos para os segmentos de energia renovável, em segmentos cujos retornos devem ser crescentes na medida em que avanços tecnológicos forem obtidos nas quatro áreas estratégicas: bioprodutos, hidrogênio e baixa emissão de carbono, geração renovável e CCUS (captura de carbono).

Dividendos

Como comentamos anteriormente, a Petrobras tem mantido uma remuneração aos acionistas bastante superior a seus pares, graças à forte geração de caixa operacional, gestão do endividamento e pelo baixo patamar de alavancagem. Na gestão de dívidas, temos visto uma estratégia mais ativa de recompras, com consequente redução do custo médio da dívida. A companhia anunciou, junto com o novo plano, o pagamento de dividendos extraordinários no valor total de R$ 20 bilhões, correspondendo a R$ 1,55174293 por ação (sendo R$ 15,6 bilhões em dividendos intermediários e R$ 4,4 bilhões em dividendos intercalares, com base na reserva de remuneração do capital). A distribuição será feita em parcela única, com data de corte em 11/12/24 para ações na B3 e record date em 13/12/24 para ADRs na NYSE. O pagamento ocorrerá em 23/12 para ações na B3 e em 03/01/25 para ADRs, com ajuste do valor pela taxa Selic até o final do exercício social.

Em resumo, o novo PNE da Petrobras não trouxe grandes surpresas, e demonstra que a companhia segue atenta em manter o equilíbrio entre a necessidade de maior diversificação energética e garantir retornos robustos para seus acionistas, mantendo o pré-sal como prioridade estratégica. Houve outras mudanças que entendemos como positivas, como estabelecimento de uma faixa mais ampla para seu endividamento, indo de US$ 55 bilhões a US$ 75 bilhões (antes, abaixo de US$ 65 bilhões), e diminuição do caixa mínimo de US$ 8 bilhões para US$ 6 bilhões, o que avaliamos fazer sentido, dado o menor custo de capital da companhia e o fato de permitir maior flexibilidade, dado o avanço dos afretamentos na composição total da dívida bruta. Para os minoritários, o foco deve seguir em monitorar a execução desse plano, especialmente em áreas como governança, alocação de capital e retornos/crescimento dos segmentos para além do E&P. Mas, de modo geral, vemos uma continuidade da já acertada estratégia de competitividade e crescimento que vem garantindo boa geração de caixa. Seguimos com uma visão otimista para a companhia, com recomendação compra e preço-alvo de R$ 48,50 para 2025.

PETR3 vs PETR4 vs IBOV

Quer dar uma nota para este conteúdo?

Falar com o assistente virtual do BB no WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência e personalizar os conteúdos de acordo com a nossa Política de Privacidade.