Petrobras (PETR4): introduzindo novo preço-alvo de R$ 48,50 para 2025
Especialista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, divulga suas projeções financeiras, dividendos e perspectivas para a Petrobras.
Publicado por: Análise BB
6 minutos
Atualizado em
25/09/2024 às 14:28
A Petrobras tem demonstrado uma performance financeira sólida nos últimos anos, contando com uma combinação de baixos custos de extração, petróleo em patamar favorável e um operacional robusto. Olhando adiante, vemos a manutenção de tais pilares, contando também com as perspectivas de crescimento da produção, bem como endividamento sob controle e uma política de dividendos e recompra de ações que deve seguir trazendo bons retornos para os minoritários, ainda que alguns riscos sigam no radar.
Operacional: A Petrobras consegue, graças a seus fortes investimentos em P&D e à característica de elevado volume no pré-sal, manter custos de extração entre os mais competitivos do mundo, registrando uma produtividade elevada em E&P, ao passo em que avanços importantes têm sido feitos em refino. A entrada de novas plataformas, como os FPSOs Almirante Barroso, Anna Nery e Anita Garibaldi, foi um dos principais gatilhos para o crescimento de 3,7% na produção total de óleo e gás em 2023, puxada pela elevação de 10,2% na produção no pré-sal. Esperamos um crescimento significativo até 2028, impulsionado por novos projetos em campos como Búzios e Mero, que devem colaborar para que a produção passe dos atuais de 2,2 MMboed para 2,7 MMboed até 2028.
No segmento de refino, vemos uma taxa de utilização do parque em média de 93% desde o segundo trimestre de 2023, uma elevação frente à média de 77% no período 2017-2019 e aos 83% de média entre 2020 e 2022. Tal dinâmica, de manter bons níveis de vendas e elevado uso do parque de refino, sinaliza que a política comercial (que considera o custo alternativo do cliente e o valor marginal dos produtos com bandas de preços) permitiu que a empresa mantivesse um bom nível de market share, mesmo com a entrada, a partir de 2022, de expressivos volumes de diesel de origem russa com preços bastante descontados em relação aos praticados na referência do golfo do México, ou seja, a companhia ganhou participação de mercado antes detida por importadores.
Permanece como ponto de atenção operacional a escassez de fornecedores de FPSOs e alguns tipos de embarcações de apoio, o que pode limitar o ritmo de expansão da produção conforme o previsto. Isso porque, a depender do modelo de contratação, podem ocorrer atrasos significativos e/ou custos mais elevados. Esse tipo de dinâmica pode ser observado nas licitações ocorridas neste ano para SEAP e Barracuda.
Petróleo. Os preços da commodity sofreram forte queda nas últimas semanas, com demanda menor do que o esperado, especialmente na China. Assim, ainda que os riscos geopolíticos sigam no radar, com recente aumento das tensões no Oriente Médio gerando preocupações com eventual impacto na oferta, entendemos que as preocupações com a demanda mais fraca tem sido mais relevantes para a formação de preços, levando em conta também a crescente mudança para fontes renováveis. Com isso, mesmo com os atuais cortes da Opep+, entendemos que deve se manter uma pressão baixista sobre os preços, com piso nos US$ 70. Vemos como possíveis gatilhos para altas mais fortes nos preços: i) eventual acirramento dos conflitos no Oriente Médio, principalmente caso ocorra envolvimento direto do Irã, país que possui elevada produção e até o momento tem se envolvido de modo mais indireto; ii) ocorrência de um inverno mais rigoroso no hemisfério norte, elevando consumo de derivados e de gás natural; iii) eventuais novos cortes por parte da Opep+. Já os gatilhos para baixa, envolvem: i) eventual desaquecimento econômico global; ii) queda ainda maior na demanda chinesa; iii) aumento da produção maior do que o previsto em grandes produtores de petróleo, o que pode gerar um excesso de oferta que agravaria a condição atual de demanda menor do que o previsto. Nossa projeção de preços de petróleo foi atualizada para US$ 82,86 para 2024 e US$ 79,42 para 2025.
Dividendos. A Petrobras tem mantido uma remuneração aos acionistas bastante superior a seus pares, graças à forte geração de caixa operacional que as condições acima têm trazido, reforçada pela boa gestão do endividamento e pelo baixo patamar de alavancagem. Na gestão de dívidas, temos visto uma estratégia mais ativa de recompras, com consequente redução do custo médio da dívida. A remuneração total ao acionista ficou em R$ 94,4 bilhões em 2023, um payout de 75,4%. Com isso, no ano passado, a Petrobras entregou um retorno de dividendos de 23,4%, considerando a média das cotações de ambas ações em 2023, representando o segundo maior montante pago entre as seis maiores petroleiras globais, atrás apenas da Saudi Aramco. Em nosso modelo, consideramos uma distribuição de 36% do lucro líquido 2025E, estimado em R$ 119 bilhões, ponderando a fórmula atual de distribuição de 45% do fluxo de caixa livre (FCL). Isso deve resultar em uma distribuição de R$ 3,49 por ação para 2025 (yield de 6,6%). Essa é uma projeção conservadora, ou seja, o que entendemos como payout mínimo dadas as regras vigentes, e que tem chances de ser elevada pela distribuição de dividendos extraordinários.
Valuation
Revisamos nossas estimativas para a Petrobras e introduzimos nosso novo preço-alvo para 2025 de R$ 48,50 para ambas PETR4 e PETR3. Nossa avaliação deriva de um método de Fluxo de Caixa Descontado (DCF) de dez anos, assumindo um WACC em 12,6% e um crescimento na perpetuidade (g) de 2,0%.
A Petrobras tem importantes desafios de longo prazo, notadamente na reposição de reservas e aspectos ambientais, considerando o contexto de transição energética e a crescente pressão por práticas mais sustentáveis. No caso da margem equatorial, uma das áreas mais promissoras para novas descobertas de petróleo, existem importantes dúvidas sobre as consequências ambientais da exploração. Caso aprovada a licença para exploração na região, a Petrobras terá que adotar práticas de exploração extremamente responsáveis para mitigar os impactos ambientais, dada a sensibilidade da região e os impactos materiais, de imagem e o modo de vida dos povos envolvidos.
Nossa tese de investimento se baseia em: (i) perspectivas de aumento da produção com a entrada de novos sistemas nos próximos anos; (ii) baixos custos de extração (lifting cost), principalmente nos campos do pré-sal; e (iii) boas perspectivas de geração de caixa e distribuição de dividendos. Colabora para tal visão mais otimista nosso entendimento de que atual plano estratégico mantém as principais premissas que trazem previsibilidade para os investidores minoritários, como caixa de referência em US$ 8 bilhões, endividamento abaixo de US$ 65 bilhões e manutenção da política de dividendos (45% do fluxo de caixa livre).
Assim, seguindo com o entendimento de que permanecem vigentes as boas perspectivas de geração de caixa, baixo custo de extração e crescimento da produção, mantemos nossa recomendação compra e apresentamos o novo preço-alvo de R$ 48,50 para 2025.
Os riscos de nossa tese de investimento incluem, entre outros: (i) volatilidade nos preços do petróleo; (ii) mudanças na política de preços da empresa; (iii) risco de execução de projetos em andamento e futuros; (iv) resultado desfavorável de discussões judiciais, inclusive tributárias e trabalhistas; e (v) volatilidade cambial.
PETR3, PETR4 e Ibovespa
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