Resultado menor abala momento positivo? Confira a análise do 1T24 do Banco BMG (BMGB4) pelo BB-BI
Segundo analistas do BB Investimentos, o Banco BMG entregou no 1T24 um resultado positivo.
Publicado por: Análise BB
5 minutos
Atualizado em
23/05/2024 às 15:41
O Banco BMG apresentou no 1T24 um resultado que consideramos positivo, com lucro líquido recorrente de R$ 94 milhões, equivalente a um ROAE trimestral de 9,9%. O resultado foi favorecido por uma melhoria na margem financeira e custos bastante controlados, compensados negativamente por uma maior despesa com provisões.
Momento
Os destaques positivos do trimestre ficaram por conta, em nossa leitura, da carteira de crédito, da margem financeira e dos custos. Falando da carteira, vimos o banco expandindo em bom ritmo dentro dos negócios que considera sua vocação, que são os produtos consignados (cartão de crédito, empréstimos, e cartão benefícios). Consideramos mais justa a comparação ante o 3T23 ao invés do 1T23, já que foi a partir deste momento que vimos a maior parte da virada de chave para a nova fase do banco e, nesta base de comparação, vemos que o BMG imprime bom ritmo de crescimento nestas modalidades consideradas estratégicas (respectivamente 2,7%, 7,2%, 14,1%).
Já a margem financeira saltou 3,2% t/t e 10,1% a/a, favorecida pelas duas pontas: tanto a receita cresceu (spreads maiores) quanto o custo de captação se reduziu, o que consideramos uma tendência bastante benigna. Já os custos, ecoando os movimentos de reorganização promovidos pelo banco ao longo de 2023, bem como esforços na digitalização dos processos de contratação dos produtos consignados, suscetíveis, dado um contexto mercadológico, a ações cíveis massificadas, se mantiveram em ritmo significativamente controlados, variando, no agregado, 1,2% t/t e -0,8% a/a, registrando um índice de eficiência melhor, por conta das maiores receitas (53,7% ante 57,1% no 4T23), representando uma importante alavanca na construção recente de resultados melhores.
Do lado negativo destacamos o incremento do custo do crédito no trimestre (+8%), que, com maiores despesas com provisões e menores recuperações, acabaram prejudicando o resultado quando comparado ao trimestre anterior. Em nossa leitura, este incremento veio oriundo preponderantemente da maior inadimplência registrada no trimestre. Esta, por sua vez, influenciada por um fator tipicamente sazonal e visto em diversos outros pares no setor bancário. Vale salientar que a inadimplência, que saltou de 3,5% para 4,7% leva em consideração carteiras descontinuadas pelo BMG. Se consideradas apenas as carteiras que o banco intenciona trabalhar (running-bank), o índice na verdade melhorou: de 4,3% para 4,1% na passagem trimestral.
Desempenho das ações
O resultado do 3T23, em novembro de 2023 (quando, inclusive revisamos o preço-alvo e emitimos recomendação de compra), que cristalizou de forma mais contundente a melhoria das tendências operacionais do BMG foi o estopim para uma das melhores performances relativas do setor bancário em relação ao índice dos últimos tempos.
Ao longo de fevereiro-março-abril de 24, vimos a ação perder fôlego, movimento que atribuímos, em parte, à forte alta que já havia experimentado, mas também com o contágio de uma certa aversão ao risco que se abateu de forma disseminada no segmento renda variável no período.
Esperamos a retomada de algum fôlego e boa receptividade do mercado por conta do resultado do 1T24, ao que julgamos majoritariamente positivo.
Perspectivas
O BMG continua, em nossa opinião, avançando na construção do momento mais favorável do banco, mesmo considerando que o lucro líquido do 1T24 tenha sido inferior ao do 4T23. Devemos lembrar que, até pouco tempo atrás, tanto o lucro líquido quanto o resultado operacional do BMG apresentavam oscilações em torno da linha d'água. Então, enxergamos a sequência de mais um trimestre positivo com bons olhos e um atestado de que o banco parece ter de fato reencontrado seu caminho. Permanecemos otimistas quanto ao BMG, e estamos curiosos quanto aos desenvolvimentos, em especial, se haverá: i) continuidade de expansão de margem financeira; ii) expansão de carteira nos produtos core; e iii) manutenção do controle dos custos.
Preço-alvo e recomendação
Incorporamos os números do 1T24 ao valuation e apresentamos pequena alteração em nosso preço-alvo: R$ 4,10 (antes R$ 4,00). Salientamos que o valuation, embora sensível a uma provável volatilidade de resultados futuros, sustenta um crescimento de lucros factível, a julgar não apenas pelos resultados recentes, mas do que um dia o BMG já foi capaz de entregar em um passado não tão distante. Mantemos a recomendação de Compra, mas dada esta provável volatilidade de resultados, classificamos o BMG como uma compra de alto risco.
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Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não sejam incertas ou equivocadas, no momento de sua publicação, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Quaisquer divergências de dados neste relatório podem ser resultado de diferentes formas de cálculo e/ou ajustes. O Disclaimer completo encontra-se no relatório.
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