Consumidores buscam empresas sustentáveis mas não sabem o que é ESG, diz pesquisa
Segundo levantamento da OLX, 60% dos consumidores brasileiros sabem sobre sustentabilidade, mas 72% não conhecem o conceito ESG
Publicado por: Broadcast Exclusivo
4 minutos
Atualizado em
15/10/2024 às 16:46
Por Gustavo Boldrini, do Broadcast
Seis entre dez consumidores brasileiros se dizem bem informados sobre sustentabilidade, mas 72% admitem não conhecer sobre o conceito de ESG, que trata de boas práticas de meio ambiente, sociais e de governança corporativa. É o que aponta uma pesquisa da OLX, feita em parceria com a MindMiners e obtida em primeira mão pelo Broadcast .
Os números apontam ainda que 88% dos entrevistados preferem marcas sustentáveis para consumir e que quase a metade deles, 49%, já deixaram de comprar um item de alguma marca por considerar que ela não apoia a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente o suficiente.
A pesquisa da OLX aponta que apenas 27% dos entrevistados são familiarizados com a ideia de economia circular, enquanto 44% já ouviram falar mas não conhecem muito e 26% dos consumidores consultados jamais ouviram falar no tema.
"O conceito do ressignificar, de vender um item usado, está presente na vida dos brasileiros, mas conceitos mais amplos não estão tão claros. Entendemos que ainda estamos num ciclo de aprendizado, e talvez toda a amplitude que a sigla ESG e outras expressões trazem ainda não sejam tão claras pra muitas pessoas", pontua Regina Botter, diretora geral da OLX.
Choque de gerações
Um dado que chama a atenção diz respeito ao perfil de cada geração de consumidores quanto à sustentabilidade. Ao contrário do que se poderia pensar, as gerações mais antigas mostraram uma maior consciência de consumo sustentável em relação às mais jovens.
O levantamento mostra que os Baby Boomers, geração nascida entre 1945 e 1964, são mais ativos que os membros da Geração Z (nascidos mais ou menos a partir da segunda metade da década de 1990), em atividades como separar o lixo, escolher lâmpadas de baixo consumo e utilizar meios de transporte menos poluentes.
"Os mais velhos acabam tendo consciência maior e mais solidificada, acabam priorizando o valor monetário dos produtos. Gerações mais recentes têm interesse mais ligado ao que está na onda do momento, e é mais difícil encaixar práticas como o consumo de itens usados, por exemplo", comenta Regina Botter.
Para a especialista em ESG Carla Leal, diretora de sales e marketing da Ambipar ESG, a geração dos Baby Boomers foi criada em um período em que existiam menos alternativas de consumo e com produtos de durabilidade maior, o que os trouxe uma consciência maior de conservação das coisas. "Com isso, essas gerações posteriores têm uma tendência maior ao consumismo e isso pode explicar, também, essa menor preocupação com a conservação", diz.
A educação sobre ESG desde a infância pode ajudar a melhorar esse quadro, como sugere Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu. "É fundamental que a educação sobre sustentabilidade seja aplicada desde a educação infantil, formando jovens e futuros adultos com maior consciência socioambiental e mais dispostos a praticar hábitos sustentáveis".
ESG precisa ser demonstrado
Quando o assunto é ESG, para atrair consumidores e investidores cada vez mais atentos a impacto ambiental e social, não basta parecer uma empresa sustentável; é necessário comprovar, destacam os especialistas.
"O principal cuidado que as empresas precisam ter para se mostrarem sustentáveis é serem fidedignas. "Elas precisam efetivamente falar sobre o que realmente fazem e têm que procurar utilizar selos e certificações que comprovem que elas seguiram as metodologias corretas", avalia Carla Leal.
Segundo ela, a melhor forma de fazer mais investidores e consumidores conhecerem a agenda ESG como um todo, para além da preocupação pura e simples com a sustentabilidade, é por meio de campanhas educativas. Carla cita como exemplo as iniciativas em prática da redução do uso de embalagens e de sacolas plásticas e da troca de lâmpadas pelas de baixo consumo. "Todos esses eventos vieram de campanhas de conscientização e a questão sobre ESG tem que caminhar da mesma forma", diz a executiva.
Veja também: Como identificar 'greenwashing' antes de fazer um investimento ESG
Mas para isso é preciso adequar a linguagem, como pontua Seffrin, do Instituto Akatu. Ele vê como principal desafio no mundo corporativo a tradução das ações de sustentabilidade de forma compreensível e transparente para consumidores, investidores e para o público em geral. "Daí a importância de aproximar as temáticas social, ambiental e de governança para o dia a dia, mostrando os impactos positivos de ações em sustentabilidade e ESG para as pessoas, a economia e o meio ambiente, dentro de um contexto de uma sociedade mais justa e igualitária e um meio ambiente em equilíbrio", comenta.
- A pesquisa do Grupo OLX foi realizada de forma online, por meio da plataforma de human analytics da MindMiners entre os dias 03 e 12 de janeiro de 2024, e considerou a resposta de 600 pessoas.
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