mulher com óculos tecnológicos iluminados

IA e outras tecnologias vão impactar 37% das habilidades dos trabalhadores no Brasil, diz estudo

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura7 minutos

Atualizado em

09/01/2025 às 10:04

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Eduardo Laguna e Luana Pavani, do Broadcast

As novas exigências no mercado de trabalho a partir da adoção da inteligência artificial e outras tecnologias devem alterar 37% das habilidades dos trabalhadores brasileiros até 2030. A conclusão é de estudo publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês).

O levantamento aponta a uma tendência menos catastrofista do impacto da transformação tecnológica no emprego, projetando a geração de 78 milhões de empregos no mundo até 2030. No entanto, existe o desafio de qualificação da mão de obra.

Enquanto especializações em big data, inteligência artificial e machine learning serão cada vez mais demandadas pelas empresas, a pesquisa cita funções administrativas, secretariais e operacionais entre aquelas que tendem a ser substituídas por tecnologias digitais.

"O tema da inteligência artificial deixou de ser hype, filme de ficção científica ou tema de universidade, para ser tema do dia a dia do mercado de trabalho, cujo foco central se chama produtividade", comenta Hugo Tadeu, diretor do núcleo de inovação, inteligência artificial e tecnologias digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), parceira da pesquisa no Brasil.

Segundo ele, a agenda de formação, qualificação e treinamento tornou-se imperativa. "Parece que muito trabalhador brasileiro ainda não entendeu que a agenda da mudança é significativa. Se a sua empresa não patrocinar essa agenda, patrocine você", recomenda.

Saiba quais são as habilidades essenciais

Na nova era do trabalho, os profissionais, tanto no Brasil quanto em outros países, deveriam desenvolver o pensamento analítico. Essa é a habilidade mais procurada no mercado, por 70% das empresas pesquisadas destacando-a como essencial. Em seguida, é desejado que o trabalhador demonstre resiliência, flexibilidade e agilidade; e, em terceiro lugar, liderança e influência social.

Entre maio e setembro do ano passado, o Fórum Econômico Mundial coletou perspectivas de mais de mil empregadores relevantes, em 55 economias, para levantar as tendências do mercado de trabalho no contexto de adoção crescente da inteligência artificial e outras novas ferramentas nas organizações.

No Brasil, quase nove a cada dez empresas manifestam planos de aprimorar as habilidades da força de trabalho nos próximos cinco anos. Assim como em outros países da América Latina, lacunas relacionadas à formação básica - como conhecimento em matemática, português e inglês - são apontadas como barreiras para a transformação dos negócios no Brasil.

O foco em requalificação e transformação digital será, assim, essencial para que os brasileiros possam aproveitar as novas oportunidades de emprego, de acordo com o estudo.

A atual versão do relatório "The Future of Jobs Survey" também aponta que a adoção de diversidade, equidade e inclusão segue em alta. O potencial de ampliar o quadro de colaboradores nesse quesito cresceu bastante em relação a dois anos atrás, de 10% para 47%. Há iniciativas de DEI implementadas em 83% das empresas ouvidas, em comparação a 67% no estudo publicado em 2023. O porcentual é maior entre empresas de grande porte, com mais de 50 mil empregados, quando atinge 95%.

Contratar ou investir em treinamento?

Conforme o estudo, 58% das empresas brasileiras esperam recrutar funcionários com novas habilidades, ao passo que 48% planejam promover a transição de funcionários que hoje exercem funções ameaçadas pelas tecnologias para outras em crescimento.

Na avaliação de Tadeu, a pesquisa sugere que as empresas brasileiras não estão necessariamente interessadas em fazer investimentos na formação, mas sim em contratar mão de obra já formada no mercado. O problema é que profissionais especializados estão em falta, tornando-se, dessa forma, cada vez mais valorizados. O custo fica, então, maior para as empresas do que formar pessoal "dentro de casa".

"As empresas não pretendem investir a contento. Elas pretendem contratar mão de obra já formada. Isso não sustenta crescimento. Na verdade, traz muito desafio porque aumenta o custo da própria mão de obra", observa o especialista da FDC.

Segundo Tadeu, além da falta de investimentos suficientes das empresas, as universidades estão "atrasadíssimas" na formação de profissionais em áreas de tecnologia, engenharia e matemática. Citando a estimativa, feita pelo estudo, de 170 milhões de empregos abertos por novas demandas no mercado trabalho, incluindo neste total 92 milhões de empregos atuais que serão substituídos no mundo, o diretor da FDC frisa que, ao mesmo tempo que as empresas precisam investir em qualificação, as universidades têm que ter a coragem de mudar suas grades curriculares.

  • O estudo completo está disponível aqui.

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