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Trade-off: o que significa e qual a importância desse conceito aplicado a finanças pessoais

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura7 minutos

Atualizado em

09/01/2025 às 11:02

Por Fabiana Holtz e Luana Pavani, do Broadcast

Conceito econômico importante para se entender as regras do mercado, o trade-off refere-se ao momento em que você precisa escolher entre opções que são conflitantes e com recursos limitados.

Em economia, trade-off também envolve um custo de oportunidade, dado que representa o que você precisou abrir mão por ter feito uma escolha entre as opções disponíveis. Ou seja, ao fazer a sua escolha você abre mão do outro caminho possível.

No cumprimento de suas funções, autoridades econômicas, como o Banco Central, se deparam com frequência com a necessidade de fazer escolhas. E tomar uma decisão exige uma avaliação cuidadosa de diversos fatores.

Isso se aplica a situações corriqueiras de um investidor pessoa física, corretora ou banco, por exemplo, para compor um portfólio de ações ou ao decidir investir em renda fixa, variável, fundos, previdência ou bitcoin.

Tal conceito também é usado na administração, bem como em situações cotidianas, como definir um destino de viagem em detrimento de outro ou mesmo optar por cozinhar em casa ou sair para um restaurante, e os custos que cada decisão implica.

Oportunidade e suas consequências

No ambiente corporativo há diversos exemplos da aplicação desse conceito como na definição de planos para a destinação de parte do caixa, contratações ou demissões, verba para melhorias ou novos investimentos, enfim... As decisões não são simples, levam em conta custos, estimativas de retorno e prazos previstos para atingir os resultados de cada uma dessas opções.

Como exemplo, imagine um empresário que desenvolve um novo programa para otimizar a logística da sua empresa e prepara o plano estratégico para o lançamento de uma filial no exterior, mas o caixa da empresa é suficiente para apenas um dos projetos. Nesse caso, a diretoria da companhia precisará avaliar qual plano tem o menor custo de oportunidade e fazer sua escolha.

O mesmo vale para investimentos da pessoa física: quando você decide colocar R$ 5 mil no Tesouro Direto para montar uma reserva destinada a sua aposentadoria, está abrindo mão de um possível ganho numa aplicação de liquidez diária, mas aproveitando as garantias oferecidas pelo Tesouro. Todos esses fatores precisam ser avaliados com atenção para que se chegue à melhor decisão conforme sua estratégia de alocação.

  • Em resumo, a teoria do trade-off nos ensina que as decisões de financiamento das empresas não são simples. É preciso analisar atentamente os prós e contras de cada opção. A meta é encontrar um equilíbrio que maximize o valor do investimento.

Com a palavra, o especialista

O professor Rodolfo Olivo, da FIA Business School, explica ao Investalk mais sobre a aplicação do conceito de trade-off nas decisões de investimento e finanças pessoais. Confira nesta entrevista:

Qual a importância do conceito de trade-off para a educação financeira?

Prof. Rodolfo Olivo: O conceito de trade-off é central na economia, ciência que estuda a escassez. A sua questão central é que com a nossa tecnologia atual não conseguimos produzir todos os bens e serviços que todos os seres humanos gostariam de consumir. Assim faltam bens e serviços, eles são, portanto, escassos e isso vai determinar seu preço no mercado. O trade-off decorre naturalmente disso, uma vez que não posso ter tudo que quero ao mesmo tempo. Preciso fazer escolhas, ponderar meus desejos e necessidades, enfrentar esses trade-offs.

Para a educação financeira, na mesma linha, gerir suas finanças pessoais implica em trade-offs. Por exemplo: quanto devo gastar em lazer e quanto devo poupar para investir? Há um trade-off, quanto mais eu tiver de um terei menos de outro. Entender isso é fundamental. Fazer as escolhas adequadas também. Caso contrário, a pessoa acaba se endividando, para não ter de lidar com o trade-off no curto prazo, mas pagará um preço alto no longo prazo, potencialmente destruindo suas finanças pessoais.

Quais os principais teóricos sobre o assunto no campo das finanças pessoais?

As finanças pessoais se beneficiam grandemente dos teóricos das finanças e economia em geral. Há muitos teóricos importantes sobre o assunto, mas para ficar em uma lista curta eu cito alguns economistas laureados com o Prêmio Nobel: Harry Markowitz e William Sharpe, que estabeleceram o conceito fundamental do trade-off de retorno versus risco nos investimentos. Além deles, Daniel Kahneman e Richard Thaler, da área de finanças comportamentais, que estudam como nosso cérebro interpreta e lida com os trade-offs.

O senhor pode citar alguns exemplos da aplicação prática de trade-off na composição de carteiras de investimentos pelo investidor pessoa física?

O tipo de aplicação de trade-off mais essencial é o de retorno versus risco. Como postularam Markowitz e Sharpe, para um maior retorno é necessário tomar mais risco e vice-versa. O investidor pessoa física deve avaliar e respeitar o seu perfil (conservador, moderado, arrojado) para decidir sobre esse trade-off. Também a sua idade, objetivo ao investir, nível de renda e patrimônio afetam essa decisão.

Outro tipo de trade-off em investimentos é o de rentabilidade versus liquidez. Ou seja, investimentos com liquidez diária ou de curto prazo em geral possuem retorno inferior a investimentos sem liquidez por um período. Por exemplo, CDBs com liquidez diária normalmente pagam até 100% de CDI. Há CDBs com rentabilidades mais altas, mas normalmente exigem que o dinheiro "fique preso" por um, dois, até cinco anos sem poder ser resgatado para oferecer aquela rentabilidade.

E também se aplica o trade-off na decisão sobre fundos de investimentos versus gestão própria dos recursos. O investidor pode ele mesmo gerenciar os seus investimentos, ou, ao invés disso, terceirizar a gestão para uma equipe profissional de uma gestora de fundos de investimento. Há vantagens e desvantagens para as duas escolhas, como em todo trade-off. Em geral, os fundos de investimento oferecem equipe dedicada, maior sofisticação na avaliação e estratégia e maior estrutura e diversificação como vantagens. Porém, apresentam maiores custos, como taxas de administração e de performance. É preciso sempre avaliar as vantangens e desvantagens em cada trade-off.

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