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O que significa rating e como ele pode afetar as ações das empresas
Como as agências de classificação de risco avaliam empresas e elevam ou rebaixam notas de crédito
Publicado por: Broadcast Exclusivo
5 minutos
Atualizado em
19/07/2024 às 11:04
Por Luana Pavani, do Broadcast
Dois tipos de relatórios sobre empresas são instrumento de trabalho dos investidores: o de recomendações de ações, feitos por bancos e corretoras, e os de nota de crédito (ou "ratings", no termo em inglês), que as agências de classificação de risco publicam.
Aí está a primeira lição sobre agências de rating: elas não fazem recomendação de investimentos. A interpretação sobre a saúde financeira das empresas avaliadas resulta em notas, os tais ratings, que servem de base para as análises de assessores de investimento e gestores de fundos para a seleção de ações na bolsa e títulos de renda fixa corporativa, como debêntures e notas promissórias.
Por outro lado, quando sai uma notícia de rebaixamento de rating de uma companhia listada, é possível que suas ações caiam no mercado. Ao contrário, se ocorre o upgrade, com melhoria do rating a ela atribuído, o efeito esperado é a valorização em bolsa. Economistas citam com frequência ratings de empresas e países, usando termos como "junk", "Triple A", "upgrade" e "downgrade", mas o que tudo isso significa?
O que é rating?
Quem é acionista de alguma empresa já deve ter recebido algum comunicado ou relatório com o termo "rating". A tradução do inglês literal é "classificação", e aqui no mercado financeiro se trata de uma medida de risco de crédito, feita por uma agência especializada. O rating também pode ser chamado de nota de crédito. A alteração do rating para cima é upgrade. Para baixo, é downgrade ou rebaixamento.
As maiores agências de classificação de risco do mundo são Fitch Ratings, Moody's e S&P Global Ratings. Cada uma utiliza uma nomenclatura, que costuma ser um conjunto de letras e sinais atribuídos em escala, conforme a capacidade de aquela empresa ou país cumprir com suas obrigações financeiras. Essas avaliações são revistas sempre que necessário, como quando as três agências rebaixaram as notas da Lojas Americanas e de suas emissões de dívida após a empresa ter informado ao mercado a identificação de inconsistências contábeis, no começo de 2023.
O caso da rede varejista, que teve de suspender pagamentos, inclusive a distribuição de dividendos aos acionistas, para tentar "consertar" o balanço, é um claro exemplo de falta de capacidade de honrar com as obrigações. Mas nem sempre é preciso chegar à situação de default para ter seus ratings revisados para baixo.
As agências de classificação de risco costumam observar se a empresa consegue gerar caixa suficiente para cumprir com os pagamentos. A razão do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sobre a dívida líquida, chamada de alavancagem, é um dos múltiplos importantes para a análise de risco, assim como estrutura de capital, duração da dívida (prazos dos vencimentos), entre outros.
Qual o papel de uma agência de rating?
A agência de classificação de risco presta um serviço de avaliação de crédito, que é contratado pelas empresas. Os profissionais da agência darão sua opinião sobre a capacidade do emissor ou daquela emissão específica em cumprir com suas obrigações financeiras - juros, pagamento de principal, cobertura de sinistros ou obrigações de contrapartes - no prazo esperado.
Com o relatório de ratings em mãos, a companhia pode obter linhas de financiamento mais vantajosas, pois os bancos costumam avaliar todos os riscos de uma operação, e também validar junto aos analistas de mercado seus projetos de investimento. O analista e o banco, por sua vez, vão se comunicar com os acionistas dessa empresa emitindo suas recomendações com base em diversos fatores, entre eles os ratings.
Como explica a Fitch Ratings, o papel da agência "é prover ao investidor uma opinião independente e consistente sobre a qualidade de crédito de um emissor ou de uma emissão." Vale destacar que ratings não são recomendações de investimentos e que as agências não prestam serviço de auditoria, consultoria nem estruturação de operações financeiras.
Inclusive, por lei, há segregação dentro das agências, de modo que analistas e demais envolvidos nas ações de ratings não participam da negociação de contratos. A atividade das agências requer o registro e autorização prévia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que as rege sob a Resolução CVM 09/2020.
Quais são as notas, escalas e perspectivas de ratings?
Os ratings são atribuídos pelas agências de classificação de risco a empresas, aos títulos de dívida que elas emitem (como debêntures, notas promissórias, bonds) e também a países, nesse caso, chamado "risco soberano". Para avaliar o emissor, o tipo do rating é do tipo IDR, do inglês Issuer Default Ratings (ou Rating de Inadimplência do Emissor).
A nomenclatura das notas varia entre as agências, mas a escala se faz de uma combinação de letras maiúsculas e minúsculas, sinais de mais (+) e menos (-), seguidos por uma perspectiva, que pode ser estável, positiva ou negativa.
Companhias listadas no Brasil e no exterior têm ratings em escala nacional e internacional. O mesmo ocorre para as emissões, se são negociadas também no exterior. Assim, o rating de crédito internacional pode ser atribuído em moeda local e em moeda estrangeira.
Quando a capacidade de crédito é da mais alta qualidade, com as maiores notas, diz-se que é "grau de investimento". As opções de investimento de pior qualidade são denominadas "junk" ou "credit watch".
Há também o Rating em Observação, para notificar os investidores que há razoável probabilidade (mais de 50% de chance) de uma mudança no curto prazo, geralmente de até seis meses.
Por fim, um rating pode ser retirado, a pedido de quem contratou ou quando uma obrigação vence ou deixa de ser interessante para o mercado acompanhar, ou ainda se a agência de classificação de risco considera inadequada a quantidade de informação disponível para seu trabalho de avaliação.
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