Diversificação de investimentos: a regra de não colocar todos os ovos na mesma cesta
Publicado por: Broadcast Exclusivo
4 minutos
Atualizado em
30/09/2024 às 17:18
Por Gustavo Boldrini, do Broadcast
Você com certeza já deve ter ouvido falar na expressão "não colocar todos os ovos na mesma cesta". Esse velho conselho de analistas de investimentos é a base para a diversificação de carteira. Em outras palavras: para obter melhores retornos e moderar o risco é preciso colocar seu dinheiro em diferentes produtos, no intuito de protegê-lo de situações inesperadas. Mas, afinal, como fazer isso?
Antes de tudo, saiba que há duas grandes classes de investimentos: a renda fixa, que traz uma regra de rendimento definida no momento da aplicação; e a renda variável, que está mais sujeita às dinâmicas de oferta e demanda do mercado. A diversificação se dá na forma de compor a carteira escolhendo produtos dessas duas classes. E como fazer isso?
Os diferentes perfis de risco
Você toparia perder um pouco do valor investido para tentar ganhar um porcentual maior no final do período ou prefere ganhar menos sem levar sustos? A resposta sobre o quanto de perdas você consegue suportar é importante para definir seu perfil de investidor. Uma conversa com seu gestor de investimentos é indicada para conseguir preencher o formulário que apontará se você é conservador, moderado, arrojado ou agressivo.
"A diversificação vai depender de cada investidor, de como cada um olha o risco e o quanto quer se expor a cada classe de ativos", afirma Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper.
Lembrando que todo investimento tem algum risco, se você entende que pode ter poucas perdas, mesmo que isso signifique uma menor rentabilidade na sua carteira, provavelmente será um investidor conservador. Mas se você está disposto a correr riscos para obter mais ganhos, tende a ser um investidor arrojado. Se você está num meio-termo entre os dois, deve ser do tipo moderado. Caso você seja um investidor experiente, com um profundo conhecimento técnico e muita disposição em correr riscos, então será um investidor agressivo.
A relação entre risco e retorno
O conceito de risco versus retorno é crucial para a diversificação de investimentos. Em linhas gerais, você deve olhar para um tipo de investimento e analisar se o retorno previsto é adequado ao risco que você está disposto a tomar.
Por exemplo, o Tesouro Selic, por ser um título de dívida do governo brasileiro atrelado à taxa básica de juros da economia, é considerado de baixo risco. Afinal, a probabilidade do governo quebrar é bem baixa em comparação às empresas que têm ação na bolsa. Se a taxa de juros é alta, o rendimento caminha junto. Se o Banco Central decidir cortar a Selic, então o ganho com esse título também vai diminuir. Por outro lado, quando os juros caem, abre-se espaço para a valorização de outros ativos, como as ações e fundos de renda variável.
Como lidar com a volatilidade
A diversificação da carteira de investimentos é importante também para neutralizar a volatilidade de cada ativo. A ideia é reduzir os efeitos das variações que cada aplicação terá ao longo do tempo.
"Quando você diversifica sua carteira, a volatilidade dela diminui, e seu retorno tende a ser melhor no longo prazo. Já está provado que, no longo prazo, uma volatilidade extrema tende a prejudicar o retorno do investimento", diz José Guilherme Alberto, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
Imprevistos acontecem, mas se a carteira é mais equilibrada, a chance de perdas é menor. Quem tinha, por exemplo, investido tudo em ações no momento em que foi decretada a pandemia por covid-19, em março de 2020, deve ter levado um susto com o forte impacto negativo das medidas de restrição sanitárias e o temor global sobre a desaceleração econômica.
Para quem quer ter uma parte do seu dinheiro investido na bolsa, é preciso estar preparado para o sobe e desce típico do valor das ações das empresas. "A volatilidade é importante para o investidor iniciante, pois se ele não estiver acostumado com essa dinâmica pode ter um desconforto maior quando as ações estiverem caindo e uma euforia exagerada quando as ações estiverem subindo", comenta Rodrigo Sivieri, professor de Finanças da Trevisan Escola de Negócios.
A tal da estratégia defensiva
Para investidores iniciantes no mercado de ações, analistas dizem que o ideal é que se comece com uma postura chamada de estratégia defensiva. O objetivo é formar uma carteira de ações que privilegie setores menos sensíveis à flutuação econômica, como explica o professor Sivieri. Segundo ele, os setores geralmente favorecidos em uma estratégia defensiva são aqueles considerados essenciais ou de consumo básico, como alimentos, saúde, serviços públicos, telecomunicações e energia elétrica.
"Esses setores tendem a ser menos afetados pelas mudanças do ciclo econômico, uma vez que as pessoas continuam precisando de seus produtos e serviços independentemente do estado da economia", diz Sivieri.
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