Projeções Broadcast: Ampla maioria do mercado espera alta de 0,25 ponto na Selic em setembro
Publicado por: Broadcast Notícias
6 minutos
Atualizado em
18/09/2024 às 11:04
Por Daniel Tozzi Mendes, Gabriela Jucá e Anna Scabello
São Paulo, 12/09/2024
Selic em resumo
- A ampla maioria do mercado espera a retomada do aperto monetário na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom), com uma alta de 0,25 ponto porcentual na Selic.
- Este é o cenário base de 53 de 61 instituições consultadas. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5% no próximo encontro, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.
- A mediana para a taxa Selic no fim de 2024 passou de 10,50% para 11,25%, na comparação com levantamento realizado no dia 19 de agosto.
- As estimativas intermediárias do mercado apontam para quatro altas consecutivas de 0,25 ponto no juro básico até janeiro de 2025, quando a taxa deve atingir 11,50%.
- A mediana para a Selic no fim do ano que vem subiu de 10,0% para 10,5%. Já para o primeiro trimestre de 2026 - horizonte relevante mencionado pelo Banco Central em suas últimas comunicações - a mediana do juro básico passou de 9,63% para 9,75%.
- Entre 37 casas consultadas, 33 veem decisão unânime do Copom em favor de uma alta de 0,25 ponto na Selic em setembro. Duas apostam em um placar de 5 a 4 em favor de uma alta de 0,25pp. Para outras duas casas o placar será de 9 a 0 em favor da alta de 0,50 ponto, enquanto uma casa vê unanimidade construída pela manutenção da Selic em 10,5%.
- O Copom divulga a sua decisão de juros na quarta-feira, 18, a partir das 18h30.
Selic em análise
O Banco Central deverá subir a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião de setembro do Copom, prevê a ampla maioria de instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast . Este é o cenário de 53 de 61 instituições que responderam à pesquisa.
A perspectiva de retomada do aperto monetário ganhou força no mercado desde a reunião anterior do colegiado, no fim de julho, como reflexo das expectativas de inflação que seguiram descoladas da meta de 3%, da desvalorização cambial e de falas mais duras dos próprios membros do Copom. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em 3 de setembro, também consolidou a percepção de atividade aquecida e necessidade de alta no juro, observam os analistas.
Na segunda-feira, o Goldman Sachs ajustou suas projeções para a Selic, passando a prever alta de 0,25 ponto em setembro, elevação de 0,50 ponto em novembro e mais uma alta de 0,25 ponto em dezembro, levando o juro básico a 11,25% ao final deste ano. Hoje, foi a vez do Itaú Unibanco também incorporar uma alta da Selic na reunião da semana que vem, com a perspectiva de a taxa atingir 12,0% em janeiro de 2025.
O Itaú argumentou que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto à frente, o modelo utilizado pelo Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justifica o aperto monetário agora. "Com tal projeção, estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12,00%", disse o banco.
O BTG Pactual também está entre as instituições que preveem alta de 0,25 ponto no juro em setembro. Na avaliação do economista do banco Álvaro Frasson, uma Selic em 10,5%, em tese, é contracionista, dado que ele estima que o juro real neutro no País hoje gira entre 8% e 8,5%. Contudo, vetores como uma atividade doméstica mais aquecida devido ao impulso fiscal, um mercado de trabalho resiliente e um cenário externo que levou à depreciação do real diminuíram a "potência" dessa restrição monetária. "Não acho, portanto, que a alta do juro agora seja apenas uma questão de credibilidade do BC. Têm fatores de fundamento econômico", afirma.
Para além da necessidade de aperto monetário agora, Frasson atenta também para as discussões de qual será o "orçamento" total de elevação do juro básico. Ele aponta que a variável que vai determinar isso é o câmbio, uma vez que a retomada do aperto monetário doméstico se dará em um momento de corte de juro nos Estados Unidos. "Nenhum outro emergente está reabrindo ciclo de alta no juro, então o real parece que vai estar bem posicionado", avalia o economista. O BTG projeta, por ora, mais duas altas de 0,50 ponto em novembro e dezembro e uma elevação derradeira de 0,25 ponto em janeiro.
O economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, por sua vez, espera elevação de 0,25 ponto na Selic em setembro e manutenção desse ritmo de alta até janeiro. Para ele, o cenário de retomada do aperto monetário está associado muito mais a uma questão de credibilidade do BC do que propriamente de fundamentos econômicos. "Tivemos uma comunicação ruidosa e uma formação de expectativas em torno desse ajuste. O BC poderia esperar mais um pouco, mas não vai correr o risco de credibilidade de não subir", afirma.
Serrano avalia que o balanço de riscos está mais próximo da neutralidade do que da assimetria para cima. Mesmo com a persistência da desancoragem das expectativas de inflação, o economista considera que o juro atual em 10,50% já é restritivo o suficiente para a convergência da inflação no horizonte relevante.
Já para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC vai manter o juro básico no atual nível, uma vez que o cenário não se deteriorou substancialmente desde o último encontro do colegiado. "Nós tínhamos condições mais agudas do que as atuais e, ainda assim, o colegiado optou por manter a taxa de juros estável em julho", afirma. "E mais do que isso, o colegiado não trouxe nenhum guidance para reuniões futuras", complementa.
O economista da CM Capital Matheus Pizzani, por sua vez, está entre os que apostam em uma alta inicial mais agressiva no juro em setembro, de 0,50 ponto. Ele atrela o cenário ao nível bastante aquecido da atividade e a perspectiva de fechamento do hiato do produto. "Temos uma leitura de um hiato que está em processo de fechamento ou até mesmo fechado", aponta.
Para Pizzani, porém, o ciclo de alta no juro básico será curto, com apenas mais uma elevação, também de 0,50 ponto, em novembro. "Iremos passar por uma mudança na presidência do BC, que vai ser muito observada pelo mercado. Na tentativa de não gerar mais ruídos, muito provavelmente o BC opte por uma neutralidade nesse momento específico do ano [dezembro]."
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