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O que é ‘entrar short’ em uma ação? Entenda o conceito de venda a descoberto

Venda a descoberto, ou "short", é uma operação de alto risco que pode mexer com os papéis da bolsa

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura8 minutos

Atualizado em

25/09/2024 às 17:17

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Gustavo Boldrini

Vira e mexe operadores de bolsa usam a expressão "short" quando falam em apostas sobre a queda de uma ação, ou para explicar determinados movimentos bruscos dos papéis na bolsa.

Alguns bancos regionais dos Estados Unidos sofreram fortes movimentos de oscilação em suas ações nos primeiros meses de 2023, com o aumento expressivo de operações de venda a descoberto (ou "short selling" nesses papéis). Os investidores que realizam esse tipo de operação lucraram cerca de US$ 1,84 bilhão apenas na primeira semana de maio, quando o gigante JPMorgan, maior banco comercial dos EUA, comprou o regional First Republic Bank, que estava à beira da falência.

Mas, afinal, o que é uma operação de venda a descoberto e como essa estratégia funciona?

O que é a venda a descoberto

Vender a descoberto, operar vendido, entrar vendido ou "entrar short" numa ação... quatro sinônimos para a mesma operação. Mas a reposta é uma só: significa apostar na queda desse ativo. Trata-se de uma operação de alto risco, na qual o investidor aluga uma ação e a vende, esperando que poderá recomprá-la no futuro a um preço mais baixo. O lucro a ser obtido está na diferença entre o valor da venda inicial e o valor da compra futura.

A venda a descoberto, portanto, é um tipo de contrato derivativo. Como o nome indica, é um investimento cujo rendimento dependerá do comportamento de um outro ativo. No caso, a ação que o investidor decidiu entrar "short".

A venda a descoberto é portanto uma forma de especular no mercado. No caso dos bancos regionais americanos, diversos investidores passaram a apostar na queda dessas ações após diversas notícias que davam a entender que havia o risco de uma quebra geral no setor. Tudo começou com a quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, em março, e por um socorro de US$ 30 bilhões ao First Republic Bank para evitar uma quebra. Desde então, qualquer dado de redução do nível de depósitos em outros bancos regionais causa tensão no mercado.

A acumulação das operações de venda a descoberto pode pressionar todo um setor, já que esse tipo de movimento é um sinal de que a confiança naquelas empresas está abalada. Por se tratar de um movimento técnico, pode acontecer que a proliferação dos "shorts" em uma ação a façam descolar dos fundamentos das companhias, de forma que dados concretos como a geração de lucros e o retorno em dividendos seja posto de lado em detrimento das especulações.

Para quem é indicada a operação de venda a descoberto

Ao alugar uma ação para fazer a venda a descoberto, o investidor assina um contrato com a pessoa que detém aquele papel. Neste contrato, está previsto um prazo (30 ou 60 dias, por exemplo) para que essa ação seja devolvida para o seu dono original na quantidade exata do que foi alugado - com ou sem lucro.

Só pela descrição dá para perceber que a venda a descoberto é uma operação de altíssimo risco e muito vulnerável a eventos futuros. Por isso, é feita por investidores de perfil agressivo, dispostos a correr o risco de perder uma parcela maior do seu patrimônio em busca de ganhos mais expressivos. Esse tipo de investidor costuma ter um conhecimento técnico maior para buscar alternativas que gerem mais rendimentos, além de preparo emocional apurado para lidar com as oscilações do mercado.

O que é "short squeeze"?

Agora, imagine a seguinte situação: você entrou vendido na ação de uma empresa quando ela estava a R$ 10, projetando que ela cairia para perto de R$ 9 em algum momento. No entanto, uma notícia muito positiva para aquela empresa faz seu papel subir para a casa dos R$ 11. Com isso, você acaba se vendo obrigado a se desfazer da sua posição vendida, comprando mais ações daquela empresa a R$ 11 em busca de reaver os prejuízos da venda a descoberto.

E isso vai se multiplicando entre vários investidores que fizeram o mesmo. Está aí o chamado "short squeeze", que pode ser traduzido como um "esmagamento" de posições vendidas num papel, levando aquela ação a disparar por meio de um forte movimento de compra para neutralizar posições "short".

Um dos casos mais famosos de "short squeeze" do mercado ocorreu em 2021, quando as ações da rede de varejo de jogos eletrônicos GameStop subiu quase 2.000% em um mês, após um movimento organizado de investidores que compraram o papel para forçar grandes fundos a se desfazerem de suas posições vendidas.

No Brasil, um caso notório de "short squeeze" aconteceu com as ações da Gafisa, no início de 2023. Na ocasião, os papéis da incorporadora estavam com um volume expressivo de posições vendidas, em meio a disputas judiciais entre acionistas. Na primeira semana do ano, após as notícias de que a companhia levaria a cabo uma operação de aumento de capital e que venderia um ativo importante, suas ações chegaram a subir mais de 200% diante da retirada das posições "short". Como se vê, operar "short" não é para iniciantes.

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