Setorial Agronegócios, Alimentos e Bebidas | Julho 2023
Em junho, quase todas as ações do setor acompanharam a valorização expressiva do Ibovespa, que encerrou o mês com uma alta de 9%.
Publicado por: Análise BB
12 minutos
Atualizado em
22/08/2023 às 14:48
Dados de mercado
Em junho, quase todas as ações do setor acompanharam a valorização expressiva do Ibovespa, que encerrou o mês com uma alta de 9%. O fechamento da curva de juros e a melhora da conjuntura econômica doméstica seguem dando impulso para o maior apetite a risco do investidor.
Panorama Setorial
Grãos
As exportações de soja somaram ~13,8 milhões de toneladas em junho, de acordo com os dados da Secex até a última semana do mês. Os preços dos grãos arrefeceram em média 20%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Panorama. De acordo com os dados da Secex até a 5ª semana de junho, as exportações de soja ultrapassaram 13,8 milhões de toneladas no mês, um crescimento anual de 39%. O preço atingiu USD 501/ton, uma queda de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os embarques de milho somaram aproximadamente 1,0 milhão de toneladas em junho, um crescimento de 4,5% a/a, enquanto os preços desaceleraram para USD 262/ton, queda de 17% na comparação anual.
Em 27/06, houve o lançamento do programa de incentivo do governo federal para produtores rurais, o Plano Safra de 2023/24, com recursos que somam R$364,2 bilhões, sendo R$ 272,1 bilhões para custeio e R$ 92,1 bilhões para investimentos. Os recursos serão destinados para o crédito rural de produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e demais. O Plano Safra 2023/24 incentiva a produção ambientalmente sustentável por meio da redução das taxas de juros para recuperação de pastagens e premiação para os produtores com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado.
USDA
Em 30/06, o USDA publicou o relatório de área plantada e estoques finais de grãos para a safra norte-americana de 2022/23, com redução significativa na área plantada de soja e aumento na área de milho. No dia, a soja fechou com valorização de 5% na Bolsa de Chicago. Quanto às estimativas de estoques, houve redução para milho, soja e trigo.
Carne Bovina
O mercado externo para a carne bovina brasileira permanece aquecido, com crescimento de ~26% nos volumes. Apesar de preços em média 25% mais baixos e da queda do dólar, o arrefecimento do preço da arroba tende a contribuir com boas margens operacionais para os frigoríficos exportadores.
Panorama. As exportações brasileiras de carne bovina somaram 192,7 mil toneladas em junho, um crescimento de 26,3% a/a e um acréscimo de 14,4% na comparação com o mês de maio. O preço ficou estável em relação ao mês passado, mas recuou ~26% na visão a/a.
Apesar dos preços de exportações permanecerem, em média, 25% abaixo na comparação anual durante todo o segundo trimestre do ano, o preço médio da arroba apresentou queda de ~18% no mesmo período, contribuindo para que os frigoríficos exportadores possam apresentar boas margens operacionais, mesmo considerando a queda do dólar (que encerrou o semestre em R$ 4,79, versus R$ 5,23 em 30/06/22, queda de 8,3%).
O indicador do boi gordo medido pelo CEPEA/ESALQ encerrou maio em R$ 254,2/@, uma alta de 4,5% em relação ao encerramento de maio, em linha com o período de entressafra, quando a oferta fica mais limitada e a baixa liquidez no mercado físico pressiona os preços pra cima. Os preços no atacado, no mercado interno, vêm cedendo desde meados do mês de abril e já acumulam queda de ~20% na comparação a/a, considerando os preços do final do mês de junho.
Carne de Frango e Suína
As exportações continuam aquecidas e os preços permanecem resilientes em patamares elevados.
Panorama. Os embarques de carne de frango somaram 419 mil toneladas em junho, um crescimento de 5,4% a/a. O preço médio ultrapassou USD 1.900/ton, acréscimo de 1,7% m/m, com queda de 9,8% na comparação anual. Os embarques de carne suína cresceram 16,5% a/a em junho, enquanto o preço médio apresentou alta de 5,2% a/a.
O preço do milho, medido pelo indicador CEPEA, permanece em tendência de queda e encerrou o semestre em R$ 55,4/saca, queda de 34% em relação ao preço de encerramento do primeiro semestre do ano passado (R$ 83,5). O preço da carne de frango no mercado interno, no entanto, também caiu em linha com a competitividade da carne bovina com preços mais acessíveis e a característica de substituição entre as proteínas.
O Ministério da Agricultura permanece notificando diariamente novos casos de Influenza Aviária, com 58 casos em aves silvestres confirmados até ontem (05/07), além de um caso em animal de criação doméstica. O Brasil permanece com o status de país livre da doença, ou seja, sem proibições para o comércio internacional de produtos avícolas.
Bebidas
Em junho, a indústria voltou a demonstrar confiança, com o ICEI atingindo 50,4 pontos. No segmento de bebidas o avanço foi mais significativo, com clara recuperação desde a queda que ocorreu em abril.
Panorama. Em junho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial ultrapassou os 50 pontos, marcando a mudança de falta de confiança para a confiança, com avanço em todos os componentes do índice, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria. No segmento de bebidas, houve avanço significativo de 6,1 pontos.
A taxa de desocupação ficou em 8,3% no trimestre encerrado em mai/23¹, queda de 0,2 p.p. em relação ao trimestre encerrado em abril. A renda média real avançou 8,6% na comparação anual.
A produção de bebidas se recuperou em maio¹, tanto de bebidas alcoólicas como não alcoólicas, em linha com a retomada da confiança do empresário do setor depois da queda que ocorreu em abril. A Ambev deve divulgar os resultados do 2T23 em 03/08, com uma base de comparação mais difícil em relação aos resultados no mesmo período do ano passado, especialmente no Brasil, pois no 2T22 houve recuperação relevante de volumes no canal “on trade” (bares e restaurantes) após a liberação do uso de máscaras no país. A boa notícia deve vir da desaceleração do crescimento de custos, em razão do arrefecimento de preços de commodities.
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