plataforma de petróleo sob o mar

Petrobras (PETR4): Resultado do 2T24 foi impactado por eventos não recorrentes, mas operacional segue robusto

Especialista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, analisa os resultados da Petrobras no 2o trimestre 2024

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

09/08/2024 às 17:24


A Petrobras divulgou ontem (08) seu resultado do 2T24, com um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões e um EBITDA ajustado 12,3% menor ante o trimestre anterior, em R$ 49,7 bilhões. No entanto, ainda que pareça inicialmente um resultado ruim, olhando para os detalhes que compõe esses números, vimos que o resultado veio alinhado com as expectativas de mercado, e segue refletindo uma empresa em trajetória de produção ascendente, custos competitivos e boas perspectivas de geração de caixa. Os itens não recorrentes mais relevantes foram: acordo tributário (que entendemos como positivo por mitigar riscos relevantes) em US$ 2,3 bilhões, variação cambial (sem efeito caixa/patrimonial) em US$ 2,1 bilhões e outros US$ 1,3 bilhão. Olhando para cada segmento, os dados vieram favoráveis em Exploração & Produção, com impactos limitados dos itens não recorrentes. Já em refino (RTC), houve uma redução de margens e maior custo unitário, parcialmente compensados por maiores volumes.

Dividendos

Consideramos positivo o anúncio de distribuição de dividendos, mesmo com o prejuízo do trimestre, graças à conta criada para retenção de reservas de lucros. Se fosse aplicada a fórmula pré-definida, o total de pagamento de proventos seria de R$ 27,0 bilhões, patamar superior ao resultado acumulado disponível do semestre (R$ 20,6 bilhões) em função dos itens não recorrentes deste trimestre. Assim, mesmo diante do prejuízo apresentado, foi definido um montante a ser distribuído de R$ 13,6 bilhões, resultando em um pagamento de ~R$ 1,05 por ação, divididos em duas parcelas, a serem pagas em 21/11 e 20/12, com data de corte para 21/08/24.

Resultado por segmento:

Em Exploração & Produção, houve uma aumento de 5% t/t (15% a/a) no lucro bruto, como consequência de uma combinação de uma menor produção no período, mas com maior cotação do Brent e real desvalorizado. O lifting cost (custo de extração) ficou estável, sendo então nos itens não recorrentes (acordo tributário) que vemos a explicação para a redução de 5,6% no EBITDA do segmento, que atingiu em R$ 52,3 bilhões (+7% a/a).

Já em Refino (RTC), apesar de um aumento de 4,6% t/t e de 10,2% a/a na receita, houve uma redução de -28% t/t e -9,2% a/a no lucro bruto, dado o efeito das menores margens e de variação nos estoques. Com isso, o EBITDA do segmento ficou em R$ 7 bilhões, -11% t/t e -29% a/a, com destaque negativo para o aumento de 6,4% t/t no custo unitário de refino, parcialmente compensado pela redução nas despesas operacionais (-11% a/a) e manutenção da taxa de utilização do parque de refino acima dos 90% (+2 p.p. a/a). O resultado é negativo para o segmento, mas é parte de um contexto global de menor crackspread de diesel (diferença entre preço de venda dos óleo versus custos de refino), ao passo em que a competição com produtos importados (diesel de origem russa) dificulta a retomada de margens.

Por fim, no segmento de Gás & Energia, houve uma redução de 6,9% t/t no lucro bruto, como consequência do menor volume comercializado de gás para o segmento não termelétrico. Assim, com as despesas 2,8% superiores t/t , o EBITDA do segmento atingiu R$ 1,9 bilhões, redução de 21% t/t. O segmento de G&E, mais sujeito a volatilidade e efeitos climáticos, tem tido resultados mais fracos nos últimos trimestres, e não vemos uma mudança significativa nessa tendência no curto prazo.

A Petrobras anunciou uma redução no seu capex para o ano, o que entendemos como mais condizente com a realidade que vinha se apresentando. A previsão de investimentos para 2024 agora é de um montante entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões (antes em US$ 18,5 bilhões). Apesar de uma necessidade de incremento dos investimentos em exploração, para repor suas reservas, a companhia enfrenta dificuldades com licenciamento de sua principal aposta, que é a margem equatorial, ao passo em que também encontra dificuldade nas licitações para frentes como SEAP e Barracuda/Caatinga, como comentamos em nosso último relatório setorial. A mudança no capex não afeta a curva prevista de produção.

Após a forte queda apresentada em março, ocorrida após a não distribuição dos dividendos extraordinários, o papel voltou a subir e atingir novas máximas, reforçando nossa posição inicial de que o assunto seria um ruído de curto prazo.

Na sequência, o papel passou a reagir negativamente com a redução nos preços de petróleo, mas entendemos que o petróleo parece ter encontrado um piso na faixa dos US$ 75/barril, com a combinação de oferta atual (limitada pelos cortes da OPEP+) ponderada com riscos geopolíticos, compensando a demanda mais fraca, e deixando um maior risco de perda desse patamar para o lado da demanda, principalmente em caso de recessão de alguma das grandes economias globais.

Assim, vemos as boas perspectivas de geração de caixa, baixo custo de extração e pagamento de dividendos como fundamentos para manter nossa recomendação compra e o preço-alvo de R$ 47,00 para 2024.

PETR3 vs PETR4 vs IBOV

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