cédulas de real embaixo de caneta

Entenda o balanço dos bancos e por que é diferente de outras empresas

Veja as principais linhas das demonstrações de resultados dos bancos e seguradoras e suas diferenças em relação às demais companhias

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

25/09/2024 às 17:18

Sumário do conteúdo a seguir:

Por Luana Pavani, do Broadcast

A temporada de balanços das empresas listadas em bolsa é um dos eventos que mais costuma mexer com o mercado de ações. Os acionistas ficam de olho nos informes de resultados para saber não apenas se a companhia deu lucro ou prejuízo, mas também para acompanhar as estratégias dos negócios nos quais investem e nos de seus concorrentes. No caso do setor financeiro, o demonstrativo, também chamado de release de resultados, é diferente.

Isso porque bancos, corretoras, seguradoras e administradoras de cartões são companhias que prestam um serviço, o da intermediação financeira, sem fábricas ou estoques de materiais, por exemplo. Algumas linhas do balanço são adicionadas e outras subtraídas em relação ao informe utilizado por outros setores como indústria e varejo. Conheça a seguir as principais características dos balanços de empresas do setor financeiro:

Bancos têm receita e lucro como as outras empresas?

Quando a pessoa se torna acionista de uma empresa, precisa acompanhar a cada trimestre a divulgação dos resultados financeiros, o famoso balanço. A companhia envia ao mercado um resumo de seus principais números, que é também conhecido como release de resultados.

Nesse documento, que costuma ser um relatório para baixar em PDF, constam tabelas com as linhas principais de demonstração do resultado, normalmente a receita, que é o valor obtido com a venda do que a empresa produz; e o lucro líquido contábil, que é o resultado final positivo do exercício descontados os impostos - quando negativo, então é prejuízo líquido.

Os bancos também têm receita, porém advinda da prestação de serviços financeiros, como concessão de crédito e empréstimos a empresas e pessoas físicas, tarifas bancárias, taxas de financiamento, entre outros. Essa receita é conhecida como margem financeira. Já o lucro líquido dos bancos é apresentado tanto na forma contábil quanto na recorrente (ou ajustada), que desconsidera efeitos extraordinários ou intangíveis.

Todo balanço de empresa leva em conta seus ativos, passivos e o patrimônio líquido. No caso do setor financeiro, olhar o total de ativos dá uma pista de quem é maior naquele segmento, para efeitos comparativos. No quesito patrimônio líquido, há outra medida de comparação muito utilizada por investidores na seleção de ações que é o ROE, ou retorno sobre o patrimônio líquido médio, uma medida de rentabilidade que relaciona o lucro do banco com seu patrimônio. Quanto maior o ROE, melhor.

Banco divulga Ebitda?

Em comparação aos demais balanços de companhia aberta, a primeira coisa que chama a atenção é a ausência do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Trata-se de um indicador de lucro operacional, que no caso de bancos e instituições financeiras não se aplica porque nesse negócio a atividade principal é a intermediação financeira. Se o lucro de um banco vem em grande parte do spread, que é a diferença entre o custo do dinheiro e o juro cobrado nas operações financeiras, não faria sentido excluir do lucro exatamente os juros e taxas.

Quais itens do balanço dos bancos são importantes para a análise?

Dentre os componentes importantes na análise de balanços de instituições financeiras que não são comuns nos outros setores estão: crédito, retorno sobre patrimônio e inadimplência. A carteira de crédito de um banco é apresentada por segmento, pessoa jurídica e física, e por tamanho de empresa, grande, média e PME (pequenas e micro). Mais importante que a quantidade dessa conta é a qualidade do crédito, ou seja, se os clientes são bons pagadores. Para os maus pagadores, os juros costumam ser mais altos para cobrir o risco de tomar calote.

Essa análise envolve alguns indicadores, como o spread de juros e também a margem líquida de juros, termo conhecido em inglês como NIM (Net Interest Margin). Nesse caso, quanto maior, melhor. Por outro lado, é preciso avaliar no tempo o indicador de inadimplência, se está aumentando ou diminuindo, para saber como anda a capacidade dos clientes de cumprir seus pagamentos ao banco em relação à carteira total de empréstimos. O indicador de inadimplência mais observado pelo mercado é o de 90 dias (ou seja, o porcentual de carteiras de crédito que possuem ao menos uma parcela em atraso por 3 meses ou mais).

Toda vez que um banco faz um empréstimo, ele precisa separar uma parte do seu capital para se preparar para um risco de inadimplência. Nos balanços, essa parcela de dinheiro é chamada de PDD: provisão para devedores duvidosos. O saldo de PDD pode ser positivo ou negativo nos balanços trimestrais, dependendo das condições da carteira de crédito do banco. Esse dado varia também conforme as condições gerais de crédito no País, pois em momentos de aperto monetário, com altas taxas de juros, fica mais difícil para os clientes honrarem suas dívidas. A tendência é que a inadimplência aumente e, consequentemente, os bancos precisam elevar seu provisionamento. Um aumento de PDD significa que o banco está sacrificando parte do seu lucro para cobrir possíveis calotes.

O dinheiro da grande maioria das pessoas está nos bancos, e a quebra de uma instituição financeira pode causar grandes crises. Como evitar que isso aconteça? Essa resposta está no Índice de Basileia, uma medida internacional para o colchão de liquidez das instituições financeiras. Segundo o Banco Central, o nível desejável da relação entre capital próprio e de terceiros dos bancos é de 11%. Instituições financeiras com porcentual igual ou superior são consideradas mais seguras.

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