BB-BI analisa a CSN sob a ótica do crédito privado
Análise de emissores de crédito privado
Publicado por: Análise BB
6 minutos
Atualizado em
22/11/2024 às 10:11
A CSN é uma das maiores produtoras de aço totalmente integradas do Brasil e da América Latina em termos de produção de aço bruto, com atuação em toda a cadeia produtiva, desde a extração do minério de ferro até a produção e comercialização de uma diversificada gama de produtos siderúrgicos de alto valor agregado, incluindo bobinas, folhas metálicas, perfis e embalagens de aço. Seus negócios são divididos em cinco segmentos: siderurgia, mineração, cimento, logística (ferroviária e portuária) e energia.
No segmento de mineração, a companhia possui 69% de participação na CSN Mineração, cujas vendas são majoritariamente direcionadas às exportações, principalmente a China. São previstos investimentos para a ampliação de sua capacidade de processamento de minério de ferro de 42,7 Mtpa* em 2023 para até 68 Mtpa até 2028, com investimentos de R$ 15,6 bilhões no período de 2023-2028. Já em siderurgia, as vendas são concentradas no mercado interno e são direcionadas para diversos segmentos da indústria, como automotivo, construção civil, embalagens, linha branca, entre outros. No segmento de cimento, a companhia realizou duas aquisições relevantes nos últimos anos (Elizabeth e LafargeHolcim), que a levou a ocupar a posição de 2ª maior produtora do Brasil (antes, estava na 6ª posição), com uma capacidade instalada total de 17 Mtpa por meio de plantas localizadas nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, e cuja distribuição é focada no varejo (lojas de materiais de construção).
A dívida bruta da CSN alcançou patamar recorde no 3T24 (R$ 54,5 bilhões), e a alavancagem financeira atingiu 3,34x dívida líquida/EBITDA ajustado (praticamente estável em relação às 3,39x no 2T24), acima da estimativa da companhia para o final de 2024, de 2,5x, mas a companhia tem iniciativas em andamento para a redução de seu endividamento e da alavancagem, no que pese os desafios setoriais.
Contexto operacional recente e análise financeira
Desde 2023, a indústria siderúrgica brasileira vem sendo impactada pelo forte incremento nas importações de aço, advindas principalmente da China, que têm elevado a competição no mercado interno e pressionado a rentabilidade das empresas do setor. Foram implementadas algumas medidas para tentar limitar as importações de alguns produtos, mas seus efeitos têm sido aquém do esperado pelo setor. No caso da CSN, observamos uma recuperação parcial das margens operacionais desde o 2T24, mas estas seguem abaixo da média histórica. Já o segmento de mineração tem enfrentado incertezas com relação ao cenário para minério de ferro, apesar do recente anúncio de novos estímulos pelo governo chinês, logo que o profundo enfraquecimento do mercado imobiliário deve continuar limitando a demanda interna de aço na China no curto prazo, o que pode pesar sobre os preços de minério de ferro. A CSN Mineração tem apresentado uma forte oscilação em seus resultados operacionais, sendo que no 3T24, a despeito do volume de vendas recorde e da redução nos custos de produção, houve deterioração das margens em razão da queda nos preços médios realizados. O segmento de cimento tem se mostrado mais resiliente, mesmo diante da persistência dos desafios para a construção civil, como a elevação das taxas de juros e o alto nível de endividamento das famílias. Após a expansão significativa de sua capacidade produtiva nos últimos anos, a CSN vem registrando crescimento consistente nos volumes de vendas de cimento, tendo atingido nível recorde no 3T24, o que contribuiu para a sustentação das margens em patamar elevado.
A alavancagem financeira da companhia segue como principal ponto de atenção. No 3T24, a dívida bruta atingiu o patamar mais elevado já registrado, de R$ 54,5 bilhões, e o indicador dívida líquida/EBITDA tem permanecido acima do guidance da empresa desde o 2T23 (atualmente, a estimativa é de 2,5x para o final de 2024). A companhia espera reduzir sua alavancagem financeira por meio (i) de melhores resultados operacionais esperados para o 4T24, (ii) do recebimento do caixa da venda de participação na CSN Mineração efetivado em 12/11, no valor de R$ 4,4 bilhões, e (iii) de outras iniciativas em andamento, como a busca de um parceiro para o segmento de energia, prevista para ser concluída ainda neste ano, segundo a companhia. A CSN, vale destacar, possui covenants financeiros que preveem índice de dívida líquida / EBITDA menor ou igual a 4,5x, métrica cumprida nos últimos anos e com expectativa de adimplência em 2024.
* Milhões de toneladas por ano; ¹ Em nov/2024 | Fonte: Companhia, Anbima, Bloomberg, Fitch Ratings, Moody´s Local, S&P Global, BB-BI.
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