caminhões de transporte se movimentando em rodovia

BB-BI analisa a CCR sob a ótica do crédito privado

Análise de emissores de crédito privado

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

19/11/2024 às 12:00


Atualização nas páginas 3 e 4: Atualização dos seguintes valores: dívida bruta consolidada para R$ 35,8 bilhões, dívida líquida para R$ 26,9 bilhões e caixa para R$ 8,8 bilhões.

O Grupo CCR é um dos maiores grupos privados de concessões de infraestrutura de transporte da América Latina, atuando nos segmentos de Rodovias, Mobilidade Urbana e Aeroportos. Por natureza, as operações da CCR possuem duas características fundamentais para o entendimento de seu modelo de negócio. São elas: (i) relativa previsibilidade de receitas, devido aos prazos longos dos contratos de concessão (geralmente, 30 anos), à relativa baixa volatilidade de demanda e à indexação das tarifas à inflação; e (ii) necessidade de altos volumes de investimento, o que leva a companhia a recorrer, em grande parte, a capital de terceiros para financiar seus projetos.

No segmento de Rodovias, é responsável por 9 concessões (excluindo a recém leiloada Rota Sorocabana) e por 3.615 quilômetros de rodovias, além de ~2,5 milhões de veículos diariamente, nos estados de SP, RJ, MS, SC e RS. Possui ~52% de sua receita bruta advinda da cobrança de pedágios nessas operações. As principais alavancas desse segmento são o fluxo de veículos e as tarifas de pedágio, que são reajustadas por índices de inflação de acordo com cada concessão. E os principais ativos são: Autoban, RioSP, RodoAnel Oeste e ViaOeste, responsáveis por ~70% de todo fluxo veicular.

No segmento de Mobilidade Urbana, a CCR está presente nos modais metroviário e aquaviário, através das concessionárias ViaQuatro, CCR Barcas, Metrô Bahia, VLT Carioca e ViaMobilidade. O segmento responde por ~30% da receita bruta e por ~3 milhões de passageiros transportados diariamente. E, com o segmento aeroportuário, a companhia busca diversificar e complementar seu portfólio, com 20 aeroportos, sendo 17 no Brasil e 3 na América Latina.

A companhia tem mantido um endividamento elevado, refletindo investimentos contínuos da empresa em projetos de infraestrutura e concessões. A dívida líquida consolidada no 3T24 foi de R$ 26,9 bilhões (+14% a/a) com alavancagem (dívida líquida / EBITDA UDM) de 3,1x.

Contexto operacional recente e análise financeira

Nos últimos trimestres, a CCR vem apresentando demanda resiliente em todos os modais. Rodovias vêm sendo o destaque, com turismo e exportações sendo os principais drivers para o crescimento do fluxo de veículos. Aeroportos, puxados por (i) turismo e viagens a negócio, (ii) maior oferta de voos e (iii) maior taxa de ocupação das aeronaves, especialmente no mercado internacional, também vem apresentando bom desempenho. E mobilidade urbana, demonstra trajetória gradual de recuperação de demanda após pandemia. No 3T24, a companhia apresentou resultados que consideramos positivos, com destaques para: (i) receita líquida ajustada de R$ 4,0 bilhões (+26% a/a); (ii) EBITDA ajustado recorrente de R$ 2,4 bilhões (+26% a/a); (iii) lucro líquido recorrente de R$ 422 milhões (+68% a/a); (iv) capex de R$ 1,8 bilhão (+65% a/a); e (v) recorde de tráfego em todas as plataformas, com crescimento de 4,4% em rodovias, 5% em mobilidade urbana e 7% em aeroportos. A dívida bruta consolidada foi de R$ 35,8 bilhões (+13% a/a) e a dívida líquida consolidada de R$ 26,9 bilhões (+14% a/a) , tendo, portanto, caixa de R$ 8,8 bilhões e alavancagem (dívida líquida / EBITDA UDM) de 3,1x.

A CCR tem mantido um endividamento elevado, refletindo investimentos contínuos da empresa em projetos de infraestrutura e concessões. Em linhas gerais, cerca de ~40% da dívida são debêntures com custo de IPCA+ 4,25%-7,25% a.a.; ~30% são debêntures, CDB e outros, com custo de CDI+ 0,47%-3,75% a.a.; e ~20% são atrelados ao BNDES, com custo de TJLP+ 0,0%-4,0% a.a. e IPCA+ 2,28%-8,05% a.a.; e ~10% vinculados a outros indexadores. A estrutura da dívida é em grande parte de longo prazo, o que alivia as pressões de liquidez no curto prazo - aproximadamente 50% das amortizações têm vencimento a partir de 2032, com caixa sendo suficiente para cobrir os vencimentos até meados de 2027. Por fim, em outubro de 2024, a companhia venceu o leilão da Rota Sorocabana com um lance de R$ 1,6 bilhão. A previsão é de R$ 8,7 bilhões de capex em 30 anos, financiados com 90% de dívida, o que estimamos elevar sua alavancagem para 3,2x em 2025.

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