CPI das Bets: entenda o caso que levou a influenciadora Virgínia a depor no Congresso

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

O nome da influenciadora Virgínia Fonseca tem sido o mais comentado nas redes sociais brasileiras nesta terça-feira, 13, e não é à toa. Dona de uma conta no Instagram com mais de 53 milhões de seguidores, Virgínia está no Congresso Nacional, em Brasília, prestando depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga escândalos envolvendo casas de apostas, a chamada CPI das Bets.

O depoimento de Virgínia para a CPI das Bets no Senado rendeu mais de 105 mil postagens no X, segundo dados da rede social às 14h50, e movimentou também as ferramentas de busca, com mais de 100 mil buscas sobre o tema em pesquisas no Google.

A seguir, entenda o que é a CPI das Bets, quais são as possíveis acusações contra Virgínia Fonseca e quais outros influenciadores são investigados no caso:

O que é a CPI das Bets?

A CPI das Bets tem como principal objetivo investigar os impactos das plataformas de apostas e jogos online no orçamento das famílias brasileiras, além de crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo apostas.

A CPI foi aberta após pedido da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), realizado em novembro do ano passado. Na solicitação, ela citou um famoso estudo do Banco Central lançado ano passado, informando que, em agosto de 2024, famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram mais de R$ 3 bilhões a plataformas de apostas por meio do Pix, com gasto médio de R$ 100 por pessoa.

Por que Virgínia está depondo na CPI?

Virgínia Fonseca faz parte de um grupo de influenciadores que utilizou o alcance das suas redes sociais para fazer publicidade de apostas e jogos de azar. Ela foi chamada para depor na CPI como testemunha.

O nome dela foi citado em uma reportagem da Revista Piauí de janeiro deste ano. A matéria citou que o contrato de Virgínia com a casa de apostas Esportes da Sorte tinha uma cláusula que ficou conhecida como "cachê da desgraça alheia": quanto mais pessoas perdiam dinheiro com apostas na plataforma, mais ganhos ela obtinha.

Além de Virgínia, a reportagem também cita contratos milionários de estrelas como o ator Cauã Raymond e o influenciador Carlinhos Maia - dono de um Instagram com mais de 34 milhões de seguidores - com plataformas de apostas.

O que Virgínia alegou em seu depoimento na CPI?

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem que Virgínia Fonseca deveria comparecer à CPI das Bets, mas que poderia permanecer em silêncio quanto a fatos que possam incriminá-la.

Durante seu depoimento, que viralizou nas redes sociais nesta terça-feira, Virgínia Fonseca negou ter recebido o tal "cachê da desgraça alheia" e disse que sempre alertou seus seguidores sobre os riscos das apostas.

"Quando eu posto [sobre apostas], deixo muito claro que é um jogo, que menores de 18 anos não podem jogar e para jogarem com responsabilidade, coloco as imagens do Conar [Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária], nunca falei para a pessoa entrar e fazer o dinheiro da vida dela", afirmou a influenciadora.
Virgínia explicou ainda que seu contrato com a Esportes da Sorte não previa faturamento em cima das perdas dos apostadores, mas em cima dos lucros obtidos pela casa de apostas com a sua divulgação.

Bet não é investimento

A pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, apontou que cerca de 4 milhões de brasileiros consideram as plataformas de apostas como uma forma de investir.

O levantamento mostrou que o número de brasileiros que fizeram pelo menos uma aposta em plataformas online no ano passado chegou a 23 milhões, ou 15% da população. No ano passado, era 14%. Esse porcentual, alerta a pesquisa, é maior do que o de uso de muitos produtos de investimento, como títulos públicos e privados, fundos ou ações, nos remete a importância de se trabalhar a educação financeira da população.