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Cielo conclui OPA para fechar capital e ações deixam de ser negociadas no Novo Mercado da B3

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

15/08/2024 às 15:15

Por Luana Pavani, Amélia Alves e Matheus Piovesana, do Broadcast

São Paulo, 15/08/2024 - A Cielo está se despedindo da Bolsa. A partir desta quinta-feira, as ações da credenciadora, também conhecida como "maquininha", deixarão de ser negociadas no segmento Novo Mercado da B3, apenas no segmento "Básico".

Ainda não é a saída total, já que é preciso aguardar a aprovação da conversão de seu registro de companhia aberta de tipo A para o tipo B pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na categoria B, as empresas listadas podem emitir valores exceto ações. Essa aprovação pode levar ao menos um mês para acontecer, de acordo com os prazos expressos no edital da oferta pública de aquisição (OPA).

O leilão da OPA foi realizado nesta quarta-feira (14) pelos bancos controladores, Bradesco e Banco do Brasil, que pretendem fechar o capital da companhia. As instituições consideram que fora da B3, a Cielo terá uma flexibilidade maior em mudar sua estratégia, o que deve não só reverter a perda de terreno no segmento das maquininhas como ajudar os dois bancos a avançarem junto às pequenas e médias empresas (PMEs).

Os ofertantes compraram 736.857.044 papéis, que representam 27,1% do seu capital social. O valor unitário foi de R$ 5,82, como oferecido pelos bancos em 1º de abril e ajustado pelo CDI acumulado desde então, mais os proventos distribuídos pela companhia. Ao todo, a oferta movimentou R$ 4,288 bilhões.

A liquidação do leilão ocorrerá na sexta-feira, 16. Considerando a aquisição realizada no leilão, as ofertantes passarão a deter, em conjunto, 93,4% do seu capital social da Cielo.

Segundo a Cielo, os acionistas que não venderam as suas ações durante o leilão e desejarem vendê-las às ofertantes poderão fazer isso por meio de negociações na B3, até a data da efetiva conversão de registro da companhia ou durante o período de três meses seguintes ao leilão, ou seja, até 14 de novembro de 2024.

Leia também: OPA: o que acontece quando a empresa muda de controle ou decide sair da bolsa?

Mudanças no mercado

A operação da deslistagem foi desenhada para que a Cielo possa reagir a um mercado em que o preço deixou de ser a maior arma competitiva, dando lugar à oferta integrada que coloca a conta bancária dos comerciantes dentro das maquininhas.

A Cielo, que entrou na Bolsa em 2009, dividia o mercado com a Rede, sendo que ambas tinham outros nomes: eram Visanet e Redecard, respectivamente. À época, imperava o processamento fechado, o que significava que a Visanet só processava cartões com a bandeira Visa, e a Redecard, os da Mastercard.

O duopólio foi quebrado pelo Banco Central, e a partir de 2010 as maquininhas passaram a aceitar múltiplas bandeiras. Ao longo da década seguinte, rivais como a então PagSeguro, hoje PagBank, entraram no negócio, empresas como a Getnet cresceram e novatas como a Stone surgiram. Aos poucos, a fatia de mercado das antigas líderes caiu.

No segundo trimestre deste ano, a participação de mercado da Cielo caiu para 19,9%, contra 22,3% no mesmo período do ano passado. A rival Rede ficou com 22,8%, mantendo a liderança que conquistou exatamente um ano antes, mesmo tendo perdido parte de seu espaço para rivais como Getnet e Stone. O PagBank ainda não divulgou os números do segundo trimestre.

O varejo, que atende às pequenas e médias empresas, é chave para o futuro da Cielo. A empresa reforçou no último ano a equipe comercial, que trabalha nas redes dos dois bancos de olho nesse estrato de clientes, que é mais rentável. Para os dois bancos, a maquininha da Cielo é uma ferramenta poderosa para garantir a gestão do caixa e o crédito das pequenas empresas, atividade também rentável.

"Com o leilão da Cielo, nós teremos uma oferta de maior valor para as micro, pequenas e médias empresas", afirmou o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, Geovanne Tobias.

No Bradesco, a retomada do crédito para as PMEs tem acontecido de forma gradual, e a Cielo é vista como uma ferramenta importante. "Nós esperamos entrar em dinâmica melhor para Cielo e para os dois bancos", disse Marcelo Noronha, presidente do Bradesco.

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