Análise Setorial | Petróleo e Distribuição de combustíveis | Agosto 2024
BB apresenta dados setoriais de petróleo e distribuição de combustíveis.
Publicado por: Análise BB
6 minutos
Publicado em
28/08/2024 às 14:21
Atualizado em
28/08/2024 às 14:21
_Nesta semana (26), foram promulgadas resoluções do CNPE e projetos de lei que afetam o setor de petróleo. O novo programa "Gás para Empregar" deve permitir que a empresa estatal PPSA contrate capacidade de distribuição de gás da Petrobras para venda direta de gás em todo o país. Além disso, a ANP passa a ter um papel na definição dos limites de reinjeção de gás em campos de petróleo, incluindo regulação sobre os preços cobrados pelo uso da infraestrutura, e inclui um comitê de monitoramento, semelhante à dinâmica do setor elétrico. Ainda há dúvidas sobre a capacidade de execução da ANP, considerando que a agência está com quadro defasado e excesso de demandas. Também se questiona o quanto tais medidas podem afetar a rentabilidade de projetos existentes, mas já é um consenso de que deve tornar o mercado de gás natural mais competitivo, ainda que os volumes detidos atualmente pela PPSA sejam limitados frente ao tamanho desse mercado. O decreto também prevê que a EPE, ANP e PPSA enviem ao CNPE, em até seis meses, estudos contendo cenários de descarbonização e os impactos associados às medidas, o que deve aprimorar a abordagem de longo prazo do setor.
_No mês de agosto, o petróleo teve forte volatilidade, chegando a cair próximo a US$ 75/barril dada a menor demanda e a elevação dos estoques, mas subiu mais fortemente no fim do mês, após a suspensão de toda a produção e exportação de petróleo na Líbia, com conflitos do governo baseado no leste do país, em disputa política com o grupo rival sediado em Tripoli.
_A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) divulgou uma atualização para o preço do petróleo no horizonte do seu Plano Nacional de Energia 2034, projetando o valor do Brent em US$ 83/barril no cenário de referência. Tal cenário está baseado em fatores como o pico de produção dos Estados Unidos sendo atingido no final desta década. Na projeção menos otimista, a EPE estima US$ 53/barril, e no cenário otimista, US$ 115/barril em 2034. As projeções não destoam das principais pesquisas do setor, que dão expressiva margem para mudanças conforme o desenvolvimento de fontes alternativas e cenários de demanda.
_A Vibra Energia fechou na semana passada (21) um acordo para antecipar o direito de compra da participação restante de 50% na sua controlada Comerc Energia. A Vibra já detinha 50% de participação na companhia, e a nova operação foi feita em conjunto com a Perfin Infra e outros acionistas da Comerc, pelo valor de R$ 3,52 bilhões. A aquisição da totalidade das ações estava prevista para ocorrer entre 2026 e 2028, mas foi antecipada com a percepção, pela Vibra, de que existem sinergias relevantes entre as duas empresas e pelo baixo risco do negócio, que já está operacional e vinha entrando como equivalência patrimonial. Entendemos a antecipação como positiva, dada a relevante contribuição que a Comerc trará para o EBITDA da Vibra de cerca de R$ 1 bilhão neste ano. A maior preocupação que enxergamos é em relação à alavancagem que o movimento trará para a Vibra. Por outro lado, o custo de captação da Comerc é maior, o que deve abrir espaço para renegociar com melhores condições.
_A Petrobras registrou neste ano 96% de atendimento às regras sugeridas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa (CGBC), dois pontos acima do registrado no ano passado. O CBGC reúne princípios, fundamentos e práticas recomendados para a governança corporativa de companhias de capital aberto. Em 2023, a média geral das empresas era de 65,3% de aderência ao CBGC, sendo que as estatais apresentaram uma média de 77,8% e o setor de óleo e gás, de 76,7%.
_A Raízen e a São Martinho vêm enfrentando incêndios no Estado de São Paulo, afetando áreas de produção e de fornecedores de cana. Ambas as companhias apontam que têm colheitas mecanizadas, e que uso de fogo não faz parte de sua estratégia em momento algum. O cenário é agravado pela estiagem, além de combinação de baixa umidade do ar e força do vento que propaga os fogos. Por hora, o impacto para as colheitas foi limitado a cerca de 2%, sem afetar diretamente a área das usinas, devendo ser parcialmente compensados pelos maiores preços, dada a menor produção nacional com tais eventos. A Orplana calcula que, no total, foram afetadas cerca de 80 mil hectares de cana-de-açúcar, com impacto de ~R$ 500 milhões.
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