Gerdau (GGBR4): Investor Day 2024 e Revisão de Preço
Especialistas do BB revisam o valuation da Gerdau, incorporando as novas estimativas divulgadas pela empresa no evento Investor Day 2024, bem como os resultados recentes.
Publicado por: Análise BB
4 minutos
Atualizado em
10/10/2024 às 11:29
Na última quinta-feira (03), participamos do Investor Day 2024 realizado pela Gerdau, evento anual para a apresentação das perspectivas para cada operação de negócios e das estratégias de longo prazo da empresa.
De modo geral, nossa visão positiva sobre a companhia foi reforçada, já que seu foco em redução de custos e busca por maior eficiência e produtividade devem continuar se traduzindo na entrega de uma rentabilidade satisfatória diante dos desafios enfrentados pela siderurgia brasileira com a forte competição de aço importado, embora este continue sendo um importante ponto de atenção para a indústria. Pontuamos também as estratégias claras de crescimento para os próximos anos, visando manter sua relevância em seus mercados de atuação e no processo de descarbonização da cadeia produtiva.
Além disso, no dia seguinte (04), tivemos a oportunidade de visitar a usina semi-integrada de aços longos em Araçariguama (SP), o que contribuiu para o entendimento, na prática, sobre os diferenciais competitivos da Gerdau, especialmente aqueles relacionados à eficiência de custos e aos baixos níveis de emissões de gases de efeito estufa, que fazem com que a companhia ocupe posição de destaque na indústria siderúrgica global.
Aproveitamos a ocasião para revisarmos nosso modelo financeiro, incorporando as novas estimativas divulgadas pela empresa, bem como os resultados recentes, e apresentamos o novo preço-alvo 2025e de R$ 24,00 (antes R$ 23,00), para GGBR4. Além do potencial de valorização da ação, entendemos que a tese de investimento da companhia continua atrativa em uma visão de longo prazo, motivo pelo qual mantemos a recomendação de Compra.

Reforçamos nossa visão positiva sobre a companhia
Aproveitando o anúncio de elevação do rating da Gerdau pela agência Moody’s na véspera do evento, a empresa explorou uma série de indicadores que traduzem a robustez de seu balanço e explicam seu custo de dívida diferenciado, que fazem com que os spreads de seus títulos de dívida externa (bonds) sejam substancialmente menores em comparação aos pares nacionais. Apesar dos bons números alcançados, a política financeira da empresa será mantida, embora tenha sido estabelecida em 2018, em um cenário de mercado diferente do atual e com o EBITDA equivalente à metade do patamar atual, pois prefere manter a disciplina financeira já que se trata de uma indústria cíclica e intensiva em capital.
A companhia anunciou duas principais alterações em seu plano de investimentos estratégicos para os próximos anos: (i) aumentou o montante destinado a downstream (produtos à frente na cadeia do aço) nas operações da América do Norte, visando reforçar seu portfólio de produtos de alto valor agregado na região; e (ii) reduziu o montante destinado a expansão florestal no Brasil, em linha com a readequação ao cenário de competição mais acirrada pela entrada de aço importado, que já tinha levado à paralisação de 2 plantas. Com isso, o total de desembolsos passou de R$ 11,9 bilhões (para o período de 2021-2026) para R$ 9,2 bilhões, dos quais R$ 3,4 bilhões já foram investidos e os R$ 5,8 bilhões restantes serão desembolsados majoritariamente até 2027 – o que representa uma redução de R$ 500 milhões sobre o valor remanescente de investimentos em comparação ao plano anterior. Além disso, segundo a companhia, o EBITDA anual potencial após a maturação de tais projetos (após 2027) é estimado em R$ 2,750 bilhões.
Com relação ao retorno aos acionistas, a companhia pretende manter a consistência no pagamento de dividendos vista nos últimos anos, e, por entender que suas ações estão subavaliadas, tem avançado em seu primeiro programa de recompras, que atingiu 27% ao final do 3T24 e cuja vigência é até agosto/2025.
Visita à usina de aços longos em Araçariguama
Tivemos a oportunidade de visitar a planta de Araçariguama (SP), uma usina semi-integrada (“mini mill”) com capacidade de processamento de 1 Mtpa de sucata, de produção de 900 ktpa de aço via forno elétrico e de 550 ktpa de laminados, que possibilita a entrega tanto de produtos semiacabados como acabados da categoria de aços longos voltados à construção civil.
Acompanhamos os principais processos produtivos e pudemos perceber alguns diferenciais desta operação, os quais destacamos: (i) o minucioso processo de tratamento prévio da sucata para maximizar a performance da aciaria, por meio da redução da necessidade do uso de insumos e energéticos; (ii) a linha de produção enxuta e contínua, que resulta em nível elevado de eficiência, especialmente com relação ao uso de energia, já que parte do aço permanece em elevadas temperaturas durante as diferentes etapas do processo produtivo, reduzindo a demanda energética para reaquecimento, o que também se traduz em um menor nível de emissões; (iii) o elevado nível de automação das operações, que além de favorecer a produtividade, contribui para o aumento da segurança; e (iv) o uso de tecnologias para maximizar a eficiência dos processos.
Papéis GGBR4 têm se mostrado resilientes desde o começo do ano e se mantêm como a melhor performance do segmento

Assim como os demais papéis do setor, as ações GGBR4 têm apresentado elevada volatilidade ao longo de 2024. Após a valorização recente que acompanhou o movimento do minério de ferro diante do otimismo com os estímulos anunciados pelo governo chinês, os papéis da Gerdau praticamente voltaram ao patamar do início do ano e acumulam uma desvalorização de quase 1% até o fechamento de 09/10, enquanto tanto o Ibovespa, como os papéis de siderurgia e mineração se desvalorizam mais no período.
Em nossa opinião, o mercado tem valorizado as estratégias adotadas pela Gerdau para a preservação das margens operacionais e aposta na entrega de resultados operacionais satisfatórios e superiores aos de seus pares nos próximos trimestres, visão que corroboramos.
Além disso, a disciplina financeira e a manutenção de uma estrutura de capital fortalecida pela intensa geração de caixa dos anos anteriores, quando o cenário estava bastante favorável ao setor, devem continuar limitando a elevação do nível de alavancagem, suportando a expectativa da continuidade dos investimentos e de retorno aos acionistas via dividendos.
Após a revisão de nosso modelo financeiro, observamos que as ações GGBR4 estão sendo negociadas com desconto de 21% sobre o múltiplo EV/EBITDA histórico1 e, além do potencial de valorização da ação para nosso novo preço-alvo 2025e de R$ 24,00, entendemos que a tese de investimento da companhia continua atrativa em uma visão de longo prazo, motivo pelo qual mantemos a recomendação de Compra.
Revisão de preço
Revisamos nosso modelo financeiro, incorporando as novas estimativas divulgadas pela empresa no evento Investor Day 2024, bem como os resultados recentes.
Nosso modelo financeiro utiliza a metodologia de Fluxo de Caixa Descontado para a Firma (FCFF), cujas principais premissas e resultados estão resumidos abaixo:

Tese de investimento
(i) Recuperação/manutenção da demanda de aço nos mercados de atuação da empresa, com balanço equilibrado entre oferta e demanda global no longo prazo
(ii) preços de aço estáveis no curto prazo e em patamares que proporcionem rentabilidade satisfatória para a companhia
(iii) diversificação geográfica das operações, que deverá continuar permitindo a captura de oportunidades em diferentes mercados e redução de riscos
(iv) investimentos e iniciativas que contribuem com a perpetuidade dos negócios
(v) disciplina financeira e baixa alavancagem, que possibilitam investimentos e remuneração aos acionistas, simultaneamente
Riscos
(i) ritmo mais lento de recuperação da atividade industrial nas regiões de atuação da companhia, pressionando a demanda de aço
(ii) quedas abruptas nos preços de aço
(iii) escassez de matérias primas ou incrementos substanciais de seus custos, incluindo os custos com sucata, energia e de carvão
(iv) incrementos substanciais de custos de produção
(v) persistência da elevada penetração de aço importado no Brasil.
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