Selic a 14,75%: como ficam os investimentos e quais são as perspectivas para os juros?
Publicado por: Broadcast Exclusivo
7 minutos
Atualizado em
09/05/2025 às 12:47
Por Gustavo Boldrini, Bruna Camargo e Eduardo Laguna, do Broadcast
São Paulo, 08/05/2025 - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou ontem a elevação da taxa básica de juros (Selic) para 14,75% ao ano, em decisão unânime. Assim, os juros chegam ao maior nível nominal desde julho de 2006. Com isso, como ficam os investimentos e para onde vai a Selic nas próximas reuniões?
Segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast, a renda fixa segue sendo a modalidade mais atrativa, e deve ser difícil para o investidor encontrar alternativas com melhores condições de risco/retorno.
Pós-fixado segue soberano
Dentre os títulos de renda fixa, os pós-fixados são os favoritos. Além do juro no maior valor nominal desde 2006, a volatilidade dos mercados locais e globais, em especial pelas incertezas sobre os rumos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, dá aos títulos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) as condições mais favoráveis e seguras.
"Em momentos de incerteza, até mesmo os grandes investidores do mercado vão buscar os pós-fixados para ganhar dinheiro com o CDI alto. E falando em reserva de emergência, é importante estar em títulos com volatilidade baixa", comenta Laís Reis, estrategista de investimentos do Banco do Brasil.
As projeções de rentabilidade dos pós-fixados no curto prazo, pensando em até dois anos, são as melhores em relação às outras classes de ativos, segundo o C6 Bank.
"Os juros estão altos e a expectativa é que continuem assim nesse período. Como o pós-fixado é um porcentual em cima do CDI, que acompanha a Selic, ele captura isso", afirma Rafael Haddad, planejador financeiro do banco.
Confira o video em: https://www.youtube.com/watch?v=LzwuvZ7bshM
Vale investir em prefixados e IPCA+?
Apesar da forte atratividade dos pós-fixados, a equipe de analistas do Banco do Brasil tem visão positiva também para as outras classes da renda fixa: a prefixada, com títulos que oferecem uma rentabilidade fixa já no momento da aplicação e costumam ser mais voláteis na marcação a mercado, e o IPCA+, com títulos que juntam a variação da inflação com uma taxa prefixada, garantindo certa estabilidade.
"Para este mês, estamos positivos nas classes prefixada e de inflação. Tem uma força compradora nos títulos atrelados ao IPCA, que são menos voláteis, mas também temos taxas ainda altas nos prefixados", aponta Laís Reis.
Para a estrategista do BB, há boas oportunidades de prefixados com vencimento em dois anos, e no IPCA+ as melhores oportunidades estão em títulos que vencem entre três e seis anos. O porcentual de alocação em cada classe depende, segundo ela, do perfil de risco do investidor.
Para prazos mais longos, com a expectativa de que a taxa Selic possa cair no futuro, Rafael Haddad, do C6 Bank, destaca os prefixados como boas opções.
"Dado o cenário atual, [para longo prazo] faz mais sentido o prefixado, pois com a expectativa de que os juros vão cair é possível 'travar' o investimento em uma taxa mais alta", diz o planejador, acrescentando que isso implica em um risco embutido.
"Em um prazo de cinco anos muitas coisas podem mudar. É um prêmio pelo risco que se corre com o prazo mais alongado", ressalta.
Para onde vai a taxa Selic?
Ao subir a Selic em 0,5 ponto porcentual, para 14,75%, o Copom não decretou o fim do ciclo de alta dos juros. Mas a leitura do comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo colegiado fez aumentar a sensação no mercado de que a taxa não terá um novo aumento em junho, quando os diretores do Banco Central voltam a se reunir nos dias 17 e 18.
Como esperado, o Copom evitou se comprometer com o seu próximo passo, buscando flexibilidade para decidir o que fazer a depender da evolução do cenário. Não sacramentou o fechamento do ciclo de altas, mas também não renovou a sinalização de que seguiria subindo os juros.
"Não dá para descartar que o ciclo se encerrou, mas também não dá para destacar novos ajustes residuais do ciclo, de 0,25 ou de 0,50 ponto porcentual. É um estágio do ciclo de alta bem avançado, e é natural neste momento que o Copom procure se resguardar antes de dar novas projeções", avalia Ronaldo Trogo, gerente de pesquisas macroeconômicas do BB.
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