Economia
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Jogos Olímpicos deixam legado por onde passam e impactam o PIB local: saiba como
Olimpíadas vão impulsionar PIB europeu já no 3º trimestre deste ano
Publicado por: Broadcast Exclusivo
8 minutos
Atualizado em
02/08/2024 às 12:32
Por Gustavo Boldrini e Sergio Caldas
As Olimpíadas tendem a impactar positivamente a riqueza do país sede. No caso dos Jogos Olímpicos de Paris, que ocorrem até 11 de agosto, a previsão é que no terceiro trimestre, o evento pode acrescentar cerca de 0,2% ao Produto Interno Bruto francês, segundo a consultoria Capital Economics.
As projeções vieram em seguida à divulgação do PIB da zona do euro nesta semana, que cresceu 0,3% no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses do ano, acima da expectativa de analistas, que previam alta de 0,2%. Em relatório, a Capital também calcula que o PIB da zona do euro possa ser elevado em 0,04 ponto porcentual com as Olimpíadas.
Um estudo realizado pelo órgão francês Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES, na sigla em francês), os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris podem gerar um impacto econômico de até 11,1 bilhões de euros na capital. Esse é o cenário mais otimista de níveis de impacto, mas a projeção também inclui nível baixo (6,7 bilhões de euros) e médio (8,9 bi). O impacto leva em conta o turismo, as novas construções e a organização do evento, considerando um período que vai de 2018, um ano depois de Paris ser escolhida como sede dos Jogos, até 2034, dez anos depois da realização do evento.
Impactos das Olimpíadas Rio 2016
No Brasil, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, trouxeram um impacto, até hoje, de R$ 99 bilhões sobre o Valor Bruto de Produção (VBP), que representa o valor total de produção de bens e serviços de uma região em um determinado período de tempo, segundo recente estudo divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A maior parte durante o período do evento, R$ 88 bilhões, e os demais impactos em projetos em andamento ou expansão depois dos Jogos, de R$ 11 bilhões sobre o VBP.
De acordo com a pesquisa, foram R$ 51,2 bilhões sobre o PIB da capital fluminense; R$ 5,3 bilhões em arrecadação de impostos e R$ 36,2 bilhões de impacto sobre a renda das famílias. Ao todo, a FGV calculou que 465,4 mil empregos foram criados em decorrência dos Jogos.
Como as Olimpíadas afetam o PIB?
Os projetos viabilizados pelo contexto dos Jogos Olímpicos são indutores de atividade econômica na região onde se realizam. A execução das iniciativas gera uma série de benefícios socioeconômicos para a população, tanto por meio do fornecimento dos serviços públicos quanto pela criação de novos empregos, bem como a elevação da renda das famílias, e tudo isso se traduz em um aumento do potencial de consumo e bem-estar, explica a FGV no estudo.
Durante os Jogos, o turismo atinge um auge, com a chegada de milhares de visitantes de todo o mundo. Hotéis, restaurantes, lojas e outros estabelecimentos turísticos colhem os frutos desse aumento na demanda, injetando uma quantia significativa de dinheiro na economia local, explica Hugo Garbe, professor do departamento de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Antes das Olimpíadas, a construção de estádios, vilas olímpicas e meios de transporte, também têm potencial de contribuir com o PIB local. "As obras de infraestrutura para as Olimpíadas criam uma quantidade substancial de empregos temporários, principalmente na construção civil e em serviços relacionados, o que aumenta a renda das famílias e estimula o consumo local", afirma Garbe.
Segundo o professor do Mackenzie, os benefícios de longo prazo dependem muito da eficácia da gestão local e do planejamento que será feito para que se possa colher os melhores frutos de um evento dessa magnitude. "Os benefícios de longo prazo não são automáticos. Eles dependem de uma gestão eficaz e de um planejamento estratégico. Sem uma estratégia clara, há o risco de que algumas instalações se tornem subutilizadas ou até mesmo abandonadas, gerando custos adicionais sem o retorno esperado", comenta Garbe.
- "Passados oito anos do evento, pode-se afirmar que a prefeitura do Rio entregou um dos Jogos Olímpicos mais eficientes da história em termos do uso racional do dinheiro público", conclui o estudo da FGV. De acordo com os pesquisadores, os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio deixaram um legado na infraestrutura, nos serviços, nos transportes, no meio ambiente, na educação e nos esportes para a cidade.
Alguns deles foram as obras do Porto Maravilha, a criação de novos túneis na região, a criação do Boulevard Olímpico e a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã, além de projetos de mobilidade, como os BRTs Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e a linha 4 do Metrô. Houve também o reaproveitamento de instalações olímpicas, como a Arena do Futuro, que foi convertida em quatro escolas; da Arena 3, transformada no Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado; e a Via Olímpica, transformada no Parque Rita Lee.
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