mulher com criança no colo cozinhando em fogão

Brasileiros poupam mais que na média da América Latina e já começam a diversificar

Perfil dos investidores brasileiros fica mais poupador, diversificado e digital

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

03/05/2023 às 15:54

Por Luana Pavani, do Broadcast

O esforço de poupar nos últimos anos, principalmente após a pandemia de Covid-19, deu resultado. Pela primeira vez, os brasileiros ultrapassaram seus vizinhos da América Latina como os maiores poupadores da região. É o que mostra um levantamento do Banco Central, o "Global Findex: o Brasil na comparação internacional".

O estudo, a partir da análise dos dados da pesquisa Global Findex, do Banco Mundial, divulgado em fevereiro de 2023, mostra que, globalmente, 49% dos adultos afirmaram poupar algum dinheiro. Dentre os brasileiros, o índice é de 46%, abaixo da média mundial, mas superior à da América Latina, onde, em média, 42% dos adultos são poupadores. Outro dado a se comemorar é que a marca do Brasil apontada na pesquisa de 2021 representa uma evolução: o porcentual de adultos que conseguiram poupar em 2017 no Brasil era de 32%, e em 2014, de 28% apenas.

Na amostra por idade, o estudo destaca que dentre os jovens entrevistados, de 15 a 24 anos, o número de poupadores cresceu significativamente, de 27% em 2014 para 67% em 2021. Nas economias de renda mais alta, não se observaram diferenças tão relevantes no perfil dos poupadores por idade.

Apesar dos avanços, a resiliência financeira dos brasileiros, mensurada pela facilidade de o cidadão lidar com choques financeiros inesperados, está bem abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 38 nações em desenvolvimento do qual o Brasil faz parte. Por aqui, o porcentual de pessoas que poderiam contar com suas próprias economias, ou seja, o dinheiro poupado, é de 10%, abaixo da média de 12% na América Latina e muito inferior aos 50% na OCDE.

"Possivelmente isso ocorre, entre outros fatores, devido ao baixo hábito de poupança do brasileiro, apesar do crescimento observado recentemente", avalia o estudo.

Mas quando consegue poupar, onde o brasileiro investe?

A tradicional caderneta de poupança continua sendo o principal modalidade de investimento dos brasileiros. De acordo com o "br/especial/raio-x-do-investidor-2023.htm data-bb-acao="bbClickMarkdown" data-bb-rotulo="Raio X do Investidor Brasileiro - https://www.anbima.com.br/pt_>br/especial/raio-x-do-investidor-2023.htm" target="_blank">Raio X do Investidor Brasileiro", pesquisa anual da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha, divulgada em março de 2023, 26% dos entrevistados utilizam a poupança, e essa opção de investimento inclusive cresceu 3 pontos porcentuais ante o anterior.

A pesquisa também mostra que o porcentual daqueles que conseguiram economizar subiu em 2022 em relação ao ano anterior, de 27% para os atuais 32%. A principal atitude para poupar mais foi diminuir gastos, além de uma maior conscientização financeira, como evitar compras desnecessárias ou supérfluas, controlar despesas, guardar parte do salário e pesquisar preços. Outra boa prática foi guardar uma parte do salário, quesito com a maior variação entre os anos de 2021 e 2022, subindo de 11% para 15%.

Fora a poupança, todos os outros investimentos apresentaram índices menores do que 5% da carteira da população em geral. Ainda assim, os coordenadores da pesquisa observam uma tendência de diversificação dos investimentos. Em 2022, na comparação com 2021, mais pessoas declararam investir seu dinheiro em outros tipos de aplicações, como fundos, títulos privados, moedas digitais e previdência privada. O conhecimento sobre o assunto também melhorou, com o porcentual da população que não conhece ou não utiliza nenhum tipo de investimento em queda, de 66% para 58% na mesma base de comparação.

A aplicação em caderneta de poupança é muito simples de se fazer. Todo banco oferece essa opção, que é o primeiro passo para a introdução no mundo dos investimentos e de custo baixo, sem cobrança de taxas nem de imposto de renda. Muitas famílias adotam a poupança como reserva de emergência, ainda que a rentabilidade não seja tão atraente quanto outras modalidades de renda fixa e igualmente isentas, ainda mais em um ambiente de inflação e juros elevados.

Vale lembrar que a remuneração dos depósitos de poupança é definida pelo governo, composta pela parcela básica, relacionada à Taxa Referencial (TR), atualmente bem baixa, próxima de zero, e pela parcela adicional, de 0,5% ao mês enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou, se inferior, 70% da meta da Selic ao ano, mensalizada.

Inclusão digital

O Brasil deu um salto na adoção de pagamentos digitais, segundo os dados do Banco Mundial, de 58% em 2017 para 77% em 2021. A evolução tecnológica, com expansão dos canais de acesso via internet e celulares, além do maior número de prestadores de serviços bancários e a criação do Pix são apontados pelo Banco Central como alguns fatores para esse crescimento. Ao olhar com mais detalhes estes dados, o estudo do BC mostrou uma redução da desigualdade entre os indicadores dos grupos mais ricos e mais pobres. Em 2017, a diferença entre os grupos que utilizavam pagamentos digitais era de 25 pontos porcentuais entre ricos e pobres. Mas em 2021, caiu para 7 p.p., com 72% dos mais pobres utilizando pagamentos digitais.

Aliás, a digitalização fez com que os aplicativos dos bancos se tornem o principal meio para realizar as aplicações financeiras, ultrapassando a ida pessoalmente ao banco, que ocupava o primeiro lugar até então no Raio X dos Investidores. "Quem lidera esse movimento são os mais jovens, que em sua maioria preferem usar seus celulares para realizar suas operações financeiras", diz a Anbima, responsável pelo levantamento. A preferência pelo aplicativo do banco é de 64% na geração Z (16-25 anos) e de 57% entre os millennials (26 a 40 anos).

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