BB diz a analistas estrangeiros que manterá rentabilidade acima de 20%
Publicado por: Broadcast Exclusivo
4 minutos
Atualizado em
26/09/2024 às 14:01
Por Matheus Piovesana, do Broadcast
São Paulo, 26/09/2024 - Um banco em que a tecnologia começa a gerar resultados no relacionamento com os clientes, e que conseguirá manter rentabilidade acima dos 20% graças à disciplina na execução da estratégia. O Banco do Brasil levou essa tese a investidores e analistas internacionais no primeiro Dia do Investidor realizado fora do País, esta semana. A investida internacional do BB tem razão de ser: 25% do capital do banco está nas mãos de estrangeiros.
A fala da presidente do BB, Tarciana Medeiros, começou pela desconfiança que o mercado teve com os rumos do banco no começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que a indicou ao posto. Entre o resultado das eleições de 2022 e os primeiros resultados da gestão de Tarciana, as ações do banco foram pressionadas na B3. O recorde de resultado dissipou temores, e nos últimos 12 meses, os papéis sobem 27%.
"Eu lembro que no início houve muita dúvida sobre se nós teríamos condições de levar adiante o planejamento estratégico que estava previsto para o banco, a estratégia corporativa que estava desenhada", afirmou a executiva, que está no BB há 24 anos. Ex-feirante e com passagens por diversas áreas do conglomerado, Tarciana é a primeira mulher a comandar a instituição.
O evento teve a presença de praticamente toda a cúpula do BB, que está em Nova York para participar de eventos paralelos à Assembleia Geral das Nações Unidas, e também para buscar novas captações para financiar negócios verdes no Brasil. Os executivos ressaltaram que a evolução dos negócios do banco na última década mostra que a estratégia é seguida à risca. Na visão deles, mais que as trocas de governo e de gestão, disciplina é a marca do BB.
O vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, Geovanne Tobias, disse que nos últimos 14 anos o banco teve uma evolução em linhas de receita com serviços, o que, segundo ele, demonstra a continuidade de estratégia. "Chamo a atenção para a participação dos nossos negócios de seguridade: não tínhamos nenhuma contribuição nas receitas com serviços, [em 2010] era de 3%, e hoje respondem por 16%", afirmou.
Essa disciplina deve manter o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) acima dos 20%, de acordo com o BB, e ajudar a manter a geração de capital, ponto que gerou discussões após o último balanço. "Considerando o crescimento do crédito esperado para este ano, o ROE de 22% nos últimos 12 meses e uma retenção de lucros de 55%, o banco continua a gerar algum capital de forma orgânica", afirmaram os analistas de renda fixa do Bank of America.
"Apresentar" o BB ao investidor global tem razão de ser. Embora um quarto dos acionistas do banco sejam estrangeiros, os investidores de fora do País preferem Itaú e Bradesco ao entrar no setor bancário brasileiro. Os três bancos têm liquidez similar, mas historicamente, gestores internacionais ficam com o pé atrás pelo fato de o BB ter o governo como controlador.
Diversificado
Em relatórios, bancos americanos afirmaram que o BB também elencou as fortalezas que tem em uma série de negócios. "O BB destacou suas vantagens competitivas no crédito consignado e está confiante em sua capacidade de manter ou aumentar participação", disse a equipe do Morgan Stanley, liderada por Jorge Kuri.
O consignado tem chamado a atenção dos investidores internacionais pela investida do Nubank, que fechou convênios para ofertá-lo. Embora a carteira da fintech não seja conhecida, os grandes bancos têm apresentado como contraponto a esse avanço a capacidade de distribuição que possuem, digital e física.
O BB afirmou que pode replicar no setor privado o acesso a folhas que possui entre servidores públicos, e aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ao todo, 47% dos servidores públicos do País recebem salário no banco, que é o banqueiro principal de 15 Estados.
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