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caixas de papelão empilhadas

Mercado

Suzano (SUZB3) 3T23: impactado por condições desfavoráveis de mercado; novos investimentos anunciados

Mesmo com o cenário desafiador para os segmentos de papel e celulose, a Suzano entregou um resultado sólido. Novos investimentos foram anunciados durante o Suzano Day 2023. BB mantém recomendação Neutra.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura12 minutos

Atualizado em

27/10/2023 às 20:46


A Suzano reportou queda de 11% a/a nas vendas de celulose no 3T23, mas estabilidade em relação ao 2T23, suportada pela elevação da demanda por celulose na China no trimestre, que contribuiu para amenizar o impacto da redução de 33% a/a no preço médio líquido da commodity. A combinação da queda de volumes e preços com a desvalorização do dólar frente ao real levou à redução de 62% a/a do EBITDA ajustado da celulose, levemente compensada pelo menor custo caixa de produção. No segmento de papel, a receita líquida cresceu 3% a/a como resultado do aumento de preços no mercado interno (+17% a/a), especialmente nos segmentos de papel-cartão e tissue, enquanto o volume de vendas permaneceu estável. O EBITDA ajustado, no entanto, apresentou queda de 16% a/a em razão do aumento de despesas, da desvalorização cambial e do aumento do custo caixa.

No consolidado, a Suzano reportou receita líquida de R$ 8,9 bilhões (-37% a/a) e EBITDA ajustado de R$ 3,7 bilhões (-57% a/a), com margem EBITDA ajustada de 41%, recuo de 20 p.p. a/a. Do lado financeiro, a Suzano registrou prejuízo líquido de R$ 729 milhões, versus um lucro líquido de R$ 5,4 bilhões no 3T22, variação explicada pela redução do resultado operacional e pela variação negativa do resultado financeiro, afetado pela desvalorização cambial sobre o saldo da dívida em moeda estrangeira e operações com derivativos.

Junto com o resultado do trimestre, a Suzano realizou o Suzano Day 2023, no qual compartilhou mais detalhes sobre os novos investimentos anunciados. Além do Projeto Cerrado, com início da operação previsto para jun/24 e com progresso de 68% do capex (~R$ 10 bilhões), a empresa divulgou novos investimentos: (i) R$ 490 milhões para produção de **celulose fluff **(utilizada em produtos de higiene) a partir de celulose de fibra curta (eucalipto) com capacidade nominal de produção de 340 mil ton/ano na unidade industrial de Limeira/SP; (ii) R$ 650 milhões para construção de uma fábrica de papel sanitário (tissue) e conversão em papel higiênico e papel toalha em Aracruz/ES, com desembolso líquido estimado de ~R$ 130 milhões, uma vez que a companhia utilizará créditos tributários no estado, com previsão de início das operações para o 1T26; e (iii) R$ 520 milhões para construção de uma nova caldeira de biomassa na fábrica de produção de celulose em Aracruz/ES, com previsão de entrar em operação no 4T25. Os desembolsos para estes investimentos não afetam a estimativa de capex para 2023 e devem ser distribuídos entre os anos de 2024, 2025 e 2026.

Destaques por segmento

As vendas de celulose apresentaram queda de 11% a/a e ficaram praticamente estáveis em relação ao trimestre anterior em função de volumes restritos de produção e da redução de estoques. O preço médio em USD/ton teve queda de 33% a/a em função do cenário desafiador para a commodity na China e na Europa. Como consequência, a receita líquida da celulose retraiu 45% na comparação anual, impactada pela queda de volumes e preços, além da desvalorização do dólar em relação ao real. O EBITDA ajustado atingiu R$ 2,9 bilhões, queda de 62% a/a, explicada pelos efeitos acima, que foram parcialmente compensados pelo menor custo caixa de produção (R$ 861/ton versus R$ 883/ton no 3T22).

No segmento de papel, as vendas no mercado interno totalizaram 235 mil toneladas, um aumento de 12% em relação ao trimestre anterior em função da aquisição do negócio de tissue da Kimberly Clark no Brasil e do aumento das vendas de papel cartão. Na comparação anual, houve retração de 3% justificada pela queda de recomposição de estoques do mercado. Já no mercado externo, houve crescimento de 14% t/t e 9% a/a nas vendas, como resultado da estratégia da companhia na alocação de volumes. A receita líquida do segmento teve crescimento de 3% a/a em função de aumento de preços no mercado interno (+17%). O EBITDA ajustado atingiu R$ 783 milhões, queda de 16% a/a, explicada por maiores despesas gerais e administrativas (remuneração variável e incorporação de despesas com a aquisição da Kimberly Clark), além da desvalorização do dólar em relação ao real e ao maior custo caixa.

Destaques operacionais e financeiros

No consolidado, a receita líquida da Suzano atingiu R$ 8,9 bilhões, queda de 37% a/a, explicada (i) pelo menor preço médio líquido da celulose em dólar (-33%), (ii) pelo menor volume de vendas (-10%) e (iii) pela desvalorização do dólar em relação ao real (-7%). Estes efeitos foram parcialmente compensados pelos melhores preços de papel no mercado doméstico (+17%). O EBITDA ajustado totalizou R$ 3,6 bilhões, queda de 57% a/a explicada pelos fatores acima e pela elevação das despesas gerais e administrativas (+12%), com margem de 41%, redução de 20 p.p. a/a.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 3,5 bilhões no 3T23, versus um resultado positivo de R$ 4,5 bilhões no 2T23, variação explicada, em grande parte, pela variação cambial negativa da parcela de dívida em moeda estrangeira e do resultado negativo de operações com derivativos em função do impacto da desvalorização cambial e da elevação do cupom IPCA. Vale destacar que estes efeitos só terão impacto no caixa em seus respectivos vencimentos.

Por fim, a Suzano registrou prejuízo líquido de R$ 729 milhões no trimestre, versus um lucro líquido de R$ 5,1 bilhões e R$ 5,5 bilhões no 2T23 e no 3T22, respectivamente. Na comparação anual, a variação é explicada pela redução do resultado operacional e pelo impacto negativo do resultado financeiro.

A geração de caixa operacional totalizou R$ 1,9 bilhão, queda de 74% a/a, impactada pelo menor resultado operacional (EBITDA ajustado) conforme explicado acima.

Ao final do trimestre, a dívida bruta era de R$ 78,5 bilhões, crescimento de 5% t/t em razão da variação cambial e das captações líquidas do período. O índice de alavancagem financeira, medido pelo indicador dívida líquida/EBITDA, atingiu 2,6x, um aumento em relação ao 2T23 (2,0x)

Os investimentos somaram R$ 4,4 bilhões no trimestre, queda de 29% em relação ao 2T23 em função do menor desembolso em Terras e Florestas e dos menores gastos com o Projeto Cerrado, cujo cronograma segue conforme o previsto e a entrada em operação da nova planta de celulose está prevista para junho de 2024.

SUZB3 vs IBOV

As ações da Suzano acumulam valorização próxima de 7% no ano, versus +4% do Ibovespa. No entanto, apenas nos últimos 10 pregões, o papel acumula queda superior a 10% refletindo a expectativa de resultados mais fracos em meio a um ambiente ainda desafiador em termos de demanda para os segmentos de papel e celulose.

Embora os preços da celulose permaneçam em níveis deprimidos, o aumento de preços anunciado recentemente (+USD 50/ton na China e +USD 80/ton na Europa) deve impactar positivamente os resultados do quarto trimestre.

Apesar das perspectivas positivas em relação ao crescimento da companhia e sua disciplina financeira de alocação de capital, optamos por manter a cautela diante da previsão de entrada de novas capacidades de celulose (inclusive da própria Suzano, no Projeto Cerrado) diante das incertezas em relação à demanda na China. Mantemos nossa recomendação Neutra para SUZB3.

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