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Petrobras (PETR4): Produção e Vendas 4T23 - dados anuais consolidam bom momento da companhia

Especialista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, analisa os dados de produção e vendas da Petrobras no 4o trimestre 2023

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

09/02/2024 às 14:14


A Petrobras apresentou ontem (08) seus resultados operacionais do 4T23, com números robustos no segmento de exploração e produção e dados um pouco mais fracos em refino, com queda nas vendas de derivados, e em gás e energia, devido à menor necessidade de despacho termelétrico. Porém, no acumulado de 2023, vemos os números consolidados como excelentes. O resultado financeiro do 4T23, a ser divulgado no dia 08/03 (quinta-feira), deve manter o fluxo de boas notícias para o papel, fechando o ano com boa geração de caixa e ainda a possibilidade de dividendos extraordinários, justificando a subida de mais de 100% em 2023 com múltiplos que ainda entendemos como atrativos (EV/EBITDA de 2,8x, ante 4,1x dos pares globais).

A produção anual total de óleo e gás natural atingiu 2,782 MMboed,+3,7% ante 2022. O principal driver do crescimento foi a entrada em operação de novas plataformas, como os FPSOs Almirante Barroso, Anna Nery e Anita Garibaldi, mas também colaborou o atingimento do topo de produção de unidades em operação, como a P-71 e o FPSO Guanabara. Outros recordes anuais foram a produção total operada (de 3,87 MMboed) e a produção própria no pré-sal (de 2,17 MMboed). No aspecto ESG, destacamos a tecnologia de captura de CO2 utilizada no FPSO Sepetiba, CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage), na qual o gás rico em CO2 é reinjetado no reservatório, contribuindo para a redução de emissões.

A produção no pré-sal teve um aumento de 3,5%, mas é na comparação anual que podemos perceber os motivos da região exploratória seguir aumentando sua relevância no portfólio da companhia: +18,2% a/a, fechando 2023 com uma produção 10,2% superior à de 2022. Já a produção do pós-sal teve uma queda de 5,8% a/a no trimestre, fechando o ano 12% menor do que em 2022, devido às perdas com paradas e manutenções, além do declínio natural da produção.

tabela descritiva de informações PETR3 e PETR4

No segmento RTC (refino, transporte e comercialização), o principal destaque foi o aumento no fator de utilização total das refinarias em 2023, que chegou a 92%, aumento de 4 p.p. Isso resultou em um crescimento de 2% na produção total de derivados em comparação com o ano anterior, permitindo uma redução nas importações. No 4T23, houve um declínio de 6,6% t/t nas vendas de diesel, dada a sazonalidade do consumo (plantio da safra de grãos e atividade industrial). No ano, as vendas de diesel ficaram 1,2% menores do que em 2022, provavelmente devido a uma perda de participação de mercado com a chegada de diesel de origem russa com preços reduzidos. Apesar da diminuição de 8,9% nas vendas de gasolina do trimestre, devido à perda de participação para o etanol hidratado, no resultado anual houve uma elevação de 2,7% nas vendas de gasolina, chegando ao maior volume dos últimos 6 anos, com aumento do mercado ciclo Otto e ganho de participação em relação ao etanol hidratado em boa parte do ano.

No segmento de Gás e Energias de Baixo Carbono, houve um aumento expressivo de 100% na venda de energia elétrica no 4T23, devido à maior demanda por geração térmica para atender picos de consumo de energia e compensar a queda de oferta da geração solar e eólica ao longo do dia. Ainda assim, no acumulado anual, houve queda de 28%, devido às condições hidrológicas e menor necessidade de despacho termelétrico. No trimestre, a entrega de gás nacional foi reduzida em 3 milhões de m3, devido a intervenções nas Rotas 1 e 2, mas compensada pelo aumento na importação de gás boliviano e GNL.

Em suma, o desempenho operacional da Petrobras em 2023 reflete uma estratégia de fortalecimento de pontos fortes, como a continuidade do crescimento na produção do pré-sal e no aumento da capacidade de refino, o que fica evidente nos recordes atingidos na produção de óleo e gás e na ampliação das taxas de utilização das refinarias. Os desafios que se seguem envolvem a boa execução nos investimentos, seja em E&P, seja na desafiadora construção do portifólio de renováveis, além da ampliação da capacidade de refino (trem 2 da RNEST e biorefino como destaques). Esperamos que as boas condições persistam caso a companhia mantenha boa aderência aos princípios do plano estratégico 2024-28, notadamente na manutenção de pilares econômico-financeiros, como patamar de endividamento abaixo de US$ 65 bilhões e políticas comerciais e de dividendos, bem como em uma alocação de capital eficiente.

tabela descritiva de informações PETR3 e PETR4

PETR4 vs IBOV

gráfico de evolução dados PETR3 e PETR4

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