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O que fazer com o primeiro salário? Três passos para o jovem organizar sua renda

Dicas para o jovem aprender a se organizar com a renda desde os primeiros passos no mercado de trabalho

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

11/07/2023 às 21:21

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

Assinar um contrato de emprego pela primeira vez, seja como funcionário, menor aprendiz ou estagiário, é um momento marcante na vida de qualquer jovem. A euforia é ainda maior quando cai o dinheiro do primeiro salário na conta. Gastar, poupar, ajudar em casa, investir em educação, o que fazer? São tantas as possibilidades que até o jovem com alguma noção de educação financeira pode entrar em parafuso.

O primeiro desafio é lidar com uma quantidade de dinheiro significativa para quem, até outro dia, ganhava no máximo uma mesada ou ajuda esporádica dos pais. O segundo, conseguir contemplar as diversas necessidades e desejos de consumo, que são naturais da juventude, sem sacrificar o orçamento mensal. Uma pesquisa recente da Fundação Arymax mostrou que dois terços dos jovens que entram no mercado de trabalho recebem até um salário mínimo (ou R$ 1.320,00) em seu primeiro emprego. Como separar essa renda?

Aprender e planejar

O primeiro conselho de especialistas para quem está começando a ganhar seu dinheiro é o de aprender a se planejar. Se o jovem for um funcionário do regime CLT, com carteira assinada, terá que aprender sobre os descontos que essa modalidade tem, como imposto de renda na fonte e benefícios como vale transporte, vale alimentação, plano de saúde, entre outros.

Depois de saber seu ganho líquido mensal, o jovem precisará se planejar, sobre seus objetivos de curto, médio ou longo prazo. "É preciso planejamento, saber o quanto você precisa guardar por mês. Esse planejamento vai ditar suas ações e te ajudar a não pecar com compras por impulso", diz Renan Pieri, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A situação socioeconômica da família também é importante para definir a maneira como o jovem se planejará com seus primeiros salários. Afinal, em muitos casos, parte dessa renda vai ajudar nas contas de casa. "Se o jovem tiver que ajudar em casa, é bom conversar com a família sobre qual vai ser a participação. Se as contas mensais de casa não dependem dele, será preciso colocar no papel os seus projetos e suas prioridades para o futuro. Se o jovem for morar sozinho, vai ter que por no papel o custeio das suas contas próprias", afirma o especialista.

Poupar desde sempre

Quando se fala em poupança, não é necessariamente sobre a caderneta oferecida pelos bancos, mas sim buscar alguma aplicação que permita preservar capital para o futuro, seja para realizar um sonho, seja ter uma reserva de emergência ou até guardar dinheiro para a aposentadoria.

Apesar dos objetivos variados que cada um pode ter, especialistas são unânimes em afirmar que, desde o primeiro salário, o jovem deve destinar uma parte desse rendimento para a poupança. "É necessário criar o hábito de poupar o salário desde o primeiro pagamento, fazer disso uma rotina, com disciplina", afirma Paula Sauer, professora de Economia Comportamental no curso de Comunicação e Publicidade da ESPM.

Ela recomenda que o jovem utilize as ferramentas de aplicação automática que os bancos costumam oferecer aos clientes. Para ajudar a criar esse autocontrole, uma dica é fazer a aplicação automática de um porcentual do salário para o dia do pagamento. "Entrou o salário, parte dele já vai direto para a aplicação. O que sobrar vai para o pagamento de contas, consumo, para ter prazer e ajudar na realização de sonhos", acrescenta a especialista.

Pagar à vista em vez de parcelar

O primeiro salário pode levar qualquer jovem a tomar decisões por impulso, principalmente no que diz respeito ao consumo. Mas isso pode ser um perigo. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de novembro de 2022 revelaram que 19% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam endividados, em especial no cartão de crédito e no cheque especial.

Otto Nogami, professor de Economia do Insper, recomenda que o jovem fuja de compras a prazo no cartão de crédito e sempre favoreça o consumo à vista. Logo, se for fazer uma compra de valor mais alto, o indicado é se planejar com antecedência para acumular esse dinheiro e fazer a compra lá na frente.

"Pelas facilidades de crédito que são oferecidas hoje, muitas vezes você acaba tendo aquele impulso de comprar coisas intempestivamente, parcelando no cartão. À medida que você realiza um consumo à vista, não está comprometendo sua renda futura", recomenda o especialista.

Muita gente costuma dizer que a educação vem de berço, e quando se fala em vida financeira não é diferente. Para Paula Sauer, os exemplos familiares são cruciais para determinar a facilidade ou a dificuldade que aquele jovem terá para lidar com o dinheiro quando ingressar no mercado de trabalho. "Vemos com enorme recorrência filhos repetindo o comportamento financeiro dos pais, por não terem uma outra referência. Muitas vezes o comportamento é saudável, mas em outras tantas percebemos comportamentos inadequados e que podem levar o indivíduo ao adoecimento com relação ao uso do dinheiro", diz a professora da ESPM.

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