Negociação de derivativos na B3 vem conquistando investidores pessoa física

Por Luana Pavani, do Broadcast

A participação de pessoas físicas nas negociações de derivativos da B3 no primeiro trimestre de 2023 foi de 267 mil investidores, que fizeram ao menos uma operação. O perfil de pessoa física responde por 23% da quantidade média diária de contratos negociados, porcentual que em todo o ano de 2022 foi de 28%.

Esta é a primeira vez que a B3 divulga dados sobre derivativos no relatório trimestral de pessoa física (https://www.b3.com.br/data/files/7F/77/DE/30/5F598810A1E6D588AC094EA8/Book%20Pessoa%20Fisica%20-%201TRI%202023%20_final_.pdf). Ao fazer essa análise, a B3 viu que o futuro de minicontratos de Ibovespa B3 (WIN) foi o derivativo com a maior quantidade de investidores nos primeiros três meses de 2023, com 235,5 mil pessoas, seguido pelo futuro de minicontratos de dólar (WDO), com 148,9 mil. Em terceiro lugar, com apenas 5,9 mil pessoas, aparecem os derivativos de commodities, além de futuro de dólar (1,5 mil), futuro de Ibovespa (1,2 mil) e outros derivativos listados (2,7 mil PF).

A adesão ainda é pequena em relação ao total de investidores pessoa física na bolsa, de 5,3 milhões, mas indica uma tendência de diversificação na cesta de produtos de renda variável.

Vale notar que o mercado de derivativos no Brasil é destaque global: a B3 ficou em primeiro lugar no ranking das bolsas que mais negociam contratos futuros no mundo, conforme levantamento da Futures Industry Association (FIA), associação global para os mercados de futuros, opções e derivativos com contraparte central. No Brasil, foram negociados 5,76 bilhões de contratos em 2022, mais que o dobro, 112% maior, que na Borsa Instabul e 120% acima da Chicago Mercantile Exchange (CME), segunda e terceira colocadas. Também o mercado de opções de ações brasileiro é o maior do mundo, em que a B3 lidera com 1,8 bilhão de negócios por ano.

O que é derivativo?

Um derivativo é um tipo de investimento na forma de um contrato derivado de um ativo, o qual pode ser físico, como a soja ou algodão, por exemplo, ou financeiro, como ações de empresas, dólar ou índices da bolsa. O valor final da operação depende do prazo do contrato e da variação do produto original. Com essa operação, o investidor busca se proteger das oscilações de preço, ou fazer "hedge", no jargão em inglês. Outro propósito é de especulação, ou seja, buscar oportunidades de ganho com o sobe e desce de preços dos ativos de referência.

Como funcionam os contratos futuros?

O mercado de derivativos listados na B3 é dividido em três categorias: Futuro, Opções e Swap.

Os contratos futuros são instrumentos derivativos em que o negócio acontecerá numa data futura. O comprador e o vendedor combinam a negociação de um determinado ativo por um preço composto pelo valor à vista do produto mais uma taxa de juros acertada entre eles. Os compromissos vão sendo ajustados diariamente.

O mercado de opções tem a mesma lógica, mas ali o comprador do derivativo tem o direito de escolher pela aquisição ou venda do ativo de referência até a data combinada. Um exemplo é uma opção de compra de ações. Caso o investidor adquira este contrato, até a data do vencimento ele terá o direito de comprar a ação de referência pelo preço previamente acordado. Pelo outro lado, o emissor deste título fica obrigado a vender o papel, pelo preço acordado, caso o investidor queira exercer o direito.

Já os contratos de swap são mais comuns entre bancos ou grandes empresas, que fazem um acordo tendo a bolsa como contraparte, para negociar a troca de rentabilidade entre dois ativos, por exemplo, dólar e taxa de juros, o famoso swap cambial.

Há ainda o contrato a termo, parecido com o futuro, mas no qual o desembolso se dá apenas no vencimento do contrato, como se fosse uma compra a prazo. Outra diferença é que além de bolsa, pode ser negociado também em balcão.