diversos carros enfileirados fotografados sob vista superior

Mercado

Pisando no acelerador - Confira os resultados da Movida no 1T24

Segundo analistas do BB Investimentos, a Movida entregou um resultado positivo no 1T24.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

10/05/2024 às 14:02


A Movida entregou um resultado positivo no 1T24, em nossa opinião, com as principais linhas superando nossas estimativas. Por mais um trimestre, o destaque foi o segmento de Gestão e Terceirização de Frotas (GTF), “carro-chefe” da tese de investimento da companhia . Além disso, bons números no segmento Rent-a-Car (RAC) e, em especial, em Seminovos (que vinha sendo o vilão dos últimos trimestres), ajudaram a impulsionar o resultado. Pelo lado negativo, a elevação da alavancagem pode deixar um sinal amarelo aceso, apesar da companhia, aparentemente, reunir todas as condições necessárias para reduzi-la organicamente ao longo do tempo.

**Projeções operacionais**

Aproveitando a divulgação dos resultados e como parte de seu planejamento estratégico para 2024, a Movida formalizou suas projeções operacionais para o ano, sendo elas:

  • i) recompor o preço da diária (yield) no RAC, expandindo-o para 4,2% a.m. (ante 3,5% em 2023);
  • ii) maximizar a produtividade do segmento de Seminovos, aumentando a média de vendas de veículos no varejo para 34 carros/loja/mês (ante 28 em 2023) e reduzindo o desconto praticado em relação à tabela FIPE para 5,5% no varejo e 16,5% no atacado (ante 6,3% e 17,5% em 2023, respectivamente); e
  • iii) aumentar a representatividade do segmento GTF para 60% do capital investido em seu negócio (ante 56% em 2023), a fim de proporcionar maior previsibilidade e estabilidade para os resultados da companhia.

Estado de calamidade pública no RS. Em conferência realizada hoje, a Movida informou que possui 16 lojas nas regiões afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul (sendo 8 do segmento RAC e 8 do GTF). Duas lojas foram atingidas pelos alagamentos, sendo uma de cada segmento, com impacto material em aproximadamente 10% de suas respectivas frotas. A companhia informou estar tomando as providências sob seu alcance para atenuar os efeitos da tragédia.

**Recomendação e preço-alvo**

Em nossa leitura, os resultados do 1T24 reforçam a tese de que as tendências negativas observadas em 2023 podem ter encontrado seu vale no 4T23 e, daqui em diante, tendências mais benignas devem tomar lugar nos resultados da Movida, com avanço de demanda e tarifa no segmento GTF, estabilidade no segmento RAC e normalização de Seminovos. Até incorporarmos os resultados do 1T24 em nosso modelo, mantemos preço-alvo de R$ 15,50 para MOVI3 até o final de 2024 e recomendação de compra.

Desempenho operacional e financeiro

  • Consolidado. A Movida apresentou receita líquida de R$ 3,0 bilhões (+12% a/a e +14% r/e), EBITDA de R$ 1,1 bilhão (+21% a/a e 18% r/e), EBIT de R$ 612 milhões (+26% a/a e +36% r/e) e lucro líquido de R$ 49 milhões (+110mm a/a e +112mm r/e), resultando em um ROIC de 10,5% (+2,5 p.p. vs 2023 e +1,8 p.p. em relação ao custo médio da dívida pós-impostos) e frota total de 246 mil carros (+15% ou +33 mil carros a/a).
  • GTF. O segmento apresentou receita líquida de R$ 720 milhões (+33,7% a/a) e EBITDA de R$ 535 milhões (+48% a/a), com margem EBITDA de 74,3% (+7,2 p.p. a/a). A frota total alocada na unidade foi de 136 mil carros (+18,3% ou +21 mil carros a/a), representando 58% do imobilizado bruto (vs 56% em 2023). O GTF ainda possui um backlog de R$ 5,8 bilhões em receitas futuras e 23 mil carros em situação “a implementar” que podem proporcionar adição de R$ 445 milhões em receitas durante o ano.
  • RAC. O RAC apresentou receita líquida de R$ 752 milhões (+9,5% a/a) e EBITDA de R$ 483 milhões (+13,5% a/a), com margem EBITDA de 64,3% (+2,3 p.p. a/a). A frota total alocada na unidade foi de 105 mil carros (+10,4% a/a), com aumento na tarifa eventual de aluguel de 12% a/a. Com o objetivo de avançar em rentabilidade (yield), a Movida deve continuar o movimento de recomposição de preço no segmento RAC ao longo do próximos trimestres, expandindo tal movimento também para o produto mensal, além do eventual, de modo a atingir o guidance de 4,2% a.m.
  • Seminovos. A unidade apresentou receita de R$ 1,5 bilhão (+4,3% a/a), com total de 23,2 mil carros vendidos (+18,6% a/a), margem EBITDA de 2,5% (-3,4 p.p. a/a) e uma média de 36 carros vendidos/loja/mês no varejo (+29% vs 2023).
  • Gestão de capital. Em abril e maio, a companhia realizou a emissão de um bond no mercado externo no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) e uma operação de alongamento de dívida no valor de R$ 1,4 bilhão. Os recursos, captados a uma taxa média de CDI+2,3% a.a., serão utilizados para pré-pagar dívidas mais curtas e mais caras, com custo médio de CDI+2,8% a.a. Como resultado, a Movida deve reduzir suas despesas financeiras em ~R$ 16,5 milhões por ano e estabelecer um patamar mais confortável de custo de funding.
  • Alavancagem. A companhia encerrou o trimestre com uma posição de caixa de R$ 3,2 bilhões (contra R$ 3,0 bilhões no 4T23) e alavancagem de 3,2x dívida líquida/EBITDA (+0,3x a/a).

Desempenho das ações

As ações MOVI3 acumulam variação de -38% em 2024 e -25% em 12 meses, contra -4% e +20% do Ibovespa nos mesmos períodos, respectivamente. Investidores acompanharam os movimentos principalmente da curva de juros no Brasil e nos EUA e as expectativas relacionadas aos resultados da companhia, que oscilaram de modo significativo durante 2023, impactados por despesas e custos com depreciação, pressões na linha de resultado financeiro, incertezas acerca da trajetória de alavancagem, condições desfavoráveis do mercado de automóveis, passando, inclusive, por efeitos ainda presentes de incentivos governamentais realizados outrora.

No momento da confecção deste relatório, as ações MOVI3 chegaram a cair 8,5%; sugerindo recepção negativa por parte do mercado somada ao mau humor sistêmico provocado pela abertura da curva de juros após decisão de ontem do Copom, que decidiu por reduzir a taxa Selic em 0,25 p.p., porém de maneira não unânime.

Nossa leitura é de que o fator macro deve ter pesado de maneira relativamente mais forte na reação dos investidores, não refletindo os números divulgados pela Movida, sugerindo, portanto, que a queda pode representar janela atrativa de entrada para aqueles não posicionados na companhia.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não sejam incertas ou equivocadas, no momento de sua publicação, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Quaisquer divergências de dados neste relatório podem ser resultado de diferentes formas de cálculo e/ou ajustes. O Disclaimer completo encontra-se no relatório.

Quer dar uma nota para este conteúdo?

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência e personalizar os conteúdos de acordo com a nossa

Política de Privacidade.