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Mercado

Ainda dá tempo de comprar Banco Inter?

Segundo analistas do BB Investimentos, o Inter & Co. entregou no 1T24 um resultado positivo.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

09/05/2024 às 18:08


O Inter apresentou um resultado que consideramos positivo no 1T24, com lucro líquido de R$ 195 milhões (+22% t/t), equivalente a um ROE trimestral de 9,7%, favorecido, na mesma tônica dos trimestres mais recentes, por expansão generalizada de receitas aliada a custos bem administrados.

Momento

O 1T do Inter foi de majoritária continuidade do movimento de expansão da rentabilidade do banco. O crescimento vem com algumas dores, é verdade, mas de maneira geral estamos assistindo à efetiva entrega do agora icônico projeto 60/30/30 apresentado ao mercado em janeiro de 2023, e cujos desdobramentos pudemos conferir já em meados daquele ano.

Receitas

Vimos novamente forte avanço na receita de juros, que se expandiu 10,8% t/t e 36,4% a/a, ainda mais forte do que a carteira de crédito, que variou 3,6% e 27,9% nas mesmas bases, percentual quase quatro vezes maior do que a indústria no período. No conceito margem líquida (NIM), que leva em consideração o volume de PDDs (custo do crédito), observamos mais um avanço no indicador, que atingiu 5,32%, superando o recorde anterior dom 4T22, com contribuição atribuída à reprecificação das linhas de crédito imobiliário e consignado, mix mais rentável e redução no custo de captação com a queda da Selic. As receitas de serviço também mostraram boa dinâmica, ainda que na visão trimestral alguma sazonalidade tenha sido sentida, o que fez o volume permanecer estável no trimestre, enquanto no ano a variação foi de 32,6%.

Despesas e Custos

As despesas com provisões ficaram em R$ 411 milhões, alta de 6,9% no trimestre e de 17,2% no comparativo anual, acompanhando a originação forte do período. Apesar disso, o custo do crédito ficou estável, em 5,2%. A despesa de pessoal variou 10,5% no ano, representando uma das dores do crescimento, assim como as despesas administrativas, ainda que esta última tenha variado em percentual aquém da inflação do período: 2,5%. Ainda assim, por conta do avanço das receitas, observou-se melhoria no índice de eficiência, que passou a operar abaixo dos 50% (47,7%) pela primeira vez. Lembrando que a expectativa do Inter quanto a esse indicador é a de que ele atinja 30% até 2027. Também vimos, destacadamente, uma queda no Custo de Servir, métrica que o Inter utiliza para mensurar a diluição dos custos sobre a base de clientes ativos. Com esta retração, apesar da receita média por cliente ativo (ARPAC), a margem por cliente ativo (a diferença entre o custo de servir e o ARPAC) se expandiu.

Desempenho das ações

Poucas ações viram tão expressiva alta nos últimos 12 meses quanto as do Inter, que operaram respondendo às efetivas entregas sequenciais da promessa de melhoria de rentabilidade. Percebemos estas mudanças já no resultado do 1T de 2023, mas foi no resultado do 2T, ainda em agosto do ano passado, que sentimos que havia confiança o suficiente nos números do Inter e modificamos a recomendação de neutra para compra, e com isso pudemos capturar a boa parte do movimento de alta visto até então.

Em se tratando de preço, os BDRs do Inter, de fato dividem opiniões. É provavelmente o ativo com a maior range de preços-alvo e maior dissenso entre analistas, já que o valuation, ao se basear em alta sensibilidade de projeções, desafia a técnica tradicional.

Após um movimento de queda visto ao longo de abril e maio, com o incremento da aversão ao risco nos mercados por conta de política monetária (externa e domesticamente), as ações do Inter sofreram. Isto se deu pois se trata de uma empresa associada a crescimento, ou seja, mais sensível a movimentos de juros. Com a divulgação do resultado do 1T24 hoje, o mercado parece ter relembrado o bom momento do banco, já que ação acabou avançando quase 7% mesmo em um dia de predominante queda.

Perspectivas

Para o ano de 2024 e além, temos expectativas positivas para o Inter. Esperamos que o banco continue focado em alcançar suas metas declaradas: 60 milhões de clientes, índice de eficiência de 30% e ROE de 30% até 2027. Um ano passado desde a declaração, e estamos de fato vendo trimestre a trimestre, incremento a incremento, o caminho para tais ambições ser percorrido. Continuamos destacando que o segredo parece estar na gestão eficiente dos custos, então é principalmente para a dinâmica desta que viraremos a maior parte dos holofotes sobre os resultados vindouros.

Preço-alvo e recomendação

Incorporamos os números do 1T24 ao valuation, e apresentamos nosso novo preço-alvo em R$ 33,80 para o final de 2024, e a recomendação de compra. Salientamos tratar-se, no entanto, de um valuation altamente sensível às premissas sobre a velocidade do Inter em transformar seu crescimento em rentabilidade, e que o preço-alvo deriva de um desconto de valor futuro em percentual muito superior ao de bancos tradicionais, então classificamos o ativo como alto risco.

**Ainda dá tempo de comprar Banco Inter?**

Com uma alta bastante expressiva nos últimos meses, o preço certamente parece superestimado. Concordamos em parte com a afirmação, mas entendemos que, dados i) o momento de relativa estabilidade nos mercados acionários, ii) um conjunto de melhores expectativas para o mercado bancário como um todo, e iii) uma sequência de resultados favoráveis pelo Inter, o custo de oportunidade de ficar de fora de uma eventual reprecificação do ativo dada a qualidade da entrega está pesando de forma mais proeminente.

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Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não sejam incertas ou equivocadas, no momento de sua publicação, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Quaisquer divergências de dados neste relatório podem ser resultado de diferentes formas de cálculo e/ou ajustes. O Disclaimer completo encontra-se no relatório.

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