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Mercado

Grupo Natura&Co (NTCO3) 3T23: misto, mas venda da The Body Shop pode impulsionar ações

BB analisa resultado do 3o TRI 2023: companhia divulgou resultados mistos, com ganho de margem operacional, mas retração de vendas.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura7 minutos

Atualizado em

22/01/2024 às 18:24


Consideramos os resultados reportados pelo Grupo Natura&Co mistos. Pelo lado positivo, a empresa reportou o ganho de margem operacional na comparação anual, proveniente, em grande parte, da elevação dos preços. Contudo, nos gera um alerta a retração das vendas neste trimestre em intensidade superior às nossas estimativas, que já consideravam um impacto negativo decorrente do início da implantação da Onda 2 (integração das marcas Natura e Avon na América Latina) no Brasil.

Desempenho das Ações e Perspectivas

As ações NTCO3 acumulam alta de quase 20% desde o início deste ano, refletindo o endereçamento do alto endividamento da companhia quando da venda da Aesop, ponto considerado sensível na tese de investimento da companhia e que deixou de inquietar os investidores. Com a assinatura de acordo vinculante para venda da The Body Shop, divulgada hoje (14), mais um ponto deixa de incomodar, subtraindo da equação da companhia uma divisão de negócios que não tem contribuído para a geração de valor. Diante disso, mantemos nossa recomendação de Compra e preço-alvo para o final de 2024 em R$ 18,20.

Desempenho Econômico-financeiro

A receita líquida consolidada veio em R$ 7,5 bilhões, queda de 10,5% na comparação anual e 5,7% inferior às nossas estimativas. Todas as unidades de negócios reportaram retração das vendas. No caso da Natura&Co Latam, a queda das vendas (-9,4% a/a e -5,5% r/e) refletiu o início da Onda 2 de integração entre as marcas Natura e Avon, que inclui a reorganização das equipes comerciais e impactos no calendário comercial, com desempenho negativo em especial na marca Avon. Já a retração de receita na Avon International (-11,6% a/a e -9,4% r/e) decorreu da variação cambial, com a receita em moeda constante vindo praticamente estável na comparação anual (-2,3% a/a, -1,3 p.p. r/e). Por fim, na The Body Shop, a contração da receita em 15,0% a/a retrata o mau momento vivenciado pela marca, como já projetávamos (+0,6% r/e).

O lucro bruto atingiu R$ 4,9 bilhões, queda de 6,1% a/a, o que implicou na elevação da margem bruta em 310 bps na comparação anual, mas 20 bps abaixo das nossas estimativas. A melhoria observada na margem bruta ocorreu em todas as divisões de negócios, em especial na Natura&Co Latam e na Avon International, beneficiadas pelo aumento de preços e pelo mix de produtos mais favorável.

Parte do ganho em margem bruta refletiu-se em incremento da margem EBITDA Ajustada. A elevação das despesas operacionais em decorrência dos investimentos planejados na Natura (Onda 2 e despesas com marketing e inovação) e na Avon International (despesas gerais) permitiu um crescimento de 10,0% a/a no EBITDA Ajustado, cuja margem atingiu 10,0% no 3T23, 1,9 p.p. superior a/a, mas -0,5 p.p. abaixo das nossas estimativas.

Por fim, o resultado do trimestre foi de um lucro líquido de R$ 7,0 bilhões, em função do reconhecimento do ganho de capital proveniente da venda da Aesop, encerrada durante o 3T23. Excluído esse evento não recorrente, o resultado teria sido um prejuízo de R$ 152 milhões, ante um prejuízo de R$ 560 milhões no 3T22.

Em relação à alavancagem financeira, pontuamos que, com a entrada dos recursos decorrentes da venda da Aesop, a companhia fechou o 3T23 com uma posição de caixa líquido de quase R$ 700 milhões, o que corresponde a 0,37x o EBITDA dos últimos 12 meses, endereçando a questão de alta alavancagem que a Natura&Co apresentou nos trimestres anteriores.

Quanto ao fluxo de caixa, observamos que o consumo de caixa operacional de R$ 1,1 bilhão, refletindo principalmente o processo de gerenciamento de passivos, com uma saída de caixa expressiva para pagamento de juros sobre a dívida e liquidação de derivativos. Dada a entrada de recursos pela atividade de investimento, com a venda da Aesop, o fluxo de caixa livre no trimestre foi de R$ 8,8 bilhões, consumido parcialmente pela redução do endividamento, o que implicou em uma variação positiva de caixa de R$ 1,0 bilhão.

Destaques 3T23

Fato Relevante

O Grupo Natura&Co divulgou hoje (14) um fato relevante informando ter assinado um acordo vinculante com a Aurelius Investment Advisory Limited para a venda da The Body Shop. A transação considerou o valor da empresa em GBP 207 milhões (libras esterlinas), equivalente a R$ 1,2 bilhão, incluindo um potencial valor contingente de GBP 90 milhões, a serem pagos em até cinco anos.

Visão do analistaItalic. Consideramos positiva a venda da The Body Shop, à medida em que essa divisão de negócios tem sido uma detratora dos resultados do Grupo há algum tempo, demandando dispêndio de caixa que poderia estar sendo direcionado para a integração entre Natura e Avon, e recuperação da Avon International. Dessa forma, entendemos que a venda da The Body Shop traz maior simplificação à tese de investimento do Grupo Natura, que poderá focar de forma integral ao turnaround da marca Avon, adquirida em 2019 e que, até então, não se provou bem-sucedida.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes fidedignas e de boa-fé, tendo sido tomadas medidas razoáveis para assegurar sua exatidão no momento de publicação. Contudo, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O BB-BI não garante o lucro e não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas nesse material, que tem por finalidade apenas informar e servir como instrumento que auxilie a tomada de decisão de investimento, não devendo ser  interpretado como material promocional, recomendação, oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao capital investido. A rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Nos termos do art. 22 da Resolução CVM 20/2021, o BB-BI, em conjunto com o Conglomerado Banco do Brasil S.A. (“Grupo”), declaram que (i) podem ser remunerados por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s); (ii) podem possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), e poderão adquirir, alienar ou intermediar valores mobiliários da(s) empresa(s) no mercado.

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