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Entenda o funcionamento da curva de juros

Curva de juros é vista como termômetro de apetite por risco do mercado

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

06/11/2023 às 11:31

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

Quem acompanha notícias sobre o mercado financeiro certamente já ouviu falar em curva de juros e o efeito que ela tem sobre todas as classes de investimentos. Muito além de uma simples precificação de títulos de renda fixa, ela também serve como um termômetro do apetite por risco dos investidores e das perspectivas gerais para o futuro da economia. Também serve de baliza para as condições de crédito à pessoa física e jurídica, já que os bancos e financeiras olham a curva de juros futuros para estimar o custo do dinheiro e as taxas que vão cobrar nos empréstimos e financiamentos a seus clientes.

No Brasil, a curva de juros é também conhecida como curva DI. A sigla quer dizer Depósito Interfinanceiro e identifica as taxas com as quais os bancos negociam recursos entre si, nos chamados Certificados de Depósitos Interbancários (CDI). Essas taxas funcionam como uma "proxy", isto é, uma aproximação de como a taxa básica de juros da economia (Selic) se comportará ao longo do tempo.

Por exemplo: se a taxa DI com vencimento em 2033 está sendo negociada a 11,25%, significa que o mercado está projetando uma Selic média, ao longo dos próximos dez anos, nesse valor. Isso mostra que neste período, novamente a título de exemplo, a taxa pode subir e cair algumas vezes.

Mas como existem diversos vértices (vencimentos) na curva DI, é possível saber a trajetória esperada ao longo do tempo para determinados períodos. Se o título com vencimento em um mês aponta taxa média perto de 13,75% e dois meses depois a taxa média está ao redor de 13,60%, com uma reunião do Copom neste intervalo, a média em dois meses está embutindo o juro básico parado até a próxima reunião do Copom, como é de se esperar, e um corte de 0,25 ponto quando houver o encontro.

No entanto, quanto mais longo o prazo de vencimento de um contrato de DI, mais difícil é traçar projeções que indiquem com precisão a trajetória dos juros. Então, como o futuro e incerto, o investidor cobra mais prêmio, o que faz com que as taxas longas geralmente sejam maiores.

Quem opera no mercado de juros?

Os operadores desse mercado são, basicamente, investidores institucionais, como tesourarias de bancos e gestores de fundos de investimentos no Brasil e no exterior, que compram e vendem taxas de juros no mercado futuro para proteger suas dívidas. Esse mecanismo é conhecido como "hedge", do termo em inglês "proteção", de modo que o investidor escolhe uma cotação de momento para travar a oscilação à frente, caso a taxa suba ou caia além do desejado.

Também se negocia no mercado futuro de DI com títulos públicos, como as Letras do Tesouro Nacional, as LTNs ou Tesouro Prefixado, para obter rendimentos com as diferenças de preço ao longo do tempo.

O mercado de juros é um mercado futuro, ou seja, comprador e vendedor negociam no presente a expectativa de uma taxa futura. O rendimento que o investidor ou fundo obtém com a negociação de títulos de juros é conhecido pela sigla em inglês yield. Por isso, a curva de juros também é chamada de yield curve.

Como ler a curva de juros?

A curva de precificação dos contratos futuros de DI pode ser vista pela ponta curta e pela longa, que indica as expectativas do mercado financeiro para o curto e o longo prazos, respectivamente. A parte conhecida como miolo da curva são títulos de médio prazo, geralmente com vencimento de dois anos à frente.

A subida ou descida dos juros é observada pela variação nas taxas desse título, geralmente todos os dias, em pontos-base em relação ao ajuste do dia anterior. Por exemplo, se um contrato de DI fechou a 10,00% num dia e está sendo negociado a 9,750% no outro, pode-se dizer que eles estão caindo 25 pontos-base.

Como é a remuneração dos contratos DI?

Quando falamos em títulos públicos, estamos falando de uma forma pela qual o governo busca recursos para se financiar, pagando juros para levantar esse dinheiro. Isso ocorre por meio dos títulos do Tesouro Nacional, que possuem diversas características próprias e formas de remuneração diferentes.

Cada título tem um Preço Unitário (PU), que varia de acordo com a taxa de juros da economia e, consequentemente, com a demanda por ele. Pode-se dizer que, quanto maior a procura por determinado título, menor é o juro que o remunera e maior é seu preço unitário. E isso vai interferir na chamada marcação a mercado dos títulos, que se expressa na curva de juros.

Dariamente a curva de juros se movimenta, assim como as ações ou o dólar, conforme a demanda pelos títulos de renda fixa, que por sua vez dançam ao sabor do sentimento do mercado em relação à conjuntura econômica. Quando há preocupações em torno da questão fiscal de um país, por exemplo, a curva de juros sobe.

Aqui, entra a tradicional lógica macroeconômica. O desarranjo nas contas públicas significa que o governo pode estar gastando muito, o que pressiona a inflação e demanda mais juros. Ao mesmo tempo, o investidor cobra mais prêmios para investir nos papéis de um país com problemas fiscais, devido ao aumento do risco de calote.

E o oposto também é verdade. A casa em ordem reduz a necessidade de juros e de prêmios de risco.

Como funcionam os títulos de juros?

Os contratos de DI são negociados na B3, a bolsa de valores brasileira, com o código DI1, seguido de uma letra, que corresponderá ao mês de vencimento, e pelos números do ano de vencimento. Por exemplo, o título DI1F24 é o DI com vencimento em janeiro de 2024, enquanto o DI1G24 vence em fevereiro de 2024 e o DI1F33 vence em janeiro de 2033. O mercado de juros futuros abre as negociações às 9h e fecha às 18h.

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