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Em dia de divulgação do PIB, entenda como funciona a fórmula usada por economistas

Para aprender a fazer uma leitura rápida do Produto Interno Bruto (PIB) sem ser formado em Economia, confira algumas dicas

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

05/03/2024 às 15:00

Por Luana Pavani, do Broadcast

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB), a cada três meses, vira manchete de jornal. O indicador representa o crescimento ou retração da economia de um país. Logo após a divulgação do PIB, os economistas refazem seus cálculos para inflação e taxa de juros. Mas como se dá a relação entre esses indicadores macroeconômicos?

A atividade econômica medida pelo PIB é vista por investidores como um elemento importante em suas decisões. A alocação de recursos em países que estão crescendo faz mais sentido no longo prazo do que o compromisso com grandes projetos em economias à beira da recessão, por exemplo.

Do ponto de vista da decisão de política monetária, os bancos centrais procuram estimular a atividade, no intuito de fazer o PIB crescer, baixando os juros. Com isso, famílias, empresas e governo tendem a consumir mais e os setores produtivos podem ter acesso a crédito mais barato para investir em maquinário e postos de trabalho para, ao final, elevar a produção e gerar mais riqueza. Entretanto, se a atividade está muito aquecida, há o risco de causar inflação. Nesse caso, a autoridade monetária eleva a taxa de juros para esfriar a atividade. Dados mais fortes da economia sugerem a necessidade de uma postura mais conservadora na condução dos juros.

Por isso, os economistas costumam ler o resultado do PIB de forma mais ampla, com seus prováveis impactos sobre juros e inflação.

Veja também: O que tem a ver inflação e taxa de juros

A fórmula do PIB

O primeiro passo para interpretar o resultado do PIB é conhecer seu cálculo:

PIB = C + I + G + X - M

Assim, o resultado, ou seja, o produto da economia de um país é dado pela soma do Consumo das famílias (C), mais o Investimento Privado (I), junto com o Gasto do governo (G) e o resultado da Balança Comercial, formado pelo valor das exportações (X) menos as importações (M).

  • O número é analisado sob três óticas: demanda, oferta e renda. Em outras palavras: quem gastou (famílias, empresas, governo), quem produziu (agronegócio, indústria, serviços e outros setores) e quem foi remunerado ao longo do período (salários, lucros e encargos).

Os relatórios de bancos e corretoras e as declarações de economistas quando comentam o resultado do PIB trazem as interrelações entre esses componentes, tentando explicar o cenário atual e o futuro.

O fator de consumo das famílias, por exemplo, sob a ótica da demanda, é um indicativo de inflação. Na comparação com o trimestre anterior, se há aumento em C pode ser que as famílias tenham conseguido comprar mais itens diante de uma ligeira queda da inflação. No caminho inverso, a queda em C levaria a se pensar que as taxas de juros estão muito altas, inibindo o consumo.

A leitura do PIB se dá pelo dado cheio e em cima de cada um dos componentes da equação. Assim, é possível analisar se o crescimento foi puxado pela indústria ou por serviços na ótica da atividade. Pelo lado da demanda, os economistas avaliam o consumo das famílias, se aumentou ou diminuiu. Outros dados importantes são a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que é a medida dos investimentos em relação ao PIB, e a conta de Importações, que leva em conta os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil em relação ao ritmo da economia mundial.

As commodities, por exemplo, podem ser afetadas pela leitura do PIB, uma vez que um país em crescimento tende a comprar ou produzir mais matérias-primas.

Com o resultado, os economistas também comparam o dado ao de outros países, para fazer suas análises de competição global.

Veja também: O que é meta de inflação e quais os principais índices de preços no Brasil?

PIB sempre cresce?

O cálculo do PIB deve ser comparado ao do trimestre anterior e ao ano anterior em termos porcentuais, para que essa diferença seja interpretada como aceleração ou desaceleração.

O pior cenário é o PIB se retrair, quando o país sofre um choque negativo ou extraordinário em algum componente da fórmula, como um conflito geopolítico de grandes proporções, como a Guerra na Ucrânia, que gerou quebra nas cadeias de suprimento globais de matérias-primas; ou uma crise sanitária, como foi a pandemia por covid-19, com reflexos na queda da atividade, no desemprego e fortes restrições de consumo nos períodos de "lockdown".

Na teoria econômica, se uma nação registra dois trimestres consecutivos de queda do PIB, tecnicamente entra em recessão. Para que a economia volte ao azul, o governo procura adotar medidas de estímulo, como subsídios aos setores produtivos e maiores gastos assistenciais, na intenção de que a atividade econômica retome seu curso normal. O banco central, por sua vez, pode usar o instrumento de baixar os juros para também incentivar a recuperação econômica, de modo a baratear o crédito e incentivar o consumo. Assim, novamente, os elementos PIB, inflação e juros voltam a se encontrar.

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