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fios de cobre enrolados

Mercado

Demanda por cobre deve crescer com projetos de transição energética, e Vale está de olho

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura3 minutos

13/07/2023 às 18:37

Atualizado em

13/07/2023 às 20:04

Por Luana Pavani e Juliana Garçon, do Broadcast

São Paulo, 13/07/2023 - A tão falada transição energética, tendência para a substituição de combustíveis fósseis com vistas à redução de emissão de gases poluentes causadores de efeito estufa, está na pauta dos acionistas da Vale. A mineradora busca um parceiro para sua área de metais básicos, que reúne os negócios de cobre e níquel, matérias-primas importantes para a fabricação de componentes da nova era da mobilidade, como baterias de carros elétricos, e equipamentos para transmissão de energias renováveis, como solar e eólica.

O cobre chama a atenção, pois os estoques mundiais estão em nível crítico, ao mesmo tempo em que o horizonte é de demanda crescente. A demanda dobrará ao longo dos próximos 20 anos, calcula a consultoria KPMG. Em 2030, o mercado demandará 28,4 milhões de toneladas e deve haver déficit de 5 milhões de toneladas. De olho nessa oportunidade, o Brasil deverá ver aporte de US$ 1,36 bilhão em projetos de cobre no ano que vem, estima a KPMG.

Num recorte mais largo, no período de 2023 e 2027, estão planejados investimentos de US$ 4,47 bilhões na exploração do metal no Brasil, conforme relatório do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). E os projetos de cobre são os que mais crescem no Brasil, segundo o Ibram. O setor mineral como um todo pretende aportar US$ 50 bilhões no país no período de 2023 a 2027. Em relação ao período anterior (2022-2026), os projetos que tiveram maiores incrementos em investimento são os de cobre, com alta de 255%; seguidos pelo níquel, com avanço de 60%; e o minério de ferro, com 24%.

Novos projetos

A Vale projeta produção entre 335 mil e 370 mil toneladas de cobre para 2023. Em linha com a demanda, está estudando novos projetos, ampliando a capacidade de suas minas e aumentando a produção - assim, deverá ter potencial para produzir cerca de 900 mil toneladas por ano após 2030. Para tanto, seriam necessários investimentos de US$ 20 bilhões, conforme apresentação a analistas e investidores no evento Vale Day, realizado em dezembro de 2022. Nesse sentido, a companhia planeja trazer um parceiro, que entre com uma fatia minoritária, de 10%, na unidade de metais básicos. O negócio ainda não foi confirmado, mas rumores dão conta de que há interesse do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF).

A companhia tem projetos de crescimento em avaliação no território nacional - a Mina do Alemão e o Hub Norte, em Carajás, no Pará - e no exterior, em Hu´u, na Indonésia. Em Carajás, a mineradora brasileira já produz concentrados de cobre nas operações de Sossego e Salobo. Neste ano, está aumentando a produção (processo conhecido como ramp up ) de Salobo 3, considerada uma mina de classe mundial, que deve atingir capacidade máxima em dezembro de 2024, adicionando entre 30 mil a 40 mil toneladas por ano. No Canadá, a Vale produz concentrados e cátodos de cobre, associados às operações de níquel, nas unidades de Voisey´s Bay, Thompson e Sudbury, que está em seu melhor momento desde o terceiro trimestre de 2017.

A Vale não informa a projeção de investimento ("guidance", em inglês) por segmento, mas a previsão anual é de US$ 6 bilhões a US$ 6,5 bilhões de 2024 a 2027, em todas as divisões, incluindo o minério de ferro, seu principal produto.

De qualquer maneira, a mineradora brasileira já está produzindo e vendendo mais cobre. No primeiro trimestre, a produção atingiu 67 mil toneladas, incremento de 18,4% na comparação anual, com a melhora no desempenho operacional da mina de Sossego e o ramp up de Salobo 3. As vendas avançaram 25% na comparação com o mesmo período de 2022.

Cobre para carros elétricos

Os veículos elétricos têm papel preponderante na demanda. Os modelos usam quatro vezes mais cobre que os convencionais, calcula a KPMG. Com o desequilíbrio, pode haver escassez e algum déficit já no ano que vem, diz Ricardo Marques, sócio líder de mineração da KPMG.

Mas os investimentos na América Latina têm potencial para cobrir, ao menos em parte, esse desequilíbrio. "É preciso pensar no timing dos investimentos. A transição energética exibiu uma rápida aceleração nos últimos anos, e a demanda ainda não estava capturada", afirma. O consultor lembra que o ciclo dos projetos é longo, podendo levar até dez anos, entre o mapeamento geológico e a operação, passando por sondagem, avaliação de amostras, comprovação de viabilidade, estudos econômicos, licenciamentos e instalação da mina. "O desafio do setor é equilibrar oferta e demanda. Quinze anos atrás, os preços estavam mais baixos, o que impactava a viabilidade de vários projetos. Isso mudou com a aceleração da transição energética", afirma.

Leia também o relatório com a análise do Setor de Siderurgia e Mineração de Julho, produzido pelos analistas do BB BI

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